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dedos na bochecha direita, mas tampouco havia dor.

      Com firmeza, Cassie disse a si mesma para parar de se preocupar com os detalhes. Ela não podia estar pensando com clareza depois de um baque duro na cabeça e uma possível concussão. Margot definitivamente tinha a ameaçado, mas a própria imaginação de Cassie poderia ter conjurado o golpe em si. Afinal de contas, ela estivera exausta, desorientada, e tinha emergido diretamente da agonia de um pesadelo.

      Seus pensamentos foram interrompidos por Marc exigindo o café da manhã, e ela serviu suco de laranja para as crianças, pegando comida nas bandejas. Ella insistiu em pegar até o último pedaço de presunto e queijo, então Cassie se virou com um croissant de geleia e frutas fatiadas.

      Margot drenou seu café em silêncio, olhando pela janela. Pierre folheou um jornal enquanto terminava sua torrada. Os cafés da manhã seriam sempre tão silenciosos? Cassie se perguntou. Nenhum dos pais mostrou qualquer desejo de interagir com ela, com as crianças, ou um com o outro. Será que era por que ela estava em apuros?

      Talvez ela devesse iniciar uma conversa e esclarecer as coisas. Precisava se desculpar formalmente por sua demora em chegar à Ella, mas não achava que sua punição tinha sido justa.

      Cassie compôs suas palavras cuidadosamente em sua cabeça.

      “Eu sei que demorei a tomar conta da Ella ontem à noite. Não a ouvi chorando, mas da próxima vez deixarei a porta do meu quarto aberta. Contudo, não sinto que fui tratada de forma justa. Fui ameaçada e abusada, e recebi duas advertências seguidas em apenas alguns minutos, então será que podemos discutir algumas das regras da casa?”

      Não, aquilo não serviria. Era muito direto. Ela não queria parecer antagônica. Precisava de uma abordagem mais suave, uma que não tornaria Margot uma inimiga ainda maior.

      “Não está uma manhã agradável?”

      Sim, este definitivamente seria um bom começo, traria um ângulo positivo à conversa. E, a partir daí, poderia conduzi-la na direção do que realmente queria dizer.

      “Eu sei que fui lenta para cuidar da Ella ontem à noite. Não a ouvi chorar, mas da próxima vez deixarei a porta do quarto aberta. Contudo, eu gostaria de discutir algumas regras da casa agora, em termos de como tratamos um ao outro e quando advertências devem ser dadas, para garantir que possa fazer o melhor trabalho”.

      Cassie limpou a garganta, nervosa, e baixou seu garfo.

      Mas quando ela estava prestes a falar, Pierre dobrou o jornal e levantou-se com Margot.

      – Tenham um bom dia, crianças – Pierre disse ao saírem da sala.

      Cassie olhou fixamente, confusa. Ela não tinha ideia do que fazer agora. Fora dito a ela que as crianças deveriam estar prontas às oito horas – mas para quê?

      Melhor que corresse atrás de Pierre para checar. Foi até a porta, mas ao chegar lá quase colidiu com uma mulher de aparência agradável em um uniforme de empregada, carregando uma bandeja de comida.

      – Opa. Pronto. Salvei – ela endireitou a bandeja e deslizou as fatias de presunto de volta para o lugar. – Você é a nova au pair, certo? Sou Marnie, a governanta-chefe.

      – Prazer em te conhecer – Cassie disse, percebendo que esse era o primeiro rosto sorridente que vira o dia todo. Depois de se apresentar, disse – Eu estava indo perguntar ao Pierre o que as crianças precisam fazer hoje.

      – Tarde demais. Ele já terá partido; eles estavam indo direto para o carro. Ele não deixou nenhuma instrução?

      – Não. Nada.

      Marnie repousou a bandeja e Cassie deu mais queijo a Marc, servindo-se avidamente de torradas, presunto e um ovo cozido. Ella estava se recusando a comer a pilha de comida em seu prato, irritada ao empurrá-la de um lado para o outro com seu garfo.

