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mas mais decidido e veloz. Com isso, percorremos rapidamente o trecho. E logo em seguida estou em frente de onde tudo começou. Controlo minhas emoções; avançamos ainda mais e paramos na entrada dela. Neste momento, o hindu repassa as últimas recomendações, se despede e diz que é melhor eu prosseguir sozinho a partir de agora. Entendo o seu lado e estou prestes a encarar um novo desafio. Agora era eu e a gruta, mais uma vez. Espero um pouco e caminho com convicção, adentrando na gruta. Inicialmente a caminhada é rápida, mas com precaução. Como era esperado, aparecem no caminho várias armadilhas, mas desta feita, diferentemente da última vez, consigo superá-las com facilidade, usando minhas artimanhas de vidente. Depois de certo tempo de caminhada, sinto-me cansado e aproveito para refletir sobre meus passos. Será que a gruta amoleceu ou até mesmo sentiu pena de mim? Ou eu estava mais preparado do que a última vez? Uma das opções era verdadeira, mas naquele momento eu não sabia qual. Depois de descansar, continuo a caminhada nas galerias da gruta, buscando um sinal ou pista do que eu estava procurando. Apesar de cada vez mais me aprofundar nela, nada aparece. Continuo a caminhar esperançoso e depois dum intervalo que não sei mensurar, pois o ambiente da gruta é diferente de tudo que eu vi, aparecem finalmente duas portas. Paro em frente a elas e me pergunto o que será exatamente que elas significam? Fico com dúvidas, pois o meu atual mestre não tinha me orientado nesse sentido. Sem saída, resolvo apelar para os meus poderes de vidente e depois de algum esforço consigo visualizar a aura delas, o que foi um grande feito. Com essa informação, soluciono meus problemas e descubro que uma representa a pura luz e a outra representa a noite escura da alma. Analisando as duas opções, verifico que o caminho da pura luz é o meu caminho, que representa renúncias e escolhas difíceis na vida de qualquer ser humano. Apesar disso, acredito que este não é o momento de escolhê-la. Já o caminho da noite escura da alma representa o puro conhecimento e o momento em que nos desligamos de Deus para só pensarmos em nós mesmos, em nossos egoísmos e vaidades. Excluindo o primeiro, acredito que este caminho vai me ajudar a entender o que se passou comigo um pouco antes de eu me tornar o vidente. Certo da minha escolha, abro a porta da esquerda (noite escura da alma). Ao abri-la, uma força sufocante me puxa para dentro e imediatamente tenho acesso a um amplo salão, pouco iluminado e triste, repleto de imagens de santos. Avanço em direção ao centro e consigo ler no piso uma frase. Ela diz: Escolha seu santo e boa sorte. Tenho várias opções: O santo dos desesperados, o santo das causas impossíveis, o santo dos oprimidos, o santo das viagens, entre outros. Analiso calmamente a situação e minhas necessidades. Não estou desesperado como da última vez que entrei na gruta, nem estou injustiçado. Estes santos não me servem. Estava exatamente ali em busca duma viagem além dos sentidos e tentar descobrir meus reais poderes. Eliminando as opções desnecessárias, resolvo ficar com o santo das viagens. Feita a escolha, toco no santo respectivo e ao fazer isso várias portas são abertas à minha frente e numa delas estava escrito: viagem astral ou espiritual. Sem mais nenhuma dúvida, caminho em direção da mesma e ao abri-la o inusitado acontece.

      Rapidamente, os meus sentidos são despertados e num impulso meu espírito vagueia em tempos e espaços distantes. Nesta viagem, nada parece muito claro, mas posso vislumbrar trevas, sofrimento, confusão e muita dor. Vejo a bravura dum homem que luta consigo mesmo numa guerra infindável contra sua noite escura da alma. Nesta luta, vejo batalhas perdidas e ganhas ao mesmo tempo. Vejo também a noite escura se reforçando a cada deslize seu, e o desespero caindo sobre o miserável. Já no plano espiritual, vejo mundos em batalha pela alma desse homem. Há uma pequena passagem de tempo e vejo no final uma pequenina luz que pode ser a salvação dele. Essa luz é intensa e a noite escura se dissipa com sua presença, mas falta atitude por parte do homem. Será que seu arrependimento é mesmo sincero? A sua noite escura ainda se achava presente em seu coração? Antes de obter as respostas, a experiência termina e volto ao meu estado natural. A porta se fecha e me vejo de volta ao mesmo salão. Sem mais nada a descobrir, resolvo fazer o caminho de volta. Depois de alguns instantes, retorno às galerias e avançando rapidamente percorro em duas horas todo o percurso da gruta. Ao sair, reencontro o hindu e me aproximo para as primeiras considerações.

