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uma decisão: Era chegada a hora do encontro com o hindu. Eu tinha uma missão a cumprir. Recoberto de esperanças, começo a dar os primeiros passos rumo ao local que a guardiã me indicara. Neste momento, um sentimento de inquietação e medo do desconhecido preenche todo o meu ser, apesar de eu ser um vidente preparado pela gruta mais perigosa do mundo. Quem era esse homem que provocava esse tipo de reação? Certamente não era comum. O fato de ele dominar os mistérios dos quatro últimos pecados capitais o qualificava ainda mais. Seria realmente um privilégio conviver, mesmo que fosse por pouco tempo, com um homem desses, concluo. No instante posterior, acalmo-me mais e acelero os meus passos, pois a curiosidade imperava. Avanço mais e chego a metade do percurso. As minhas forças opostas dão sinal de que estão em choque e então me esforço para controlá-las. Qualquer deslize seria fatal.

      A caminhada rápida faz minha mente vagar por tempos e espaços distantes, à procura de respostas sobre a condição humana. A aventura anterior, as minhas sombras, a evolução e a própria estrutura da sociedade são alguns dos temas que ela repassa. Analisando o primeiro item, lembro-me muito bem da última vez que subi a montanha em busca do meu destino e dos meus sonhos. Neste respectivo caminho, consegui escalar uma montanha íngreme e cheguei ao seu topo. Lá encontrei a guardiã, o fantasma, a jovem, o menino, e a convivência com eles, junto com os desafios, deram-me uma maior certeza do que eu queria. Depois de ultrapassar vários obstáculos, finalmente entrei na gruta, obtive o sucesso e enfim me transformei num vidente poderoso, capaz de desvendar os mistérios mais profundos e realizar milagres no tempo e no espaço. Com todos esses atributos, consegui reunir as forças opostas, mas isto ainda era apenas a primeira etapa da minha evolução. O meu desafio era bem maior do que eu imaginava. Entre os desafios, estava a controlar minha própria força, anseios e conhecer profundamente a noite escura, a qual eu tinha vivido intensamente há pouco tempo. Essa parte tenebrosa da minha vida ainda me preocupava e se eu não conseguisse superá-la não chegaria a compreender as diversas noites escuras pelas quais as pessoas passam. Isto tudo remetia a uma palavra: Evolução. Era necessário evoluir como vidente e como homem para no futuro chegar ao caminho do Pai sem ressentimentos, sem dor e sem medo. Ficar entre os justos era o meu objetivo principal. No entanto, eu não poderia pensar apenas em mim mesmo e esquecer os meus demais companheiros que labutam diariamente numa sociedade injusta e pérfida. Tenho que achar alternativas para que eles evoluam também, apesar de todas as dificuldades impostas pelo capitalismo e pelas elites. Bem, isso é tema para outro livro. Agora tenho que me concentrar em conhecer completamente a noite escura e posteriormente superá-la.

      Continuo avançando no caminho e um tempo depois consigo avistar a casinha de sapê. Neste momento, meu coração dispara e fico parado em plena Contemplação. Posteriormente, consigo me recupera do choque e volto a caminhar na direção indicada. Ao chegar à beira da porta, bato palmas. Imediatamente sou atendido por um homem magro, aparentando cerca de sessenta anos, com pele bronzeada, corpo bem definido, vestido com trajes típicos de seu país de origem. Ele inicia o diálogo.

      – Quem é você? O que quer aqui? Olha, eu estava num sono reparador.

      – Desculpe-me por incomodá-lo, mas vim aqui por extrema necessidade. Sou o enviado do espírito da montanha e meu objetivo é entender melhor sobre a noite escura da alma e com isso obter o conhecimento necessário a fim de prosseguir em minha iniciante carreira de escritor.

      – Então você é o famoso sonhador que enfrentou a gruta e seu fogo. A guardiã já tinha me falado sobre seu caso. Venha, entre na minha humilde morada para nos conhecermos melhor.

      Aceito prontamente o pedido e o acompanho. Ao entrar em sua residência, sinto os bons fluidos que emanam do local e isto me deixa mais tranquilo. Aproveito a entrada para observar os detalhes e vejo uma cama, um baú, uma mesa com cadeiras e quadros estranhos. Ele toma a palavra mais uma vez.

      – Sente-se aqui (arrastando uma cadeira) e me conte sobre suas aspirações e buscas.

