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disponível: podem puxar suas calças, empurrá-lo, sufocá-lo e, o que eu mais gosto de fazer", Chris continuou. Ele agarrou Oliver e pressionou os nós dos dedos em sua cabeça. "Podem lhe dar muita dor de cabeça".

      Oliver se contorceu e se debateu para se soltar das garras de Chris. Preso naquele horrível e doloroso "abraço", lembrou-se dos poderes de ontem, do momento em que quebrou a perna da mesa e cobriu o colo de Chris com batatas. Se soubesse como havia manisfetado esses poderes, poderia fazer isso agora e se libertar. Mas não tinha ideia de como havia feito aquilo. Tudo o que ele fez foi visualizar mentalmente a mesa quebrando, e o soldado de plástico voando pelo ar. Só precisava disso? De sua imaginação?

      Ele tentou agora, imaginando-se numa luta livre com Chris. Mas não funcionou. Com os novos amigos de Chris assistindo, rindo, ele estava muito sintonizado com a realidade de sua humilhação para transferir sua mente para o mundo da imaginação.

      Finalmente, Chris o soltou. Oliver cambaleou para trás, esfregando a cabeça dolorida. Ele deu um tapinha no cabelo, que havia se tornado frisado com a estática. Mas mais do que a humilhação do bullying de Chris, Oliver sentiu a pontada de desapontamento por não conseguir usar seus poderes. Talvez a coisa toda da mesa da cozinha fosse apenas uma coincidência. Talvez ele não tenha nenhum poder especial.

      A garota que estava ao lado de Chris falou. "Mal posso esperar para conhecê-lo melhor, Oliver". Falou com uma voz ameaçadora que, Oliver percebeu, queria dizer o contrário.

      Ele estava preocupado com os valentões. É claro que deveria ter antecipado que o pior de todos seria seu irmão.

      Oliver passou por Chris e seus novos amigos e foi para a fila do almoço. Com um suspiro triste, pegou um sanduíche de queijo da geladeira e se dirigiu, de coração pesado, para o banheiro. O banheiro era o único lugar em que se sentia seguro.

      *

      A próxima aula de Oliver depois do almoço era Ciências. Ele vagou pelos corredores procurando a sala correta, seu estômago revirando com a certeza de que seria tão ruim quanto suas duas primeiras aulas.

      Quando encontrou a sala, bateu na janela. A professora era mais nova do que ele estava antecipando. Os professores de ciências que havia tido até agora tendiam a ser velhos e um pouco estranhos, mas Belfry parecia mais lúcida. Ela tinha cabelos castanhos claros compridos e lisos, quase da mesma cor de seu vestido de algodão e cardigã. Ela se virou quando ouviu-o bater na porta e sorriu, mostrando covinhas nas duas bochechas, e fez sinal para ele entrar. Oliver abriu a porta timidamente.

      "Olá", disse a Srta. Belfry, sorrindo. "Você é Oliver?"

      Oliver assentiu. Embora fosse o primeiro a chegar, sentiu-se, de repente, muito tímido. Pelo menos esta professora parecia estar esperando por ele. Que alívio.

      "Estou muito feliz em conhecê-lo", disse a Srta. Belfry, estendendo a mão para ele apertar.

      Aquilo tudo era muito formal e não era o que Oliver estava esperando, considerando o que tinha experimentado do Colégio Campbell até agora. Mas apertou a mão dela. Ela tinha uma pele muito macia e seu comportamento amigável e respeitoso deixava-o à vontade.

      "Você teve a chance de ler agluma coisa do material?", a professora perguntou.

      Os olhos de Oliver se arregalaram e ele sentiu um pouco de pânico. "Eu não sabia que havia algo para ler".

      "Tudo bem", disse a Srta. Belfry, tranquilizando-o com seu sorriso amável. "Não se preocupe. Estamos aprendendo sobre cientistas neste semestre, e sobre algumas figuras históricas importantes. Ela apontou para um retrato em preto e branco na parede. "Este é Charles Babbage, ele inventou a..."

      "...calculadora", Oliver terminou.

      A Sra. Belfry sorriu e bateu palmas. "Você já sabe?"

