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bem na nossa linha de visão para o estacionamento dos funcionários, a qualquer momento", ele disse. Enquanto falava, o carro de patrulha passou por ele e começou a contornar lenta e casualmente a entrada que circulava o píer. Parecia uma movimentação completamente normal.

      Keri observava os trabalhadores das docas saindo do armazém. Um cara percebeu que havia saído com seu capacete e correu de volta para devolvê-lo. Dois outros correram pelo amplo pátio, competindo para ver quem chegava primeiro ao seu carro. O restante caminhava num grupo grande, aparentemente sem pressa.

      "Ali está o cara que você procura", Covey disse, apontando com a cabeça na direção do único homem caminhando sozinho. Coy Brenner guardava apenas uma vaga semelhança com o homem na foto de sua ficha policial quando foi preso no Arizona, há quatro anos. Aquele homem tinha um aspecto magro e faminto, com longos cabelos castanhos despenteados, e uma barba rala.

      Já o cara que caminhava pesadamente pelo estacionamento agora tinha engordado uns dez quilos de lá para cá. Seu cabelo era curto e a barba era cheia. Ele usava jeans azul e uma camiseta xadez no estilo lenhador, e caminhava com uma expressão fechada. Coy Brenner não dava a impressão de ser um homem feliz com sua sorte na vida.

      "Poderia ficar um pouco a distância, sargento Covey? Quero ver como ele reage quando confrontado por uma mulher policial sozinha".

      "Claro. Vou até o armazém. Direi aos garotos para ficarem um pouco afastados também. Acene quando quiser que nos juntemos a você".

      "Farei isso".

      Keri saiu do carro, vestiu um blazer para esconder sua arma, e seguiu Brenner a distância, sem querer se fazer notar no momento. Ele parecia alheio a ela, perdido em seus próprios pensamentos. No momento em que chegou na sua velha caminhonete, ela estava bem perto dele. Ela sentiu seu celular vibrar ao receber uma mensagem de texto e ficou tensa. Mas ele obviamente não ouviu.

      "Como vai, Coy?" ela perguntou, coquete.

      Ele se virou, claramente pego de surpresa. Keri tirou os óculos escuros, abriu uma largo sorriso e colocou uma mão sobre o quadril, brincalhona.

      "Oi?" Ele falou, mais como uma pergunta do que como uma exclamação.

      "Não me diga que não se lembra de mim? Faz apenas uns 15 anos. Você é Coy Brenner, de Phoenix, não é?"

      "Sim. Frequentamos o mesmo colégio, ou coisa assim?"

      "Não. Nosso tempo juntos foi educativo, mas não de uma maneira escolar, se é que você me entende. Estou começando a ficar um pouco ofendida".

      Acho que passei do ponto. Talvez eu tenha perdido o jeito.

      Mas o rosto de Coy suavizou-se e Keri notou que tinha conseguido o que queria.

      "Desculpe... foi um dia longo e já se passaram muitos anos", ele falou. "Ficaria feliz em sermos reapresentados. Qual o seu nome mesmo?" Ele parecia genuinamente perplexo.

      "Keri. Keri Locke".

      "Estou surpreso por não me lembrar de você, Keri. Você parece o tipo de garota de quem eu me lembraria. O que lhe fez vir de tão longe até aqui?"

      "Não aguento o calor lá do Arizona. Eu trabalho para a prefeitura agora. Trabalho social... meio chato. E você?"

      "Você está vendo o que eu faço".

      "Um filho do deserto que terminou trabalhando perto do mar. O que levou isso a acontecer? Sonha em ser uma estrela do cinema? Queria aprender a surfar? Está atrás de uma garota?"

      Ela manteve o tom leve, mas observou de perto a reação dele ao fazer a última pergunta. Sua expressão surpresa, mas intrigada, imediatamente desapareceu, substituída pela cautela.

      "Estou realmente com dificuldade de me lembrar de onde a conheço, Keri. Poderia me dizer novamente quando saímos juntos?" Havia uma rispidez no tom dele que não estava lá um momento atrás.

      Keri podia sentir que seu disfarce estava ruindo e decidiu cutucá-lo de maneira um pouco mais agressiva.

