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o primeiro dia, Porter não escondeu sua antipatia por ela. Afinal, ela tinha substituído o homem que foi parceiro de Porter por vinte e oito anos e que foi retirado do grupo, para a preocupação de Porter, para dar lugar a uma jovem.

      Mackenzie ignorou seu desrespeito descarado; ela se recusou a deixá-lo afetar sua ética de trabalho. Sem uma palavra, ela voltou para ver o corpo. Ela o estudou de perto. Doeu estudá-lo, e ainda, na medida em que lhe dizia respeito, não havia nenhum corpo morto que jamais iria afetá-la tanto quanto o primeiro que ela já tinha visto. Ela estava quase atingindo o ponto em que ela não via mais o corpo de seu pai quando ela analisava uma cena de assassinato. Mas ainda não havia chegado a tal ponto. Ela tinha sete anos de idade, quando entrou no quarto e viu ele meio esparramado na cama, em uma poça de sangue. E ela nunca mais parou de relembrar essa cena desde então.

      Mackenzie procurou pistas de que este assassinato não tinha ocorrido por causa de sexo. Ela não viu sinais de hematomas ou arranhões em seus seios ou nádegas, nenhum sangramento externo ao redor da vagina. Ela então olhou para as mãos e os pés da mulher, se perguntando se poderia haver um motivo religioso; sinais de perfuração ao longo das palmas das mãos, tornozelos e pés poderiam denotar uma referência à crucificação. Mas não havia sinais disso também.

      No breve relato que ela e Porter receberam, ela sabia que as roupas da vítima não tinham sido encontradas. Mackenzie pensou que isso provavelmente significava que o assassino estava com elas, ou as tinha descartado. Isto indicava que ele era ou cauteloso, ou obsessivo. Acrescentando isso ao fato de que sua motivação na última noite, quase certamente, não tinha sido de natureza sexual. Ela acrescentou também a possibilidade de ele ser um assassino potencialmente evasivo e calculista.

      Mackenzie se afastou até a entrada da clareira e observou a totalidade da cena. Porter olhou meio de lado para ela de depois a ignorou completamente, continuando a falar com Nelson. Ela notou que os outros policiais estavam olhando para ela. Alguns deles, pelo menos, estavam observando seu trabalho. Ela chegou ao posto de detetive com uma reputação de ser excepcionalmente brilhante e altamente considerada pela maioria dos instrutores na academia de polícia, e de tempos em tempos—moças e rapazes como ela—faziam para ela perguntas interessadas ou queriam saber sua opinião sobre determinadas situações.

      Por outro lado, ela sabia que alguns dos homens que estavam na clareira com ela também poderiam estar dando uma “olhadinha” nela, também. Ela não sabia o que era pior: os homens que olhavam para a bunda dela enquanto ela caminhava para analisar a cena ou os que riam pelas costas porque a menininha estava tentando desempenhar o papel de detetive “casca grossa”.

      Enquanto ela estudava a cena, ela foi novamente atacada pela suspeita persistente de que algo estava terrivelmente errado ali. Ela sentiu como se estivesse abrindo um livro e lendo a primeira página de uma história que ela sabia que tinha algumas páginas muito difíceis pela frente.

      Este é apenas o começo, ela pensou.

      Ela olhou para a poeira em torno do mastro e viu algumas marcas de botas, mas nada que pudesse fornecer impressões. Havia também uma série de formas na poeira que quase pareciam uma serpentina. Ela agachou para olhar mais de perto e viu que várias das formas se arrastavam de um lado para o outro, envolvendo o caminho em torno do mastro de madeira de uma forma interrompida, como se aquilo tivesse girado em torno do mastro várias vezes. Ela então olhou para as costas da mulher e viu que os cortes em seu corpo tinham mais ou menos a mesma forma das marcas no chão.

      "Porter", disse White.

      "O que foi?", Ele perguntou, claramente irritado por ter sido interrompido.

      "Eu acho que tenho impressões de armas aqui."

