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ela, perplexo.

      "Não o magoes", ordenou numa voz segura, a voz de uma guerreira. "Theon é meu amigo."

      Duncan olhou para ela, atordoado.

      "Teu amigo?", perguntou. "Um dragão?"

      "Por favor, Pai", disse ela, "há pouco tempo para explicar. Ajuda-nos. Ele está preso. Eu não consigo remover este pedregulho sozinha."

      Duncan confiou nela apesar de estar em choque. Ele embainhou a espada, colocou-se ao lado dela, e empurrou o pedregulho com toda a sua força. No entanto, por muito que tentasse, ele mal se moveu.

      "É muito pesado", disse ele. "Não consigo. Lamento."

      De repente, ouviu-se o barulho de armaduras atrás dele e Duncan virou-se e ficou muito feliz ao ver Aidan, Anvin, Cassandra e Branco, todos a aproximarem-se apressadamente. Eles tinham voltado para ele, tinham arriscado as suas vidas, também, mais uma vez.

      Sem hesitar, todos eles correram até ao pedregulho e empurraram-no.

      O pedregulho rebolou um pouco, mas, ainda assim, eles não conseguiram tirá-lo.

      Ouviu-se o som de uma respiração ofegante e Duncan virou-se e viu Motley a correr para recuperar o atraso relativamente aos outros, sem fôlego. Ele juntou-se a eles, atirando o seu peso contra o pedregulho – e, desta vez, começou realmente e ceder. Motley, o ator, o tonto com excesso de peso, aquele de quem eles esperavam menos, fez a diferença para retirarem o pedregulho de cima do dragão.

      Com um empurrão o pedregulho aterrou com um estrondo, numa nuvem de poeira. O dragão estava livre.

      Theon levantou-se, guinchando, arqueando as costas, estendendo as suas garras. Em fúria, ele olhou para o céu. Um grande dragão roxo tinha-os visto e estava a descer a pique diretamente na direção deles. Theon, sem parar, saltou no ar, abriu as suas mandíbulas e voou diretamente para cima, firmando-se na jugular macia do incauto dragão.

      Theon aguentou-se com toda a sua força. O enorme dragão gritava em fúria, apanhado desprevenido, não estando claramente à espera de tanto do bebé dragão. Os dois foram embater numa parede de pedra do outro lado do pátio.

      Duncan e os outros trocavam olhares de choque enquanto Theon lutava com o dragão, recusando-se a desistir do grande dragão que se contorcia, prendendo-o do outro lado do pátio. Theon, enfurecido, retorcendo-se, rosnando, não desistia até que o dragão maior finalmente ficou sem forças.

      Por um momento, tiveram uma trégua.

      "Kyra!", gritou Aidan.

      Kyra olhou para baixo e reparou no seu irmão mais novo. Duncan viu com alegria Aidan a correr para os braços de Kyra. Ela abraçou-o, enquanto Branco saltava e lambia as palmas das mãos de Kyra, claramente emocionado.

      "Meu irmão", disse Kyra com os olhos cheios de lágrimas. "Estás vivo."

      Duncan conseguia ouvir o alívio na sua voz.

      Os olhos de Aidan, de repente, encheram-se de tristeza.

      "Brandon e Braxton estão mortos", ele anunciou a Kyra.

      Kyra empalideceu. Ela virou-se e olhou para Duncan. Ele balançou a cabeça em solene confirmação.

      De repente Theon voou e pousou diante deles, batendo as suas asas e gesticulando para que Kyra subisse para as suas costas. Duncan ouviu os rugidos lá bem no alto e olhou para cima e viu-os a todos a circular, preparando-se para descer a pique.

      Para espanto de Duncan, Kyra montou-se em Theon. Lá estava ela, no topo de um dragão, forte, feroz, com toda a postura de uma grande guerreira. A menina que em tempos ele tinha conhecido já não existia; ela tinha sido substituída por uma guerreira orgulhosa, uma mulher que podia comandar legiões. Ele nunca se tinha sentido tão orgulhoso como hoje.

      "Não temos tempo. Venham comigo ", disse-lhe. "Todos vocês. Juntem-se a mim."

      Olharam todos uns para os outros surpreendidos e Duncan sentiu um buraco no estômago com a ideia de montar um dragão, especialmente quando ele lhes rosnou.