      "Talvez você não se lembre de mim porque não me pareço com Kendra. É isso, Coy? Você só tem olhos para ela?"

      A expressão nesses olhos passou rapidamente de cautelosa para irritada e ele deu um passo à frente. Keri observou seus pulsos se fecharem de forma involuntária. Ela não recuou.

      "Quem diabos é você?" ele perguntou. "O que é isso?"

      "Estou apenas puxando conversa, Coy. Por que ficou tão grosseiro de repente?"

      "Eu não conheço você", ele disse, agora, abertamente hostil. "Quem lhe enviou, o marido dela? Você é algum tipo de detetive particular?"

      "E se fosse? Teria algo para investigar? Há alguma coisa que você queira confessar, Coy?"

      Ele deu mais um passo na direção dela. Seus rostos estavam a menos meio metro de distância agora. Ao invés de se encolher, Keri endireitou os ombros e levantou seu queixo, desafiadora.

      "Acho que você cometeu um erro terrível vindo até aqui, moça", Coy rosnou. Ele estava de costas para o carro de patrulha, que havia lentamente se aproximado e estava parado, uns seis metros atrás dele.

      Do canto do olho, Keri pôde ver o sargento Covey saindo cautelosamente do armazém, parando também atrás de Coy. Ela sentiu um impulso súbito de acenar na direção deles, mas se conteve.

      É agora ou nunca.

      "O que você fez com Kendra, Coy?" ela perguntou, sem qualquer traço de brincadeira na voz. Ela o encarou, com a mão novamente sobre o punho de sua arma, pronta para tudo.

      Ao ouvir a pergunta, seus olhos passaram de raivosos para surpresos e ela notou que ele não tinha a menor ideia do que ela estava falando. Brenner recuou um passo.

      "O quê?"

      Ela imediatamente sentiu que ele não era o culpado, mas continuou a pressionar, só para ter certeza.

      "Kendra Burlingame está desaparecida e ouvi falar que você a persegue. Então, se fez algo a ela, agora é o momento de esclarecer as coisas. Se cooperar, posso ajudá-lo. Se não, as coisas podem ficar muito ruins para você."

      Coy estava olhando para Keri, mas não parecia estar processando completamente o que ouviu. Ele não percebeu a aproximação do sargento Covey, que estava só alguns passos atrás. O oficial veterano descansava a mão na arma em seu quadril. Ele não parecia feliz com a possibilidade de atirar, apenas preparado.

      "Kendra está desaparecida?" Coy perguntou, parecendo uma criança que acabou de saber que seu cão tinha sido sacrificado.

      "Quando foi a última vez que a viu, Coy?"

      "No encontro... eu disse a ela que a procuraria aqui em LA. Mas notei que ela não queria nada comigo. Parecia envergonhada por mim. Eu não queria ver aquele olhar no rosto dela novamente, então, deixei para lá".

      "Você não quis punir a mulher que lhe fez sentir dessa forma?"

      "Ela não me fez sentir daquela forma. Estou envergonhado de quem me tornei sem nenhuma ajuda dela. Simplesmente, ver o quanto eu havia caído na visão dela... realmente abriu meus olhos, sabe? Tenho mentido para mim mesmo sobre ser esse cara descolado, durão, por um longo tempo. Foi preciso reencontrar Kendra para perceber o fracassado que eu me tornei realmente".

      Ele olhou desesperadamente para Keri, esperando fazer algum tipo de conexão. Mas ela não queria conhecer os demônios internos desse cara. Tinha vergonha de si mesma o bastante para não querer lidar com a de outra pessoa.

      "Pode prestar contas sobre seu paradeiro ontem, Coy?" ela perguntou, mudando de assunto. Percebendo que não conseguiria nenhuma simpatia da parte dela, ele assentiu.

      "Estava aqui o dia todo. Tenho certeza de que meu chefe pode confirmar".

      "Podemos conferir isso", o sargento Covey disse. Coy teve um leve sobressalto ao ouvir a voz inesperada atrás dele. Ele se virou, surpreso ao ver Covey a alguns

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