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real do ponto de vista do assassino – e era difícil sair do pesadelo.

      “OK, vamos falar sobre aquilo que viram,” Disse a instrutora.

      A instrutora era nada mais, nada menos do que a mentora de Lucy, a Agente Especial Riley Paige.

      Lucy não era aluna. Aquela aula destinava-se apenas a cadetes da Academia do FBI. Acontecera aparecer por ali naquele dia como fazia de vez em quando. Ainda estava há pouco tempo na UAC e considerava que Riley Paige era uma fonte inesgotável de inspiração e informação. Aproveitava cada oportunidade para aprender com ela – e também trabalhar com ela.

      A Agente Paige dera aos alunos detalhes de um caso de homicídio arquivado há cerca de vinte e cinco anos. Três jovens tinham sido mortas na Virginia. Dera-se ao assassino a alcunha de “Assassino da Caixa de Fósforos” porque deixava caixas de fósforos nos corpos das vítimas. As caixas eram provenientes de bares de uma zona geral perto de Richmond. Também deixava guardanapos com os nomes dos motéis onde as mulheres tinham sido mortas. Ainda assim, a investigação desses lugares não trouxera luz ao caso.

      Riley disse aos alunos para usarem a sua imaginação para recriar um dos homicídios.

      “Soltem a vossa imaginação,” Disse Riley antes de começarem. “Visualizem muitos detalhes. Não se preocupem em deter-se nas coisas pequenas, mas tentem captar corretamente as coisas no geral – a atmosfera, o ambiente, o cenário.”

      Depois desligou as luzes durante dez minutos.

      Agora que as luzes estavam outra vez ligadas, Riley caminhava de um lado para o outro na sala de aula.

      Disse, “Antes de mais nada, falem-me um pouco sobre o Salão Patom. Como é que era?”

      Uma mão ergueu-se no meio da sala. Riley pediu ao aluno para falar.

      “O lugar não era propriamente elegante, mas tentava aparentar ter mais classe do que aquela que na verdade tinha,” Disse ele. “Mesas mal iluminadas encostadas às paredes. Algum tipo de revestimento suave por todo o lado – talvez camurça.”

      Lucy estava intrigada. Ela não tinha imaginado o bar com aquele aspeto.

      Riley sorriu, mas não disse ao aluno se estava certo ou errado.

      “Mais alguma coisa?” Perguntou Riley.

      “Havia música a tocar baixo,” Disse outro aluno. “Talvez jazz.”

      Mas Lucy lembrava-se claramente de ter imaginado o ruído das músicas de hard rock dos anos 70 e 80.

      Será que se tinha enganado?

      Riley perguntou, “E Maberly Inn? Como é que era?”

      Uma aluna ergueu a mão e Riley pediu-lhe para falar.

      “Pitoresca e tão agradável quanto um motel pode ser,” Disse a jovem. “E bastante velho. Remontando a um tempo anterior ao surgimento das cadeias de motéis.”

      Outro aluno falou.

      “Isso parece-me bem.”

      Outros alunos manifestaram a sua concordância.

      Mais uma vez, Lucy ficou espantada com a forma tão diferente como tinha imaginado o lugar-

      Riley sorriu mais uma vez.

      “Quantos de vocês partilham estas impressões gerais – tanto do bar como do motel?”

      A maioria dos alunos ergueu as mãos.

      Lucy agora sentia-se algo deslocada.

      “Tentem captar corretamente as coisas no geral,” Dissera-lhes Riley.

      Será que Lucy tinha falhado redondamente todo o exercício?

      Será que toda a gente na sala tinha captado a essência exceto ela?

      Então Riley mostrou algumas imagens no ecrã.

      Primeiro surgiram várias fotografias do Salão Patom – uma foto do exterior com o sinal de néon a cintilar na janela e várias outras fotos do interior.

      “Este é o bar,” Disse Riley. “Ou pelo menos era o seu aspeto na altura em que ocorreram os homicídios. Não sei ao certo como está agora – ou se ainda existe.”

      Lucy sentiu-se aliviada. Era bastante parecido com aquilo que tinha imaginado – um lugar degradado com paredes apaineladas e estofos de falso cabedal. Até tinha um par de mesas de bilhar e um alvo como ela tinha pensado. E mesmo nas imagens era possível ver uma espessa nuvem de fumo de cigarros.

      Os alunos ficaram surpreendidos.

      “Agora vamos ver o Maberly Inn,” Disse Riley.

      Surgiram mais fotos. O motel parecia tão sujo como Lucy o havia imaginado – não muito antigo, mas ainda assim em mau estado.

      Riley riu-se um pouco.

      “Parece não coincidir bem com aquilo que imaginaram,” Disse ela.

      A turma riu nervosamente em concordância.

      “Porque é que visualizaram as cenas como as visualizaram?” Perguntou Riley.

      Solicitou a uma jovem com a mão no ar para falar.

      “Bem, disse-nos que o assassino abordara primeiro a vítima num bar,” Disse ela. “Isso aponta para ‘bar de solteiros’ na minha opinião. Um bocado foleiro, mas tentando parecer ter classe. Não imaginei um lugar do tipo classe trabalhadora.”

      Outro aluno disse, “Com o motel a mesma coisa. O assassino não a levaria para um lugar agradável, nem que fosse só com o intuito de a enganar?”

      Lucy agora sorria amplamente.

      Agora percebo, Pensou.

      Riley reparou no seu sorriso e devolveu-lho.

      Disse, “Agente Vargas, onde é que tantos de nós se enganaram?”

      Lucy disse, “Todos se esqueceram ter em consideração a idade da vítima. Tilda Steen tinha apenas vinte anos. As mulheres que frequentam bares de solteiros são geralmente mais velhas, rondam os trintas ou a meia idade, muitas vezes divorciadas. Por isso é que visualizaram o bar de forma errada.”

      Riley concordou.

      “Continue,” Disse ela.

      Lucy pensou por um momento.

      “Disse que ela vinha de uma família de classe média de uma pequena cidade. A julgar pelas fotos que nos mostrou anteriormente, ela era atraente e duvido que tivesse dificuldades amorosas. Então porque é que ela se deixou engatar num lugar como o Salão Patom? A minha hipótese é que estava aborrecida. Ela foi deliberadamente para um lugar que podia ser um pouco perigoso.”

      E encontrou mais perigo do que aquele que procurava, Pensou Lucy.

      “O que podemos todos aprender do que acabou de acontecer?” Perguntou Riley à turma.

      Um aluno levantou a mão e disse, “Quando estamos a reconstruir um crime mentalmente, temos que nos assegurar que enquadramos toda a informação que temos em nossa posse. Não devemos deixar nada de fora.”

      Riley parecia agradada.

      “Exato,” Disse ela. “Um detetive tem que possuir uma imaginação vívida, tem que conseguir entrar na mente do assassino. Mas isso é complicado. Ao descurar um simples detalhe, pode perder-se. Pode fazer a diferença entre resolver o caso e não o resolver.”

      Riley calou-se por momentos e depois acrescentou, “E este caso nunca foi resolvido. Se alguma vez irá ser… bem, duvido. Passados vinte e cinco anos, é difícil apanhar-lhe novamente o rasto. Um homem matou três jovens – e são grandes as probabilidades de ainda andar por aí.”

      Riley deixou as suas palavras embrenharem-se na audiência durante alguns instantes.

      “É tudo por hoje,” Disse

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