      – E aí? Como é que foi? Encontrou aquilo que procurava? – Pergunta ele.

      – A gruta me ajudou em certo sentido, mas ainda não respondeu às questões cruciais. Acho que tenho que continuar arriscando, seguindo este perigoso e tortuoso caminho de trevas a fim de conseguir chegar a tão desejada revelação final. Você continua me ajudando?

      – Claro que sim. Com a meditação e a viagem astral que aperfeiçoamos, acredito que já é capaz de passar à próxima etapa, realizando mais um desafio amanhã. Por hora, é melhor voltarmos para casa para descansar.

      Concordo com o meu atual mestre e começamos a caminhada imediatamente. Os passos iniciais são regulares, refletindo o estado de espírito de nós dois, de quem acaba de superar mais uma etapa. O que nos esperava a partir de agora? Eu nem imaginava, e era isso que fazia a nossa atual aventura tão especial quanto à primeira. Apesar de todas as dúvidas que ainda tinha, eu estava convicto do que queria e aonde queria chegar. Com essa convicção, apresso mais os passos e o meu mestre me acompanha na trilha. Desbravamos a distância que nos separava da nossa humilde casa em pouco tempo e ao chegarmos preparamos um lanche e depois descansamos nas nossas camas desconfortáveis. Neste momento, meus pensamentos eram preenchidos com as expectativas do próximo dia, que seria decisivo e definitivo na minha carreira iniciante de escritor.

      Os primeiros raios de sol surgem, anunciando a chegada de um novo dia. Com a iluminação, os meus sentidos acabam despertando pouco a pouco. Tento levantar imediatamente, mas o peso das experiências do dia anterior acaba por evitar essa atitude de minha parte. Mesmo assim, não me conformo, reúno as minhas forças restantes e num impulso consigo finalmente levantar. Ao ficar em pé, espreguiço-me e me dirijo ao improvisado banheiro com o intuito de fazer meu asseio matinal. Ao chegar, entro, fecho a porta, dispo-me e começo a jogar água fria no corpo, reservada numa tina que eu mesmo enchera. O primeiro contato com a água fria me renova os ânimos e a disposição de continuar lutando por meus sonhos e objetivos. Tento simplificar as coisas da melhor maneira possível, fazendo um asseio corporal bem feito e rápido. Numa sequência de água e ensaboadas, termino de ficar completamente limpo, visto uma roupa limpa, saio do banheiro e vou tomar meu café da manhã. Chegando no que corresponde á cozinha, reencontro o hindu, que preparara tudo para o nosso desjejum, começo a me servir e a conversar com ele.

      – Você se recuperou totalmente das façanhas de ontem? – Pergunta o mestre. – Olha, o desafio de hoje não é nada fácil, alerta.

      – Para ser sincero, não muito. Porém, encontro-me muito disposto. Diga-me, resumidamente, como devo agir para angariar mais uma vitória neste próximo desafio?

      – Primeiramente, você deve manter o seu espírito de luta e coragem. Segundo, use sua sabedoria e o aperfeiçoamento de ontem como armas para superar todas as adversidades. Seja firme e não perca a fé em nenhum momento. Só assim poderás sair novamente vencedor e como prêmio receberás o conhecimento completo sobre o quarto pecado capital.

      – Entendi. Obrigado. Poderia dar também dicas sobre o local e horários exatos da realização desse novo desafio?

      – Quanto ao local, não posso ajudá-lo. Siga sua intuição. Em relação ao horário, será as 08h00min da manhã.

      Com esta resposta do hindu, observo o meu relógio de bolso e verifico que está quase no horário. Um leve estremecimento no corpo acontece, mas eu prefiro acreditar que vai ficar tudo bem. Apresso-me e termino o meu desjejum, despeço-me do hindu e saio imediatamente para cumprir mais uma etapa na minha carreira. Ao sair, começo a traçar meus planos e matutar sobre qual direção seguir. Instintivamente, decido pelo Nordeste devido ao fato de eu nunca ter percorrido aquelas bandas. Definida a direção, agora só me restava a postura. Com o intuito de ajudar minha mente, relembro os conhecimentos de outrora (os que eu tinha absorvido desde a aventura anterior até aquele momento) e o aperfeiçoamento que tive com a supervisão do hindu. Analisando com cuidado e imparcialmente, termino por concluir que eles tinham sido e eram muito importantes para eu me tornar o homem que eu era naquele momento. Por isto, eu deveria usá-los

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