      – Talvez possa perguntar para as próprias crianças – Marnie sugeriu. – Antoinette saberá se existe algo programado. Mas aconselho esperar que ela termine de tocar piano. Ela não gosta que atrapalhem sua concentração.

      Era sua imaginação ou Marnie tinha revirado os olhos com as palavras? Encorajada, Cassie perguntou-se se poderiam se tornar amigas. Precisava de uma aliada nesta casa.

      Mas não havia tempo para forjar uma amizade agora. Marnie claramente tinha pressa, recolhendo os pratos vazios e louças sujas enquanto perguntava à Cassie se havia algum problema com seu dormitório. Cassie rapidamente explicou os problemas e, depois de prometer trocar os cobertores e trocar a lâmpada antes do almoço, a governanta foi embora.

      O som do piano cessara, então Cassie se dirigiu à sala de música perto do hall de entrada.

      Antoinette estava guardando as partituras. Ela virou-se e encarou Cassie com cautela quando ela entrou. Imaculadamente vestida, ela usava um vestido azul real. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e seus sapatos estavam perfeitamente lustrados.

      – Você está linda, Antoinette, a cor deste vestido é tão bonita – Cassie disse, esperando que elogios lhe encarecessem à garota hostil. – Vocês tem algo planejado para hoje? Alguma atividade ou outra coisa programada?

      Antoinette fez uma pausa, pensativa, antes de sacudir a cabeça.

      – Nada hoje – ela disse de forma decisiva.

      – E quanto ao Marc e a Ella, eles precisam ir para algum lugar?

      – Não. Amanhã, Marc tem treino de futebol – Antoinette fechou o tampo do piano.

      – Bem, tem alguma coisa que você gostaria de fazer agora? – Talvez permitir que Antoinette escolhesse ajudaria na criação de um laço entre elas.

      – Poderíamos caminhar pelo bosque. Todos nós gostamos de fazer isso.

      – Onde ficam os bosques?

      – A uns dois ou três quilômetros daqui, pela estrada – a menina morena indicou vagamente. – Podemos partir imediatamente. Eu te mostro o caminho. Só preciso trocar minhas roupas.

      Cassie havia presumido que o bosque ficasse dentro da propriedade e foi pega de surpresa pela resposta de Antoinette. Mas uma caminhada pelo bosque parecia uma atividade saudável e agradável ao ar livre. Cassie tinha certeza de que Pierre aprovaria.

      *

      Vinte minutos depois, estavam prontos para sair. Cassie olhou dentro de todos os quartos enquanto acompanhava as crianças até o andar de baixo, esperando ver Marnie ou outra pessoa da equipe de governança para dizer a eles onde estava indo.

      Não viu ninguém e não tinha ideia de onde começar a procurar. Antoinette estava impaciente para sair, pulando de um pé para o outro com empolgação, portanto Cassie decidiu que fazer a vontade do bom-humor dela era mais importante, especialmente considerando que não ficariam fora por muito tempo. Desceram pelo caminho de cascalho com Antoinette os conduzindo.

      Atrás de um enorme carvalho, Cassie viu um bloco de cinco estábulos – ela havia os notado quando chegara, no dia anterior. Aproximou-se para ver mais de perto, descobrindo que eles estavam vazios e escuros, as portas abertas. O campo adiante estava desocupado, as grades de madeira quebradas em alguns pontos e o portão pendurado pelas dobradiças, a grama crescendo alta e selvagem.

      – Vocês têm cavalos aqui? – perguntou a Antoinette.

      – Já tivemos, muitos anos atrás, mas não temos nenhum há muito tempo – ela respondeu. – Ninguém de nós cavalga mais.

      Cassie encarou os estábulos desertos enquanto absorvia esta bomba inesperada.

      Maureen havia lhe dado informações errôneas e seriamente ultrapassadas.

      Os cavalos tinham desempenhado um papel em sua decisão de vir para cá. Fora um incentivo. Ouvir sobre eles tinha feito o lugar parecer melhor, mais atrativo, mais vivo. Mas eles não tinham estado aqui há muito tempo.

      Durante a entrevista, Maureen tinha

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