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já entrevistou crianças depois que elas perderam um dos pais?", perguntou Porter.

      "Uma vez", disse ela. "Depois de um tiroteio. Um menino de onze anos de idade ".

      "Eu também tive poucas experiências do tipo. Não é nada divertido."

      "Não, não é", Mackenzie concordou.

      "Bem, veja, nós estamos prestes a fazer perguntas para dois meninos sobre a sua mãe morta. O assunto sobre onde ela trabalha virá à tona. Temos de tocar no assunto com muito tato—sem trocadilhos."

      Ela se irritou. Ele estava fazendo aquilo, falando daquele jeito com ela, como se ela fosse uma criança.

      "Deixe-me liderar. Você pode ser o ombro reconfortante se eles começarem a chorar. Nelson disse que a irmã dela também estará lá, mas eu não imagino que ela seja uma fonte confiável de conforto. Ela, provavelmente, estará tão devastada quanto as crianças."

      Mackenzie, na verdade, não achou que foi a melhor ideia. Mas também sabia que, porque Porter e Nelson foram envolvidos, ela precisava escolher suas batalhas sabiamente. Então, se Porter queria se encarregar de perguntar as duas crianças de luto sobre sua mãe morta, ela o deixaria ter essa massagem estranha do ego.

      "Como quiser", ela disse com os dentes cerrados.

      O carro ficou em silêncio novamente. Desta vez, Porter manteve o rádio ligado bem baixo, os únicos sons eram provenientes do passar de páginas no colo de Mackenzie. Havia uma história maior naquelas páginas e documentos que Nancy havia enviado; Mackenzie tinha certeza disso.

      Claro, para a história ser contada, todos os personagens precisavam ser revelados. E, por enquanto, o personagem central ainda estava se escondendo nas sombras.

      O carro diminuiu a velocidade e Mackenzie levantou a cabeça quando eles viraram em um quarteirão tranquilo. Ela sentiu um vazio familiar em seu estômago, e desejou estar em qualquer outro lugar que não fosse ali.

      Eles estavam prestes a falar com os filhos de uma mulher morta.

      CAPÍTULO CINCO

      Mackenzie ficou surpreso ao entrar no apartamento de Hailey Lizbrook; não era o que ela esperava. Ele era limpo e arrumado, o mobiliário bem posicionado e espanado. A decoração tinha muito de uma mulher doméstica, até as canecas de café com provérbios bonitos e os pegadores de panela pendurados em ganchos ornamentados pelo fogão. Era evidente que ela organizava tudo muito bem, até os cortes de cabelo e pijamas de seus filhos.

      Era muito parecido com a família e a casa que ela sempre sonhou em ter.

      Mackenzie lembrou a partir dos arquivos que os meninos tinham nove e quinze anos; o mais velho era Kevin e o mais novo era Dalton. Estava claro para ela que Dalton tinha chorado muito, seus olhos azuis estavam rodeados com aros de manchas vermelhas inchadas.

      Kevin, por outro lado, parecia mais irritado do que qualquer outra coisa. Assim que se acomodaram e Porter assumiu a liderança, estava perfeitamente claro que Porter tentava falar com eles em um tom que era algo entre ser condescendente e um professor pré-escolar se esforçando muito. Mackenzie estremeceu por dentro quando Porter falou.

      "Agora eu preciso saber se sua mãe tinha amigos homens", disse Porter.

      Ele estava no centro da sala, enquanto os rapazes estavam sentados no sofá. A irmã de Hailey, Jennifer, estava de pé na cozinha adjacente, fumando um cigarro ao lado do fogão com o exaustor em funcionamento.

      "Quer dizer, um namorado?", perguntou Dalton.

      "Claro, isso poderia ser um amigo do sexo masculino", disse Porter. "Mas eu nem sequer quis dizer isso. Qualquer homem com quem ela poderia ter falado mais de uma vez. Mesmo alguém como um carteiro ou alguém do supermercado."

      Ambos os rapazes estavam olhando para Porter como se estivessem que ele fizesse um truque de mágica, ou talvez, até mesmo entrasse em combustão espontânea. Mackenzie estava fazendo o mesmo. Ela nunca o tinha ouvido usar um tom tão leve. Era quase engraçado ouvir um tom tão suave sair da boca dele.

