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      "E quanto aos balões de ar quente?", uma voz desafiadora veio de trás. "Eles não funcionam dessa maneira, mas ainda assim voam".

      Oliver se virou, procurando pelo dono da voz. Era um garoto mal encarado, com sobrancelhas escuras e espessas, covinha no queixo, que havia se juntado a Paul para jogar as bolas de papel.

      "Bem, aí está em ação uma lei completamente diferente", Oliver explicou. "O balão voa porque o ar quente sobe. Os irmãos Montgolfier, que inventaram o balão de ar quente, perceberam que, se você prender o ar dentro de algum tipo de invólucro, como um balão, ele se torna flutuante devido à menor densidade do ar quente em comparação com o ar frio do lado de fora".

      O menino apenas pareceu mais irritado com a explicação de Oliver. "Bem, e os foguetes?", Ele desafiou ainda mais. "Eles não têm invólucro, ou seja o que for que você acabou de dizer. Mas sobem. Como eles funcionam, CDF?"

      Oliver apenas sorriu. "Isso remete novamente à terceira lei sobre movimento de Isaac Newton. Só que nesse caso a força é a propulsão, não o lift, ou sustentação. Propulsão é a mesma coisa que move um trem a vapor. Uma grande explosão em uma extremidade produz uma reação oposta de propulsão. Só que, com um foguete, é preciso chegar ao espaço, então a explosão tem que ser muito grande".

      Oliver podia se sentir cada vez mais animado quando falava sobre essas coisas. Mesmo que todas as crianças estivessem olhando para ele como se ele fosse uma aberração, não se importava.

      Ele se virou para a frente da sala. Ali, sorrindo orgulhosamente, estava a Srta. Belfry.

      "E você sabe o que todos esses inventores tinham em comum?", ela perguntou. "Os Montgolfiers e os Wrights e Robert Goddard, que lançaram o primeiro foguete movido a propelente líquido? Eu vou te dizer o quê. Eles fizeram coisas que a maioria dizia ser impossível! Suas invenções eram malucas. Imagine alguém dizendo que poderíamos usar os mesmos princípios das antigas catapultas chinesas para lançar um homem no espaço! E, no entanto, eles se tornaram inventores revolucionários, cujas invenções mudaram o mundo e toda a trajetória da humanidade!"

      Oliver sabia que ela estava falando com ele, dizendo-lhe que não importava o que as pessoas fizessem ou dissessem, ele nunca deveria ser intimidado a ficar em silêncio.

      Então algo notável aconteceu. Em resposta à paixão e entusiasmo da Srta. Belfry, a turma ficou em silêncio. Não o silêncio tenso de um ataque latente, mas o silêncio humilde de ter aprendido algo inspirador.

      Oliver sentiu um nó no estômago. A Srta. Belfry era realmente uma professora incrível. Ela era a única pessoa que havia demonstrado um nível de animação parecido ao que ele tinha pela física, ciência e inventores, e sua animação até conseguiu silenciar seus colegas turbulentos, ainda que apenas temporariamente.

      Nesse momento, uma enorme rajada de vento fez as vidraças chacoalharem. Todos pularam em uníssono e viraram os olhos para o céu cinzento do lado de fora.

      "Parece que a tempestade chegará em breve", disse ela.

      Assim que disse isso, a voz do diretor surgiu pelo alto-falante.

      "Alunos, acabamos de receber um aviso do Serviço Nacional de Meteorologia. Esta será a tempestade do século, algo que nunca vimos antes. Realmente não sabemos o que esperar. Então, por questões de segurança, o prefeito mandou cancelar as aulas de hoje.

      Todos começaram a gritar animadamente e Oliver se esforçou para ouvir as últimas palavras do anúncio do diretor.

      "A tempestade deve chegar em uma hora. Existem ônibus lá fora. Por favor, vão direto para casa. O aviso oficial é não sair quando a tempestade chegar, em aproximadamente uma hora. Este é um aviso que vale para toda a cidade, então, seus pais estão esperando por vocês em casa. Qualquer um que for pego desobedecendo as instruções será suspenso".

      Ao redor de Oliver, ninguém parecia se importar. Tudo o que ouviram foi que as aulas foram suspensas e agora queriam aproveitar ao máximo. Pegaram seus livros e correram para fora da sala de aula como uma debandada de búfalos.