      Porter hesitou por um segundo e, em seguida, caminhou até onde Mackenzie estava agachada. Quando ele agachou ao lado dela, ele gemeu um pouco e ela pôde ouvir o ranger do cinto dele. Ele tinha cerca de 22 quilos a mais e isso se tornava cada vez mais evidente a medida que ele se aproximava dos cinquenta e cinco.

      "Algum tipo de chicote?", ele perguntou.

      "Parecido com isso."

      Ela examinou o chão, seguindo as marcas na areia por todo o caminho até o mastro e ao fazê-lo, ela notou algo mais. Era algo minúsculo, tão pequeno que ela quase não teria visto.

      Ela andou até o mastro com cuidado para não tocar o corpo antes que a perícia forense chegasse. Ela se agachou novamente e sentiu o peso do calor da tarde pressionando seu corpo para baixo. Destemida, ela esticou a cabeça para mais perto do mastro, tão perto que sua testa quase tocou na madeira.

      "Que diabos você está fazendo?", perguntou Nelson.

      "Algo está esculpido aqui", disse ela. "Parecem números".

      Porter veio para investigar, mas ele fez de tudo para não se curvar novamente. "White, o pedaço de madeira tem facilmente uns vinte anos", disse Porter. "Essa marca parece tão velha."

      "Talvez", disse Mackenzie. Mas ela não pensava assim.

      Já sem interesse na descoberta, Porter voltou a falar com Nelson, comparando anotações sobre as informações que tinha obtido do agricultor que descobriu o corpo.

      Mackenzie tirou seu telefone e tirou uma foto dos números. Ela ampliou a imagem e os números se tornaram um pouco mais claros. Vê-los em detalhe, mais uma vez a fez sentir como se tudo isso fosse o começo de algo muito maior.

N511/J202

      Os números não significavam nada para ela. Talvez Porter estivesse certo; talvez eles não significavam absolutamente nada. Talvez eles tivessem sido esculpidos ali por um registrador quando o mastro foi feito. Talvez alguma criança entediada lhes havia esculpido em algum lugar ao longo dos anos.

      Mas isso não parecia correto.

      Nada parecia fazer sentido.

      E ela sabia, em seu coração, que esse era apenas o começo.

      CAPÍTULO DOIS

      Mackenzie sentiu um nó no estômago quando olhou para fora do carro e viu as vans de reportagens empilhadas, repórteres disputando a melhor posição para ataca-la juntamente com o Porter, assim que eles chegassem na delegacia. Quando Porter estacionou, White viu vários âncoras dos noticiários chegando, correndo pelo gramado da delegacia com cinegrafistas sobrecarregados de equipamentos correndo atrás deles.

      Mackenzie viu Nelson na entrada, fazendo o que podia para acalmá-los, parecendo desconfortável e agitado. Mesmo dali ela podia ver o suor brilhando em sua testa.

      Quando saíram, Porter caminhou ao lado dela, certificando-se de que ela não seria a primeira detetive a ser vista pela mídia. Quando ele passou por ela, ele disse: "Não diga nada para estes vampiros."

      Ela sentiu uma onda de indignação com o seu comentário condescendente.

      "Eu sei, Porter."

      A multidão de repórteres e câmeras os alcançou. Havia pelo menos uma dúzia de microfones saindo da multidão em direção aos seus rostos enquanto eles passavam. As perguntas chegaram até eles como o zumbido de insetos.

      "Os filhos da vítima já foram avisados?"

      "Qual foi a reação do agricultor quando ele encontrou o corpo?"

      "Trata-se de um caso de abuso sexual?"

      "É sensato ter uma mulher como responsável por um caso como este?"

      Essa última provocou Mackenzie um pouco. Claro, ela sabia que eles estavam simplesmente tentando chegar à uma resposta, esperando por uma declaração suculenta de vinte segundos para o noticiário da tarde. Eram apenas quatro horas; se agissem rapidamente, eles poderiam ter uma pepita para o noticiário das seis.

      Enquanto ela fazia o seu caminho através das portas até o interior, a última pergunta ecoou como um trovão na cabeça dela.

      É sensato ter uma mulher como responsável por um caso como este?

      Ela se lembrou de como Nelson friamente tinha lido a informação sobre Hailey Lizbrook.

      Claro

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