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isso pareça. Você tem que entender isso, certo?"

      O pior de tudo era que ela realmente entendia. Ainda assim, ela tinha que tentar uma última vez. "Eu consideraria um favor pessoal."

      "Tenho certeza que sim," disse Clarence, um pouco condescendente. "Mas a resposta é não, Agente Wise. Agora, se você me der licença, estou prestes a ir para o tribunal para conversar com uma daquelas viúvas em luto das quais lhe falei. Desculpe-me não pode ajudá-la."

      Ele terminou a ligação sem se despedir, deixando Kate encarando aquele pequeno quadrado de luz se deslocando lentamente no chão de madeira. Ela pensou sobre sua próxima jogada, notando que o vice-comissário Greene acabara de revelar que estava prestes a ir ao tribunal. Ela supôs que a atitude inteligente seria tomar a sua recusa em ajudá-la como uma derrota. Mas a falta de vontade dele em ajudar apenas deixava seu desejo de continuar pesquisando mais forte.

      Sempre me disseram que eu tinha um traço de teimosia como agente, ela pensou enquanto levantava da mesa. É bom ver que algumas coisas não mudaram.

      ***

      Meia hora depois, Kate estava estacionando seu carro no estacionamento adjacente à Terceira Delegacia de Polícia. Baseado em onde o assassinato de Julie Mead ─ nome de casada Julie Hicks ─ ocorreu, Kate sabia que seria a melhor fonte de informação. O único problema era que além do Vice Comissário Greene, ela realmente não conhecia ninguém mais no departamento, menos ainda na Terceira Delegacia.

      Ela entrou no escritório com confiança. Ela sabia que havia algumas coisas sobre a sua situação atual que um agente observador notaria. Primeiramente, ela não tinha sua arma ao lado. Ela havia considerado carregar sua arma pessoal, mas devido ao que ela estava tramando, percebeu que poderia causar mais problemas do que era necessário se ela fosse pega sendo desonesta.

      E desonestidade era realmente algo que ela não poderia bancar. Aposentada ou não, sua reputação estava na linha ─ uma reputação que ela construiu com grande carinho por mais de trinta anos. Ela precisaria caminhar por uma linha fina nos próximos minutos, algo que ela apreciava. Ela não esteve ansiosa assim no ano inteiro que passou aposentada.

      Ela se aproximou do balcão de informações, uma área bem iluminada separada da sala central por uma vidraça. Uma mulher de uniforme estava na mesa, estampando algo em um distintivo quando Kate se aproximou. Ela olhou para cima para Kate com uma expressão que parecia um sorriso não a havia agraciado há dias.

      "O que posso fazer por você?" perguntou a recepcionista.

      "Sou uma agente aposentada do FBI, procurando por alguma informação sobre um assassinato recente. Eu estava com esperanças de conseguir o nome dos oficiais responsáveis pelo caso."

      "Você tem uma identificação?" a mulher perguntou.

      Kate tirou sua licença de motorista e a deslizou pela abertura na vidraça. A mulher olhou para ela por um segundo inteiro e então a deslizou de volta. "Vou precisar da sua identificação do FBI."

      "Bem, como eu disse, estou aposentada."

      "E quem enviou você? Eu vou precisar o nome completo dele e das informações de contato e então vão precisar de uma requisição para dar a informação para você."

      "Eu realmente estava esperando pular todas essas burocracias."

      "Então não posso te ajudar," disse a mulher.

      Kate cogitou sobre o quão longe ela poderia ir. Se ela pressionasse demais, alguém certamente notificaria Clarence Greene e isso poderia ser ruim. Ela vasculhou sua mente, tentando pensar em outro curso de ação. Ela conseguiu aparecer com apenas uma e era muito mais arriscada do que a que ela estava tentando no momento.

      Com um suspiro Kate deu um curto, "Bem, obrigado mesmo assim."

      Ela girou nos calcanhares e voltou pelo escritório. Ela estava um pouco envergonhada. Que diabos ela estava pensando? Mesmo se ela ainda tivesse sua ID do FBI, seria ilícito a DP de Richmond fornecer qualquer informação sem aprovação de um supervisor em DC.

