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mordeu o lábio como se refletisse se deveria ou não se abrir. Ela nitidamente decidiu não esconder as coisas e foi direto ao assunto. "É Harry. Estamos tendo discussões".

      "Ah", disse Emily, com tristeza. "Que chato. Eu sinto muito".

      Amy estremeceu e arrumou o cabelo loiro e brilhoso, num corte bob, atrás das orelhas. "É inevitável, não é? A distância. O fato de sermos de mundos diferentes. Quero dizer, eu brinco com as coisas sendo como em Nova York, mas elas não poderiam ser mais diferentes. Eu só não sei se posso me comprometer a morar aqui. Como você fez isso?"

      Emily ponderou a questão. "Sinceramente, acho que a cidade de Nova York não tinha mais nada para me oferecer".

      "Ah, obrigada", disse Amy, com um beicinho.

      "Eu não estou me referindo a você!" Emily exclamou, retrocedendo. "Quero dizer, em relação à carreira e relacionamentos. Minha relação com mamãe era terrível. Ben era um idiota e parecia certo fugir. Vir para cá me obrigou a confrontar muitas coisas. Você sabe, sobre o meu pai e a morte de Charlotte. Só fazia sentido que eu me encontrasse aqui. Então, Daniel apareceu". Ela sorriu internamente ao lembrar quando o conheceu pela primeira vez. Da hesitação que sentiu, da resistência em se deixar apaixonar por alguém novo. Mas os riscos haviam valido a pena.

      "Então, basicamente, você está dizendo que eu preciso arrumar uma casa antiga, começar um negócio e me encontrar", disse Amy, com uma risadinha.

      "E se apaixonar", acrescentou Emily. "Então, menos um item da lista".

      Amy suspirou. "Eu sei. Isso só dificulta. Eu não quero jogar fora o que tenho com Harry, mas não sei se posso ser feliz aqui".

      Emily segurou a mão da amiga. "Isso é por causa do que aconteceu com Fraser? Eu realmente não quero que uma experiência ruim atrapalhe. Porque eu tenho certeza que sabe que é completamente diferente desta vez. O que há entre você e Harry é mil vezes melhor do que o que havia entre você e Fraser".

      "Será mesmo?" Amy falou, com uma voz tensa. "Pelo menos, Fraser e eu éramos do mesmo mundo. Nós queríamos coisas parecidas. Viagens, carreiras e um patrimônio. Filhos, mas haveria uma babá para ajudar, obviamente. Harry é o oposto disso. Ele é... eu não sei. Rústico? Ele é..."

      ".... ele é Sunset Harbour", Emily disse, assentindo com decisão. Ela sabia exatamente o que Amy estava tentando dizer. "Mas eu preciso te lembrar que Fraser era uma cilada? Harry é diferente. Ele é honesto, gentil e fiel. Isso é o que você ganha com um homem de Sunset Harbour".

      Joe chegou com os waffles e o café de Emily. As duas amigas se serviram e continuaram a conversa.

      "A questão é", Amy acrescentou, "você nunca teve que se preocupar com essas coisas. Tipo, você e Daniel não precisaram debater sobre longa distância ou sobre quem iria para onde. Sempre seria aqui. Mas Harry e eu parecemos falar sobre isso sem parar. Poderíamos continuar namorando a distância? Posso realmente deixar minha vida para trás, minha empresa, por um homem? É contra tudo que eu acredito!"

      Emily sorriu e suspirou. "Amy, isso é realmente o que está te segurando? Ou é outra coisa?"

      Amy mastigou seu waffle lentamente. "Sinceramente, não sei. Estou muito indecisa".

      "Você acha que pode estar com medo?" Emily perguntou. "Eu sei que você não se assusta, que você é uma empresária confiante e sensata, mas há apenas uma pequena chance de que talvez você esteja com medo porque Harry te ama e pode ser o homem certo, e que, se você se mudar para cá e correr esse risco, poderá ser feliz?"

      "Acho que sim", Amy disse. "Mas não estou com medo de ser feliz. Tenho medo de ser apenas... mais ou menos. De… me entediar".

      Ela olhou para Emily com uma expressão de desculpas. Emily sabia que Amy estava sugerindo que a vida em Sunset Harbor era entediante, mas não ligou. Não trocaria a cidade por nada no mundo. Se isso fosse chato, ela preferia a uma vida empolgante!

