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correu, adentrando ainda mais a floresta, tecendo em meio às árvores. Gritou o nome de Ella, rezando para que ouvisse uma resposta. Ella poderia estar em qualquer lugar; não havia um caminho evidente por onde ela pudesse ter seguido. Os bosques eram escuros e arrepiantes, as rajadas de vento sopravam fortes e as árvores pareciam abafar seus gritos. Ella podia ter caído em um barranco, ou tropeçado e batido a cabeça. Poderia ter sido apanhada por um vagabundo. Qualquer coisa poderia ter acontecido com ela.

      Cassie derrapou por trilhas cheias de musgos, tropeçando em raízes. Seu rosto estava arranhado em centenas de lugares e sua garganta doía de gritar.

      Eventualmente, ela parou, com a respiração ofegante. Seu suor parecia gelado e pegajoso na brisa. O que deveria fazer agora? Estava começando a escurecer. Não poderia gastar mais tempo procurando ou colocaria todos em perigo. O viveiro era seu porto de escala mais próximo, se ainda estivesse aberto. Poderia parar lá, contar ao vendedor o que tinha acontecido e pedir que ele ligasse para a polícia.

      Demorou muito para que ela, depois de algumas voltas erradas, refizesse seus passos. Rezou para que os outros estivessem lhe esperando sãos e salvos. E esperava mais que tudo que Ella tivesse encontrado o caminho de volta.

      Mas, ao chegar à clareira, Antoinette estava amarrando folhas em uma corrente, e Marc estava enrolado nos casacos, adormecido.

      Nada de Ella.

      Imaginou a tempestade de raiva quando retornassem. Pierre ficaria furioso, com justificativa. Margot poderia estar simplesmente perversa. Lanternas brilhariam na noite enquanto a comunidade caçaria por uma garota perdida, ferida, ou pior, como resultado de sua negligência. Era sua culpa e seu fracasso.

      O horror da situação a soterrou. Desabou contra uma árvore e enterrou seu rosto nas mãos, tentando desesperadamente controlar seus soluços.

      E então Antoinette disse, em uma voz prateada. – Ella? Pode sair agora!

      Cassie olhou para cima, encarando com descrença enquanto Ella escalava de trás de um tronco caído, removendo folhas de sua saia.

      – O quê? – Sua voz era rouca e trêmula. – Onde você estava?

      Ella sorriu, feliz.

      – Antoinette disse que estávamos brincando de esconde-esconde e eu não deveria sair quando você chamasse, ou eu perderia. Estou com frio agora… Pode me dar meu casaco?

      Cassie sentiu-se espancada pelo choque. Não acreditava que alguém seria capaz de imaginar um cenário assim por pura maldade.

      Não era apenas a crueldade, mas o cálculo de suas ações que gelaram Cassie. O que estava levando Antoinette a atormentá-la, e como ela poderia impedir que acontecesse no futuro? Não poderia esperar apoio nenhum dos pais. Ser legal não tinha funcionado, e raiva apenas entregaria o ouro às mãos de Antoinette. A garota segurava todas as cartas, e sabia.

      Agora, eles retornariam para casa imperdoavelmente tarde, não tendo contado a ninguém onde tinham ido. As crianças estavam enlameadas, famintas, com sede e exaustas. Ela temia que Antoinette tivesse feito mais do que o suficiente para que ela fosse instantaneamente demitida.

      Foi uma longa, fria e desconfortável caminhada de volta ao castelo. Ella insistiu em ser carregada por todo o caminho, e os braços de Cassie tinham praticamente cedido quando eles chegaram a casa. Marc se arrastava atrás, resmungando, cansado demais para fazer mais do que vez ou outra atirar pedras nos pássaros nas sebes. Até mesmo Antoinette parecia não ter prazer em sua vitória, caminhando pesarosamente, carrancuda.

      Quando Cassie bateu na imponente porta de entrada, ela foi aberta imediatamente. Margot a encarava, ruborizada de raiva.

      – Pierre! – ela gritou. – Finalmente eles estão aqui.

      Cassie começou a tremer ao ouvir o pisotear furioso de pés.

      – Onde, em nome do diabo, vocês estavam? – Pierre berrou. – Que irresponsabilidade é essa?