      – Eu me chamo Aldivan, vidente, ou filho de Deus. Tudo começou há aproximadamente um ano atrás, quando cansado da rotina e da mesmice, resolvi fazer uma tentativa desesperada para realizar os meus sonhos quase impossíveis. A tentativa foi escalar uma montanha que prometia ser sagrada num fim de mundo. Ao chegar no local, a escalei passando por muitas dificuldades e obstáculos, mas finalmente cheguei no seu topo. Lá conheci uma estranha senhora que se denominou a guardiã da montanha e que me prometeu ajudar em minha busca. Neste caminho, realizei desafios, e ao ser aprovado, obtive o direito de entrar num local ultra sagrado, uma gruta capaz de realizar os desejos mais profundos do ser humano. Sem pensar nas consequências, entrei na mesma, enfrentei armadilhas e cheguei finalmente á Câmara secreta, local onde me transformei no vidente, um ser evoluído e capaz de realizar milagres no tempo e no espaço. Depois disso, pude então fazer uma verdadeira viagem no tempo, que foi um sucesso. Pude então controlar e reunir as forças opostas. Isto tudo representou apenas a primeira etapa no meu caminho de evolução contínua. Agora quero cumprir a segunda etapa, que é entender os mistérios dum complexo tema, a noite escura da alma. Por isto estou de volta e eu tenho a certeza que podes me ajudar de alguma forma neste caminho.

      – Sua história é mesmo interessante. No entanto, devo alertá-lo que a noite escura é imprevisível e cheia de perigos. Saiba que muitos mortais já quiseram entender com profundidade a noite escura. Porém, todos fracassaram em algum momento e acabaram pagando um preço alto. Tem certeza que quer continuar?

      – Eu estou ciente dos riscos, mas se eu não conseguir me libertar dos demônios da noite escura, não terei paz e nem poderei analisar imparcialmente as diversas noites escuras que porventura sejam reveladas. É absolutamente necessário continuar. O que devo fazer para conseguir superar os próximos obstáculos?

      – Primeiramente, deves mudar-se para essa casinha, pois quero ficar ciente de todas as suas fraquezas e medos. Caso não os controle, eles poderão destruí-lo. Para as próximas três etapas vamos aperfeiçoar sua meditação e viagem astral. Com esse conhecimento aliado ao autocontrole, poderás sair vencedor das emboscadas da vida.

      – Então devo voltar à cabana para trazer meus objetos pessoais.

      – Vá logo, pois o tempo é curto. Você tem que passar por mais três etapas aqui na montanha.

      Eu me despeço do hindu e começo a fazer o caminho de volta.

      O começo da caminhada me faz refletir e analisar o primeiro encontro com o hindu. Observei que ele é uma figura marcante, apesar de misteriosa. Além disso, ele se mostrou disposto a me ajudar e isso era o mais importante. Para percorrer o caminho das trevas eu precisaria realmente de auxílio de alguém mais experiente. Quais seriam os seus verdadeiros objetivos? Eu desconhecia, mas eles poderiam ser parecidos com os meus. E se tudo desse certo, nossos caminhos poderiam ser fortalecidos em busca da evolução. Evolução esta estritamente necessária na minha iniciante carreira. Só depois disso é que eu estaria apto a analisar imparcialmente os fatos da revelação final que eu estava buscando

      Na aventura anterior, eu já tinha conseguido controlar e reunir as forças opostas. Com relação a aventura atual, o objetivo básico era ter o completo entendimento sobre a noite escura, fase a qual obrigatoriamente passamos. Neste caminho tinha cumprido três etapas, auxiliado pela guardiã e me sentia pronto para enfrentar as etapas com um novo mestre, o hindu. Com ele eu esperava superar todos os perigos, mesmo que eu tivesse que pagar um preço bastante alto pelo tão ardoroso conhecimento.

      Por um momento esqueço um pouco as inquietações, medos e dúvidas, concentro-me mais na caminhada e no comportamento frente ao hindu. Depois de pensar um pouco, acho que deveria demonstrar segurança e tranquilidade, mesmo que não estivesse sentindo isso. Afinal, ele parecia ser um mestre rígido e autoritário com seus discípulos. Bem, o que realmente importava é que seus métodos eram eficazes, pois ele era o único a controlar os quatro últimos pecados capitais. Só me restava descobrir como ele conseguira tal façanha.

      Sem pensar em mais nada, continuo caminhando. Alguns passos mais e já ultrapasso metade do percurso e isto me fazia mais feliz, pois logo chegaria à cabana

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