      "Não, acho que não", disse Dalton.

      "Não", Kevin concordou. "E ela não tinha namorado, também. Não que eu saiba. "

      Mackenzie e Porter olharam para Jennifer que estava perto do fogão para uma resposta. Tudo o que eles conseguiram como resposta foi um encolher de ombros. Mackenzie tinha certeza de que Jennifer estava em algum tipo de choque. Isso a fez se perguntar se poderia haver outro membro da família que pudesse cuidar destes rapazes por um tempo, uma vez que Jennifer certamente não parecia ser uma guardiã adequada naquele momento.

      "Bem, e sobre as pessoas com as quais vocês e sua mãe não se davam bem?", Perguntou Porter. "Alguma vez vocês ouviram ela discutindo com alguém?"

      Dalton somente sacudiu a cabeça. Mackenzie tinha certeza de que o garoto estava à beira das lágrimas novamente. Quanto a Kevin, ele revirou os olhos ao olhar diretamente para Porter.

      "Não", disse ele. "Não somos burros. Sabemos o que você está tentando nos perguntar. Você quer saber se podemos pensar em alguém que poderia ter matado a nossa mãe. Certo?"

      Porter parecia ter levado um soco no estômago. Ele olhou nervosamente para Mackenzie mas conseguiu recuperar a compostura rapidamente.

      "Bem, sim", disse ele. "Isso é o que eu estou tentando. Mas está claro que vocês não têm nenhuma informação. "

      "Ah é?", disse Kevin.

      Houve um momento de tensão, onde Mackenzie estava certa de que Porter seria duro com o garoto. Kevin estava olhando para Porter com dor em sua expressão, quase desafiando Porter a fazer o melhor que pudesse.

      "Bem", Porter disse: "Eu acho que nós lhe incomodamos o suficiente, meninos. Obrigado pelo seu tempo ".

      "Espere", disse Mackenzie, a objeção saiu da boca dela antes que ela fosse capaz de pensar em pará-la.

      Porter lhe deu uma olhada capaz de derreter cera. Ficou claro que ele sentia que eles estavam perdendo tempo falando com esses dois filhos angustiados—especialmente um de quinze anos de idade, que tinha claramente problemas com autoridade. Mackenzie ignorou sua expressão e ajoelhou-se ao nível dos olhos de Dalton.

      "Escute, você acha que poderia ficar na cozinha com sua tia por um segundo?"

      "Sim", Dalton disse, sua voz era áspera e macia.

      "Detetive Porter, por que você não vai com ele?"

      Mais uma vez, o olhar de Porter na direção dela estava cheio de ódio. Mackenzie olhou de volta para ele, inflexível. Ela fez uma expressão inflexível como pedra e estava determinada a ficar firme desta vez. Se ele queria discutir, eles teriam uma conversinha lá fora. Mas ficou claro que, mesmo em uma situação com duas crianças e uma mulher praticamente catatônica, ele não queria ser constrangido.

      "Claro", ele finalmente disse entre os dentes.

      Mackenzie esperou um momento enquanto Porter e Dalton entravam na cozinha.

      Mackenzie voltou e ficou de pé. Ela sabia que aos doze anos de idade ou mais, a tática de ficar ao nível dos olhos da criança já não funcionava.

      Ela olhou para Kevin e viu que a provocação que ele tinha mostrado a Porter ainda estava lá. Mackenzie não tinha nada contra os adolescentes, mas ela sabia que eles eram, muitas vezes, difíceis de trabalhar—especialmente no meio de circunstâncias trágicas. Mas ela tinha visto como Kevin tinha respondido Porter e pensou que ela poderia saber como se aproximar dele.

      "Fale para mim a verdade, Kevin", disse ela. "Você sente que nós aparecemos cedo demais? Você acha que nós estamos sendo precipitados, fazendo perguntas logo depois de vocês terem recebido a notícia sobre sua mãe?"

      "Mais ou menos", disse ele.

      "Você apenas não sente vontade de falar agora?"

      "Não, eu posso falar", disse Kevin. "Mas esse cara é um idiota."

      Mackenzie sabia que essa era sua chance. Ela poderia ter uma abordagem profissional, formal,

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