      Cassie engoliu duro.

      – Antoinette queria ir até o bosque. Então saímos para uma caminhada.

      – Antoinette... O quê? O dia inteiro? Por que diabos você deixou que ela fizesse isso, e por que não obedeceu às suas instruções?

      – Que instruções? – Encolhendo-se da ira dele, Cassie desejava fugir e se esconder, como fizera quando tinha dez anos e seu pai entrava em uma das fúrias dele. Olhando para trás, viu que as crianças sentiam exatamente o mesmo. Seus rostos acometidos e aterrorizados deram a ela a coragem que precisava para continuar encarando Pierre, mesmo que suas pernas tremessem.

      – Deixei um bilhete na porta do seu quarto – com esforço, ele falou em uma voz mais normal. Talvez ele também tivesse notado as reações das crianças.

      – Eu não encontrei nenhum bilhete – Cassie olhou de relance para Antoinette, mas os olhos dela estavam voltados para baixo e seus ombros curvados.

      – Antoinette deveria se apresentar em um recital de piano em Paris. Um ônibus chegou para pegá-la às oito e meia, mas ela tinha sumido. E Marc tinha treino de futebol na cidade ao meio-dia.

      Um nó gelado apertou-se no estômago de Cassie conforme ela percebeu quão sérias eram as consequências de suas ações. Decepcionara Pierre, e outros, da pior forma possível. Este dia deveria ter sido um teste de suas capacidades de organizar o cronograma das crianças. Em vez disso, eles haviam saído em uma excursão não planejada para o meio do nada e perdido atividades importantes. Se ela fosse Pierre, também estaria lívida.

      – Sinto muito – ela balbuciou.

      Ela não ousou contar a Pierre abertamente que as crianças tinham a enganado, mesmo que estivesse certa de que ele suspeitava disso. Se contasse, eles poderiam acabar sofrendo o impacto da fúria dele.

      Um gongo soou da sala de jantar e Pierre olhou para o seu relógio.

      – Falaremos disso mais tarde. Prepare-os para o jantar agora. Rápido, ou a comida vai esfriar.

      “Rápido” era mais fácil falar do que fazer. Demorou mais de meia hora, e mais lágrimas, até que Marc e Ella estivessem banhados e em seus pijamas. Felizmente, Antoinette estava em seu melhor comportamento e Cassie se perguntou se ela estaria se sentindo sobrecarregada pelas consequências de suas ações. Quanto a si mesma, Cassie estava entorpecida após a catástrofe em que seu dia se transformara. Meio encharcada após banhar as crianças, ela não teve tempo para tomar banho. Vestiu uma blusa seca e os vergões em seus braços se incendiaram outra vez.

      Eles desceram as escadas, em tropa, desconsolados.

      Pierre e Margot estavam esperando no pequeno salão ao lado da sala de jantar. Margot bebericava uma taça de vinho enquanto Pierre reabastecia-se de conhaque e soda.

      – Finalmente estamos prontos para comer – Margot observou sucintamente.

      O jantar foi uma caçarola de peixe, e Pierre insistiu que as duas crianças maiores servissem a si mesmas, apesar de permitir que Cassie ajudasse Ella.

      – Eles devem aprender etiqueta cedo – ele disse, prosseguindo a instrui-los no protocolo correto durante todo o jantar.

      – Coloque o guardanapo no colo, Marc. Não amarrotado no chão. E seus cotovelos devem ficar para dentro; Ella não quer ser cutucada dos lados enquanto você está comendo.

      O ensopado era rico e delicioso, e Cassie estava faminta, mas a alocução de Pierre era suficiente para tirar a fome de qualquer um. Ela restringiu-se a pequenas e delicadas bocadas, olhando de relance para Margot para checar se estava fazendo as coisas no modo francês apropriado. As crianças estavam exaustas, incapazes de compreender o que o pai delas dizia, e Cassie se pegou desejando que Margot dissesse a Pierre que agora não era uma boa hora para minúcias.

      Ela perguntou-se se os jantares haviam sido diferentes quando Diane estava viva, e o quanto a dinâmica havia mudado após a chegada de Margot. Sua própria mãe havia mantido o controle firme no conflito,

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