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ela como se não acreditasse no que estava ouvindo.

      Riley levantou-se da mesa e disse:

      - Aproveite o resto do jantar. Tem cheesecake na geladeira. Estou cansada. Vou tomar banho e deitar.

      Antes que Ryan pudesse responder, Riley seguiu para o banheiro. Ela chorou por alguns minutos, depois tomou um banho quente e demorado. Quando colocou seu roupão e chinelos e saiu do banheiro, viu Ryan sentado na cozinha. Ele havia limpado a mesa e estava trabalhando em seu computador. Ele não olhou para ela.

      Riley foi para o quarto, caiu na cama e começou a chorar novamente.

      Ao enxugar os olhos e assoar o nariz, perguntou-se:

      Por que estou com tanta raiva?

      Ryan está errado?

      Algo nisso tudo é culpa dele?

      Seus pensamentos estavam confusos e ela não conseguia raciocinar. Então, uma memória terrível a assombrou—de acordar na cama com muita dor e ver que estava rodeada por sangue...

      Meu aborto.

      Encontrou-se perguntando-se—seria aquela uma das razões pelas quais Ryan não queria que ela fosse para o FBI? Ela estava muito estressada com o caso do Palhaço Assassino na época do aborto. Mas a médica havia assegurado que aquele estresse não tivera nada a ver com o acidente.

      Ao invés disso, a médica havia dito que a causa fora “anormalidades nos cromossomos”.

      Pensando naquilo tudo novamente, aquela palavra a incomodou...

      Anormalidades.

      Perguntou-se: seria ela de alguma forma anormal, no que se tratava do que realmente importava?

      Seria ela incapaz de ter uma relação duradoura e uma família?

      Ao deitar-se para tentar dormir, sentiu que só tinha certeza de uma coisa...

      Vou para Quantico amanhã.

      Pegou no sono antes que pudesse imaginar o que aconteceria depois.

      CAPÍTULO DOIS

      O homem sentiu prazer ao ouvir o gemido fraco da mulher. Ele sabia que ela estava voltando a ficar consciente. Sim, ele pode ver os olhos dela se abrindo um pouco.

      Ela estava deitada de lado em uma mesa de madeira rústica na pequena sala de chão sujo, paredes de concreto e teto de madeira baixo. Estava amarrada com força, como uma concha, com muita fita adesiva. Suas pernas pressionavam seu peito, e suas mãos estavam presas nas canelas. Sua cabeça estava encostada em seus joelhos.

      Ela o fazia lembrar de fotos que ele havia visto de fetos humanos—e também de embriões que às vezes encontrava quebrando ovos de galinha. Ela parecia inocente, ingênua, e aquilo de era de certa forma comovente.

      Principalmente, é claro, ela o lembrava de outra mulher—seu nome era Alice, ele acreditava. Certa vez, ele pensara que Alice seria a única que ele trataria daquele jeito, mas ele havia gostado... e havia poucos prazeres em sua vida... como ele iria parar?

      - Dói – a mulher murmurou, como se estivesse sonhando. – Por que dói?

      Ele sabia que era porque ela estava deitada em uma cama com um emaranhado de arame farpado. O sangue escorria pela mesa, juntando-se às manchas da mesa inacabada. Não que aquilo importasse. A mesa era mais velha do que ele, e ele era a única pessoa que a veria.

      Ele também estava com dor e sangrando. Havia se cortado ao tirá-la da picape com arame farpado. Fora mais difícil do que ele esperava, porque ela havia tentado lutar mais de uma vez.

      Ela havia se contorcido muito enquanto o clorofórmio caseiro fizera efeito. Mas sua luta enfraquecera e ele finalmente a dominara completamente.

      Mesmo assim, ele não estava chateado por ter se machucado com o arame. Sabia, por experiência própria, que aqueles arranhões curavam-se rapidamente, mesmo que deixassem algumas cicatrizes.

      Abaixou-se e olhou o rosto dela de perto.

      Os olhos dela estava abertos, arregalados agora. Sua íris se contorcia enquanto ela olhava para ele.

      Ela ainda está tentando evitar olhar para mim, ele percebeu.

      Todo mundo agia assim com ele, em qualquer lugar. Ele não culpava as pessoas por fingirem que ele era invisível, ou que ele simplesmente não existia. Algumas vezes, ele olhava no espelho e desejava que pudesse desaparecer.

      Então, a mulher murmurou novamente...

      - Dói.

      Além dos cortes, ele sabia que a cabeça dela estava doendo por conta da alta dose de clorofórmio caseiro. Na primeira vez em que criara aquela substância, ali mesmo, ele quase havia desmaiado, e sofrera com uma dor de cabeça forte vários dias depois. Mas a preparação havia dado certo, então ele pode continuar.

      Agora, ele estava preparado para o próximo passo. Estava vestindo luvas grossas e uma jaqueta grossa e acolchoada. Não iria machucar a si mesmo novamente até terminar o processo.

      Começou o trabalho com o arame farpado e cortadores de fio. Depois, passou um fio pelo corpo da mulher e torceu as pontas em nós improvisados para mantê-lo no lugar.

      A mulher gemeu de dor e tentou se virar, mas o arame arranhou sua pele e sua roupa.

      Enquanto trabalhava, ele disse:

      - Você não precisa ficar quieta. Pode gritar o quanto quiser—se for ajudar.

      Certamente, ele não tinha medo de que alguém pudesse ouvi-la.

      Ela resmungou mais alto, como se quisesse gritar, mas estava com a voz fraca.

      Ele riu, quieto. Sabia que ela não conseguiria juntar ar suficiente nos pulmões para gritar—não com as pernas apertando seu peito daquele jeito.

      Ele colocou mais um fio de arame farpado nela e apertou, vendo o sangue sair de cada machucado através das roupas dela, encharcando o tecido, abrindo buracos muito maiores do que o machucado em si.

      Seguiu puxando fio por fio em volta dela, até que ela estivesse toda amarrada, como se fosse um casulo de arame enorme, longe de parecer um humano. Aquele casulo fazia todos os tipos de sons, estranhos e baixos, gemidos e suspiros. O sangue não parou de jorrar até deixar a mesa inteira pintada de vermelho.

      Então, ele deu um passo atrás e admirou seu trabalho.

      Apagou a luz acima de sua cabeça e caminhou no escuro, fechando a porta pesada de madeira.

      O céu estava limpo e estrelado, e ele só podia ouvir o barulho alto dos grilos.

      Respirou profundamente aquele ar puro.

      A noite estava perfeita naquele momento.

      CAPÍTULO TRÊS

      Enquanto se alinhava juntamente com os outros estagiários para a foto oficial, Riley ouviu a porta da sala de recepção abrir.

      Seu coração pulou, e ela virou-se cheia de expectativa para ver quem havia chegado.

      Mas era apenas Hoke Gilmer, o supervisor do programa de treinamento, retornando após uma saída rápida.

      Riley segurou um suspiro. Ela já sabia que o Agente Crivaro não estaria ali naquele dia. No dia anterior, ele havia a parabenizado por completar o curso, e disse que queria voltar para Quantico. Era óbvio que ele simplesmente não gostava de cerimônias e recepções.

      Sua esperança secreta era de que Ryan pudesse aparecer do nada para celebrar com ela o término do programa de verão.

      Mas é claro que ela sabia que não podia esperar que isso acontecesse.

      Mesmo assim, não pode deixar de fantasiar que, de alguma maneira, ele mudaria de ideia e apareceria no último minuto,

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