      Oliver recolheu suas coisas mais devagar.

      "Você se saiu muito bem hoje", disse a Srta. Belfry enquanto colocava todos os seus pequenas modelos em sua bolsa. "Poderá chegar em casa bem?" ela parecia preocupada com o bem-estar dele.

      Oliver assentiu para tranquilizá-la. "Eu vou pegar o ônibus com todos os outros", disse ele, percebendo que isso significava uma longa viagem com Chris. Ele estremeceu.

      Oliver colocou a alça de sua mochila por cima do ombro e seguiu o resto das crianças até o lado de fora. O céu estava tão escuro que parecia preto. Muito sinistro.

      De cabeça baixa, Oliver começou a andar em direção ao ponto de ônibus. Mas então, ele viu algo atrás de si, algo muito mais assustador do que uma nuvem negra de tempestade tropical: Chris. E correndo ao lado dele estavam seus comparsas.

      Oliver se virou e fugiu. Foi direto para o primeiro ônibus na fila. O veículo estava abarrotado de crianças e prestes a partir. Sem nem mesmo verificar para onde estava indo, Oliver se jogou a bordo.

      Bem na hora. O mecanismo assobiou e a porta se fechou atrás dele. Uma fração de segundo depois, Chris apareceu do outro lado, encarando-o ameaçadoramente. Seus comparsas se aproximaram e todos ficaram olhando para Oliver pela porta, que na verdade não passava de um fino escudo de vidro protetor.

      O ônibus partiu, afastando Oliver de seus rostos ferozes.

      Ele ficou olhando pela janela enquanto o ônibus se afastava e começava a acelerar. Para tristeza de Oliver, Chris e seus amigos entraram direto no ônibus que vinha atrás. O veículo também se afastou do colégio, seguindo-o de perto.

      Oliver engoliu em seco, em pânico. Com Chris e seus amigos a apenas um ônibus de distância, ele sabia que, se o vissem sair, eles também desceriam. Então o atacariam e ele seria esmurrado. Ele mordeu o lábio com preocupação, sem saber o que fazer. Se ao menos sua capa de invisibilidade realmente existisse. Agora seria a hora de usá-la!

      Com um trovão enorme, o céu pareceu abrir. A chuva desceu em cascata e raios rasgavam o céu. O temporal chegou em menos de uma hora, Oliver pensou. Já estava em cima deles.

      O ônibus avançava perigosamente pela estrada. Oliver agarrou o apoio de metal, apertado entre as crianças que estavam em pé ao seu redor. Repentinamente, as coisas tinham passado de sinistras a assustadoras.

      Outro raio relampejou pelo céu. Algumas crianças no ônibus gritaram de medo.

      Oliver percebeu então que talvez pudesse usar a tempestade a seu favor. Como descer em sua própria parada estava fora de questão, já que os amigos de Chris estavam de tocaia, ele teria que sair sem ser notado. Se misturar com a multidão. E com a chuva e a desorientação geral, isso poderia ser possível.

      Naquele exato momento, o ônibus parou devagar. Um grande grupo de crianças avançou para a porta. Oliver olhou em volta e viu que estava apenas nos arredores da vizinhança boa, que parecia ser onde a maioria dos alunos do Colégio Campbell morava. Oliver não conhecia o bairro muito bem, mas tinha uma vaga ideia de onde estava em relação a sua casa.

      Então, seguiu o grupo, saltando do ônibus em uma parada desconhecida. A chuva os atacou furiosamente. Ele tentou ficar com os outros alunos, mas, para seu desespero, todos se dispersaram em diferentes direções rapidamente, para escapar do temporal. Antes que Oliver pudesse piscar, se viu de pé na calçada, completamente exposto.

      Nem um segundo depois, o segundo ônibus parou. Oliver viu Chris através da janela embaçada. E Chris também o viu, porque começou a apontar com entusiasmo e gritar alguma coisa para seus amigos. Oliver não precisava de um intérprete para saber o que os gestos do irmão significavam. Ele estava vindo atrás dele.

      Oliver correu.

      Ele não tinha muita ideia de onde estava, mas correu de qualquer maneira, seguindo na direção de onde vagamente achava ficar a sua casa.

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