      "Depressa!", disse ela.

      Duncan vendo o bando de dragões a descer e sabendo que eles tinham pouca escolha, entrou em ação. Ele apressou-se juntamente com Aidan, Anvin, Motley, Cassandra, Septin e Branco, saltando todos para as costas do dragão.

      Ele agarrou nas pesadas e antigas escamas, maravilhado por estar, efetivamente, sentado nas costas de um dragão. Era como um sonho.

      Ele segurou-se com todas as suas forças e o dragão levantou no ar. O seu estômago sentiu-se aliviado e ele mal podia acreditar no que sentia. Pela primeira vez na sua vida, ele estava a voar no ar, por cima das ruas, mais rápido do que nunca.

      Theon, mais rápido do que todos eles, voava mesmo acima das ruas, girando e virando, tão rapidamente que os outros dragões não conseguiam alcançá-lo no meio de toda a confusão e pó da capital. Duncan olhou para baixo e ficou espantado de ver a cidade de cima, de ver os topos de edifícios, as ruas sinuosas dispostas como um labirinto.

      Kyra dirigia Theon de uma forma brilhante e Duncan estava tão orgulhoso da sua filha, tão espantado por ela ser capaz de controlar um animal como este. Em poucos momentos, eles ficaram livres, a céu aberto, para além das paredes da capital, a sobrevoar a paisagem.

      "Temos de ir para sul!", Anvin gritou. "Há formações rochosas lá, para além do perímetro da capital. Todos os nossos homens estão à nossa espera! Eles retiraram-se para lá."

      Kyra dirigia Theon e, em pouco tempo, eles estavam todos a voar para sul, em direção a um enorme afloramento de rocha no horizonte. Duncan viu à frente centenas de pedregulhos enormes, pontilhados por pequenas cavernas no interior, no horizonte, a sul das muralhas da capital.

      Ao aproximaram-se, Duncan viu a armadura e armamento no interior das cavernas, brilhando à luz do deserto, ficando satisfeito por ver centenas dos seus homens lá dentro, esperando por ele naquele ponto de encontro.

      Kyra levou Theon para baixo e eles desceram na entrada de uma caverna enorme. Duncan pode ver o medo espelhado nos rostos dos homens lá em baixo quando o dragão se aproximou, preparando-se para um ataque. Mas, de seguida, eles avistaram Kyra e os outros nas suas costas e as suas expressões mudaram para expressões de surpresa. Eles baixaram a guarda.

      Duncan desmontou com Kyra e os outros e correu para abraçar os seus homens, muito feliz por vê-los novamente, vivos. Estavam lá Kavos e Bramthos, Seavig e Arthfael, homens que arriscaram as suas vidas por ele, homens que ele pensava que nunca mais veria.

      Duncan virou-se e viu com espanto que Kyra não tinha desmontado com os outros.

      "Porque é que ainda ai estás sentada?", perguntou. "Não ficas connosco?"

      Mas Kyra ficou lá, orgulhosa e de costas direitas, abanando solenemente a cabeça.

      "Não devo, Pai. Eu tenho uns assuntos muito importantes noutro lugar. Em nome de Escalon."

      Duncan olhava para ela, perplexo, maravilhado com a forte guerreira em que a sua filha se tinha tornado.

      "Mas onde?", perguntou Duncan. "Onde é que é mais importante do que ao nosso lado?"

      Ela hesitou.

      "Marda", ela respondeu.

      Duncan sentiu um arrepio ao ouvir a palavra.

      "Marda?", engasgou-se. "Tu? Sozinha? Nunca vais conseguir voltar!"

      Ela assentiu com a cabeça e ele via nos olhos dela que ela já sabia.

      "Eu jurei que ia", respondeu ela, "e eu não posso abandonar a minha missão. Agora que estás seguro, o meu dever chama-me. Não me ensinaste sempre que o dever vem em primeiro lugar, Pai?"

      Duncan sentiu-se a inchar de orgulho pelas palavras dela. Ele aproximou-se e abraçou-a, apertando-a contra ele, enquanto os seus homens se posicionavam à volta deles.

      "Kyra, minha filha. Tu és a melhor parte da minha alma".

      Ele viu os olhos dela cheios de lágrimas e ela assentiu de volta, mais forte, mais poderosa, sem os sentimentos que ela

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