      "Talvez eu devêsse voltar um pouco para a cidade grande", Amy disse. "Limpar a mente. Conferir como vão meus negócios. Lembrar-me de minhas raízes, sabe?"

      "Se você acha que vai ajudar", Emily disse. Ela pegou um pedaço de waffle e colocou na boca. "Cara, faz séculos que não vou para Nova York".

      Os olhos de Amy se arregalaram. "Ai, meu Deus! Venha comigo!"

      Emily olhou para ela, surpresa. "Humm..."

      "Por favor, Em", Amy acrescentou. "Podemos passar um fim de semana prolongado juntas. Vou fazer um novo chá de bebê para você, já que o último foi um fracasso".

      Emily corou quando se lembrou de como tinha fugido apressadamente do chá de bebê que Amy havia preparado para ela. Ela não pôde deixar de hesitar.

      "Por favor, por favor, por favor", Amy continuou. "Você merece uma folga. E a correria do verão já passou. Tenho certeza de que a pousada pode sobreviver sem você por alguns dias". Amy estalou os dedos. "E se fizermos o chá de bebê em Nova York, sua mãe pode vir!"

      Amy se encolheu imediatamente. "Ok, agora, eu definitivamente não quero ir", ela disse, lembrando a imensa briga que ela e Patricia tiveram na última vez que se viram. Na verdade, toda vez que se viam.

      "Em," Amy falou, com um tom maternal. "Ela será avó pela primeira vez. Quanto tempo vai durar essa rusga entre vocês?"

      "Para sempre", disse Emily, sombria. "Você conhece minha mãe, não é?" ela acrescentou ironicamente.

      Mas quando pensou melhor, percebeu que havia uma coisa muito importante que precisava falar com sua mãe, algo que não podia ser feito por telefone. A doença de Roy. Ela precisava saber.

      "Na verdade", disse Emily, estou devendo uma viagem a Nova York. Talvez minha mãe seja mais fácil de lidar em seu próprio território".

      Amy bateu palmas. "Mesmo? Este fim de semana?"

      Emily deu de ombros. "Pode ser".

      Quando seria um bom momento para contar à sua mãe que seu ex-marido iria morrer? Parecia não haver uma solução para Emily, então, o final de semana que se aproximava era tão bom quanto qualquer outro.

      Amy pulou em seu assento, animada. "Será muito divertido. Vou dizer a Harry".

      Ela pegou o celular e digitou o número dele. Ao mesmo tempo, o celular de Emily começou a tocar.

      Ela o tirou do bolso e atendeu ao mesmo tempo que Amy. Realmente, era como os velhos tempos, quando elas moravam em Nova York!

      "É a Sra. Morey?" perguntou a voz do outro lado.

      "Sim, quem fala?"

      "É a Srta. Butler, a professora de Chantelle. Desculpe incomodá-la, mas houve um incidente. Eu acho que a senhora deveria vir até aqui".

      Emily deu um salto. "Que tipo de incidente? Chantelle está bem? Ela está ferida?"

      "Ela está bem", respondeu a Srta. Butler. "Foi um incidente comportamental".

      Emily franziu a testa. O poderia ser?

      "Estou a caminho", disse ela, desligando o celular e jogando-o na bolsa.

      Amy estava conversando com Harry ao telefone, mas ela olhou para Emily, usando suas incríveis habilidades multitarefa para manter uma conversa sem palavras com a amiga, sem perder o ritmo do telefonema.

      "Chantelle", Emily mexeu os lábios, mas não emitiu nenhum som. "Escola". Ela imitou um movimento de dirigir. Daniel estava com o carro, então, Amy era sua única maneira de chegar lá.

      Amy assentiu e apontou para seus waffles. Elas mal tinham comido alguma coisa. Mas Emily sacudiu a cabeça. Ela tinha que ir agora mesmo.

      Sem questionar, Amy se levantou, pegou sua bolsa e, ainda conversando com Harry, saiu da lanchonete em direção ao carro, com Emily a reboque.

      Enquanto iam, Emily esperava que tudo desse certo entre Amy e Harry, porque era em momentos como aquele, quando

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