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“É quinta-feira.”

      “E então?” Perguntou Trudy.

      “Então. Tenho uma aula amanhã de manhã cedo.”

      Rhea disse, “Desde quando é que precisas de dormir?”

      “A Rhea tem razão,” Acrescentou Trudy. “”Nunca conheci tamanha notívaga na minha vida.”

      Trudy era a melhor amiga de Riley, uma rapariga loura com um sorriso generoso e pateta que encantava a maioria das pessoas que conhecia, sobretudo os rapazes. Rhea era uma rapariga morena – mais bonita do que Trudy e de natureza mais reservada, apesar de tentar acompanhar ao máximo o gregarismo de Trudy.

      Riley soltou um grunhido de desepero. Levantou-se da cama, caminhou em direção ao leitor de CDs de Trudy, desligou a música e depois regressou à sua cama e embrenhou-se novamente no livro de psicologia.

      E claro, sem mais delongas, Trudy levantou-se e voltou a ligar a música – não tão alta como anteriormente, mas ainda assim demasiado alta para Riley se conseguir concentrar na leitura.

      Riley fechou o livro.

      “Vais fazer com que eu recorra à violência,” Disse ela.

      Rhea riu-se e disse, “Bem, pelo menos mexias-te. Se continuares assim sentada, ainda ficas para sempre nessa posição.”

      Trudy acrescentou, “E não venhas com histórias de que tens que estudar. Também estou nessa aula de psicologia, lembras-te? Sei que estás a adiantar a leitura desse livro estúpido – se calhar estás a adiantar semanas de leitura.”

      Rhea gracejou horrorizada, “A adiantar leitura? Isso não é, tipo, ilegal? É que se não é, devia ser.”

      Trudy deu uma cotovelada em Rhea e disse, “A Riley gosta de impressionar o Professor Hayman. Tem um fraquinho por ele.”

      Riley passou-se, “Não tenho nada um fraquinho por ele!”

      Trudy disse, “Desculpa, enganei-me. Porque é que terias um fraquinho por ele?”

      Riley não conseguiu evitar pensar…

      Talvez porque seja jovem e giro e inteligente?

      Talvez porque quase todas as raparigas da aula têm um fraquinho por ele?

      … mas guardou os seus pensamentos para si.

      Rhea estendeu a mão e olhou para as unhas.

      Disse a Riley, “Há quanto tempo é que não entras em ação? Quero dizer em termos de sexo.”

      Trudy abanou a cabeça na direção de Rhea.

      “Não perguntes,” Disse ela. “A Riley assumiu um voto de castidade.”

      Riley revirou os olhos e disse a si mesma…

      Nem te dês ao trabalho de responder àquilo.

      Então Trudy disse a Rhea, “A Riley nem toma a pílula.”

      Riley ficou chocada com indiscrição de Trudy.

      “Trudy!” Disse ela.

      Trudy encolheu os ombros e disse, “Não me fizeste exatamente prometer segredo.”

      Rhea estava espantada. Desta vez, o seu horror parecia genuíno.

      “Riley. Diz-me que é mentira. Por favor, diz-me que ela está a mentir.”

      Riley não respondeu.

      Se elas ao menos soubessem, Pensou.

      Não gostava muito de pensar nos rebeldes anos de adolescente e muito menos falar neles. Tivera sorte em não engravidar ou apanhar alguma doença horrível. Na faculdade, passara a dosear melhor várias coisas – incluindo o sexo, apesar de andar sempre com uma caixa de preservativos na mala só para prevenir.

      Trudy voltou a levantar o som da música.

      Riley suspirou e disse, “Ok, eu desisto. Onde querem ir?”

      “Ao Centaur’s Den,” Disse Rhea. “Precisamos de beber.”

      “Onde mais?” Acrescentou Trudy.

      Riley saiu da cama de um salto.

      “Estou convenientemente vestida?” Perguntou.

      “Estás a brincar?” Disse Trudy.

      Rhea disse, “A Den’s é informal, mas não tanto.”

      Trudy foi até ao armário e remexeu a roupa de Riley.

      Disse, “Tenho que fazer de tua mãe ou quê? Aqui tens o que deves usar.”

      Trudy pegou num top às riscas e num par de calças de ganga, e entregou-os a Riley. Depois ela e Rhea foram até ao corredor para convidar algumas raparigas do andar delas a irem com elas.

      Riley mudou de roupa, depois ficou a olhar para si própria no espelho do armário. Tinha que admitir que Trudy tinha escolhido a roupa ideal para ela. O top realçava o seu corpo elegante e atlético. Com o seu cabelo negro e longo, e olhos cor de avelã, podia muito bem passar por uma rapariga da faculdade à procura de festa.

      Ainda assim, sentia-se estranhamente mascarada e não como Riley.

      Mas as suas amigas tinham razão, ela passava demasiado tempo a estudar.

      Era certo que ela exagerava.

      Tanto trabalho e nenhuma diversão…

      Pegou num casaco de ganga e sussurrou ao espelho…

      “Anda lá Riley. Vai e vive um pouco.”

      *

      Quando ela e as suas amigas abriram a porta da Centaur’s Den, Riley foi quase vencida pelo cheiro familiar mas sufocante do fumo de tabaco e pelo igualmente sufocante barulho da música heavy metal.

      Hesitou. Talvez aquela saída tivesse sido um erro. Os acordes opressivos dos Metallica eram uma melhoria musical em relação à monotonia de Gloria Estefan?

      Mas Rhea e Trudy estavam atrás dela e empurraram-na para dentro. Três outras raparigas do dormitório seguiram-nas e foram diretamente para o bar.

      Perscrutando o ar repleto de fumo, Riley viu alguns rostos familiares. Ficou surpreendida por ver ali tantos numa noite a meio da semana.

      A maior parte do espaço era uma pista de dança onde luzes se moviam sobre os miúdos que se contorciam alegremente ao som do refrão “Whiskey in the Jar”.

      Trudy agarrou nas mãos de Riley e Rhea.

      “Venham, vamos dançar as três!”

      Era uma tática familiar – as raparigas dançavam juntas até despertarem a atenção dos rapazes. Não demoraria muito até estarem a dançar com rapazes e não entre elas – e a beber como doidas.

      Mas Riley não estava com disposição para aquilo – ou para o barulho, já agora.

      A sorrir, abanou a cabeça e afastou a mão de Trudy.

      Trudy pareceu magoada por um momento, mas estava demasiado ruidoso no local para discutir. Então Trudy deitou a língua de fora e puxou Rhea para a pista de dança.

      Claro, muito madura, Pensou Riley.

      Irrompeu pela multidão até ao bar e pediu um copo de vinho tinto. Depois desceu as escadas onde as mesas preenchiam a cave. Encontrou uma mesa vazia onde se sentou.

      Riley gostava mais de estar ali do que lá em cima. É verdade que o fumo do tabaco era ainda mais denso, a ponto de fazer arder os olhos. Mas havia menos confusão, apesar de um som de música abafada vindo de cima ainda vibrar no chão.

      Riley beberricou o vinho lentamente, lembrando-se da sua adolescência. Ela conseguia sempre arranjar o que quisesse beber a partir dos conhecimentos adultos que tinha na pequena cidade de Larned. Naquela altura, a sua bebida

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