      Oliver assentiu. "Sim. E ele também é frequentemente mencionado como o pai do computador, uma vez que foram seus projetos que levaram à sua invenção". Ele olhou para a próxima foto na parede. "E esse é James Watt", disse. "O inventor do motor a vapor".

      A Srta. Belfry assentiu. Ela parecia emocionada. "Oliver, já posso ver que vamos nos dar bem".

      Só então, a porta se abriu e os colegas de Oliver entraram. Ele engoliu em seco, sua ansiedade retornando numa velocidade enorme.

      "Por que você não se senta?" sugeriu a professora.

      Ele assentiu e correu para a carteira mais próxima da janela. Se tudo ficasse insuportável, pelo menos ele poderia olhar para fora e se imaginar em outro lugar. Dali, ele tinha uma excelente vista da vizinhança, de todos os pedaços de lixo e folhas de outono que sopravam ao vento. As nuvens pareciam ainda mais escuras do que naquela manhã. Isso realmente não ajudou a diminuir a sensação de mau presságio que Oliver estava sentindo.

      Os outros alunos eram muito barulhentos e indisciplinados. Levou muito tempo para a Srta. Belfry acalmá-las, para que pudesse começar a aula.

      "Hoje, estamos continuando de onde paramos na semana passada", disse ela, precisando levantar a voz, Oliver percebeu, para ser ouvida apesar do barulho. "Falando sobre alguns inventores incríveis da Segunda Guerra Mundial. Será que alguém sabe quem é este?"

      Ela levantou uma foto em preto e branco de uma mulher sobre a qual Oliver lera em seu livro de inventores. Katharine Blodgett, que inventou a máscara de gás, a cortina de fumaça e o vidro não reflexivo usado para os periscópios de submarinos de guerra. Depois de Armando Illstrom, Katharine Blodgett era uma das inventoras favoritas de Oliver, porque ele achava fascinantes todos os avanços tecnológicos que ela realizou na Segunda Guerra Mundial.

      Nesse momento, notou a Srta. Belfry olhando para ele com expectativa. Pela expressão em seu rosto, Oliver percebeu que ela sabia que ele sabia exatamente quem estava na foto. Mas depois de suas experiências de hoje, ele estava com medo de dizer alguma coisa em voz alta. Seus colegas perceberiam em algum momento que ele era um nerd; Oliver não queria adiantar o processo.

      Mas a professora acenou para ele, ansiosa e encorajadora. Contra seus instintos, Oliver se pronunciou.

      "Esta é Katharine Blodgett", disse ele, finalmente.

      O rosto da professora se abriu num sorriso, trazendo suas lindas covinhas com ele. "Correto, Oliver. Você pode dizer à classe quem ela é? O que ela inventou?"

      Atrás dele, Oliver podia ouvir uma risada. As crianças já estavam se dando conta do status de nerd dele.

      "Foi uma inventora durante a Segunda Guerra Mundial", disse. "Ela criou muitas invenções de guerra úteis e importantes, como periscópios de submarinos. E máscaras de gás, que salvaram muitas vidas".

      A Srta. Belfry parecia emocionada.

      "ESQUISITO!", alguém gritou da parte de trás.

      "Não, obrigada, Paul", disse a professora severamente para o menino que gritou. Então, virou-se para o quadro e começou a escrever sobre Katharine Blodgett.

      Oliver sorriu. Depois do bibliotecário que o presenteou com o livro de inventores, a Srta. Belfry era a adulta mais gentil que ele já conhecera. Seu entusiasmo era como um escudo à prova de balas que Oliver poderia envolver em torno de seus ombros, desviando o resto das palavras cruéis de sua classe. Ele começou a prestar atenção na aula, sentindo-se finalmente à vontade.

      *

      Mais cedo do que esperava, a campainha tocou, indicando o final do dia. Todos saíram apressados da sala, correndo e gritando. Oliver recolheu suas coisas e saiu.

      "Oliver, estou muito impressionada com o seu conhecimento", disse a professora quando o encontrou no corredor. "Onde você aprendeu sobre todas essas pessoas?"

      "Eu tenho um livro", explicou. "Gosto de inventores. E quero ser um".

      "Você faz suas próprias invenções?", ela perguntou, parecendo animada.

      Ele assentiu,

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