      Era além de humilhante andar de volta para seu carro com um sentimento tão absoluto ─ o de ser uma civil comum.

      Mas uma civil que odeia receber um não como resposta.

      Ela tirou o celular e discou para Deb Meade. Quando Deb atendeu, ela ainda soava cansada e distante.

      "Desculpe incomodá-la, Deb," ela disse. "Mas você tem o nome e endereço do ex-namorado?"

      Enfim, Deb tinha ambos.

      CAPÍTULO QUATRO

      Embora Kate não possuísse sua antiga ID do FBI, ela ainda tinha o único distintivo que ela possuiu. Estava apoiado na prateleira sobre a lareira como uma relíquia de outra época, nem um pouco melhor do que uma fotografia desbotada. Quando ela deixou a Terceira Delegacia de Polícia, ela voltou para casa e o resgatou. Ela pensou longa e intensamente sobre também levar sua arma. Olhou ansiosamente para sua M1911, mas a deixou onde estava no criado mudo. Levá-la para o que ela planejada seria procurar problemas.

      Ela decidiu levar as algemas que mantinha em uma caixa de sapatos debaixo da cama com alguns outros tesouros da sua carreira.

      Apenas se necessário.

      Ela saiu da sua casa em direção para o endereço que Deb lhe dera. Era um lugar em Shockoe Bottom, a vinte minutos dirigindo da sua casa. Ela não ficou nervosa enquanto dirigia, mas ela sentia-se excitada. Ela sabia que não deveria estar fazendo isso, mas ao mesmo tempo, era bom estar livre a caça novamente ─ mesmo que em segredo.

      Logo quando chegou ao endereço do ex-namorado de Julie Hicks, um cara chamado Brian Neilbolt, Kate pensou sobre o marido dela. Ele surgia na cabeça dela de tempo em tempos, mas algumas vezes ele parecia surgir e se acomodar por um tempo. Isso aconteceu enquanto ela virava na rua de destino. Ela podia vê-lo sacudir a cabeça em frustração.

      Kate, você sabe que não deveria estar fazendo isso, ele parecia dizer.

      Ela sorriu fracamente. Ela sentia muita falta do marido algumas vezes, um contraste apropriado ao fato de que algumas vezes ela sentia que conseguira superar a morte dele rápido demais.

      Ela espanou as teias de aranha daquelas memórias enquanto estacionava o carro em frente do endereço que Deb lhe dera. Era uma casa bastante agradável, dividida em dois apartamentos diferentes com varandas separando as propriedades. Quando ela saiu do carro, logo pôde perceber que alguém estava em casa pois podia ouvir uma conversa alta lá dentro.

      Quando subiu os degraus da escada, ela sentiu como se estivesse dando um passo para trás no passado, a cerca de um ano atrás. Ela sentiu-se como uma agente novamente, apesar da falta da arma de fogo na sua cintura. Ainda assim, considerando que era na verdade uma agente aposentada, ela não fazia ideia do que iria dizer depois que batesse na porta.

      Mas ela não deixou isso pará-la. Ela bateu na porta com a mesma autoridade que teria feito há um ano. Enquanto ouvia a conversa alta, decidiu que ficaria com a verdade. Mentir em uma situação na qual ela já não deveria estar fazendo parte, apenas tornaria as coisas piores se ela fosse pega.

      O homem que atendeu a porta pegou Kate com a guarda baixa. Ele tinha cerca de uma metro e noventa e era musculoso. Apenas seus ombros já revelavam que ele treinava. Ele poderia se passar facilmente por um lutador de luta livre profissional. A única coisa que traía aquela fachada era a raiva em seus olhos.

      "Sim?" ele perguntou. "Quem é você?"

      Então, ela fez uma jogada da qual sentia muita falta. Ela mostrou seu distintivo a ele. Ela esperava que a visão dele desse algum peso para contrapor sua apresentação. "Meu nome é Kate Wise. Seu uma agente aposentada do FBI. Eu estava esperando que você pudesse falar comigo por alguns minutos."

      "Sobre?" ele perguntou, suas palavras rápidas e mal humoradas.

      "Você é Brian Neilbolt?" ela perguntou.

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