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a certeza de que podemos perdoar isto desta vez” disse o lorde, como se tivesse o poder de a perdoar ou de a condenar. “Qual é sua solução, Sua Majestade?”

      A Viúva encolheu os ombros. “Eu pensei que nós começaríamos com um casamento.”

      Ela ficou ali, esperando que o furor diminuísse, com as várias fações dentro da Assembleia a gritarem umas com as outras. Os monarquistas estavam a aclamarem seu apoio, os antimonarquistas a reclamarem sobre o desperdício de dinheiro. Os militares estavam a assumir que ela os estava a ignorar, enquanto aqueles que eram das regiões mais distantes do reino queriam saber o que isso significava para o povo deles. A Viúva não disse nada até ter a certeza de que tinha a atenção deles.

      “Oiçam-se a vocês próprios, a balbuciarem como crianças assustadas” disse ela. “Vossos tutores e vossas governantas não vos ensinaram a história de nossa nação? Quantas vezes é que os inimigos estrangeiros procuraram reivindicar nossas terras, invejosos de sua beleza e riqueza? Devo os listar para vocês? Devo falar-vos sobre os fracassos da Frota de Guerra de Havvers, a invasão dos Sete Príncipes? Mesmo em nossas guerras civis, os inimigos que vieram de fora foram sempre repelidos. Já se passaram mil anos desde que alguém conquistou esta terra, e ainda assim vocês entram em pânico agora porque alguns inimigos invadiram nossa primeira linha de defesa.”

      Ela olhou ao redor da sala, envergonhando-os como se eles fossem crianças.

      “Eu não posso dar muito ao nosso povo. Eu não posso comandar sem vosso apoio, e com razão.” Ela não queria que eles discutissem sobre o poder dela aqui e agora. “Porém, eu posso dar-lhes esperança, e é por isso que hoje, nesta Assembleia, quero anunciar um evento que oferece esperança para o futuro. Desejo anunciar o casamento iminente de meu filho Sebastian com Lady d'Angélica, Marquesa de Sowerd. Algum de vocês vai querer forçar uma votação sobre o assunto?”

      Eles não quiseram, embora ela suspeitasse que era porque eles ficaram extremamente surpreendidos com o anúncio. A Viúva não se importou. Ela saiu da câmara, decidindo que seus próprios preparativos eram mais importantes do que quaisquer negócios que fossem concluídos em sua ausência.

      Ainda havia muito a fazer. Ela precisava ter a certeza de que as filhas dos Danses haviam sido contidas, precisava de fazer os preparativos para o casamento...

      O ataque de tosse apoderou-se de si de repente, apesar de ela ter estado à espera de isso durante a maior parte de seu discurso. Quando seu lenço ficou manchado de sangue, a Viúva soube que tinha pressionado muito hoje. Isso, e as coisas estarem a progredir mais depressa do que gostaria.

      Ela iria terminar as coisas aqui. Garantiria o reino para seus filhos, contra todas as ameaças, fazendo tudo o que fosse preciso. Veria a continuação de sua linhagem. Veria os perigos eliminados.

      Antes de tudo isso, porém, havia alguém que ela precisava de ver.

      ***

      “Sebastian, eu sinto muito” disse Angélica, e depois deteve-se franzindo a testa. Isso não estava bem. Muito ansioso, muito vivaço. Ela precisava de tentar novamente. “Sebastian, eu sinto muito.”

      Melhor, mas ainda não estava suficientemente bem. Ela continuou a praticar enquanto caminhava pelos corredores do palácio, sabendo que quando chegasse a hora de realmente o dizer a sério, teria que ser perfeito. Ela precisava de fazer com que Sebastian entendesse que ela sentia a dor dele, porque esse tipo de compreensão era o primeiro passo para conquistar seu coração.

      Teria sido mais fácil se ela tivesse sentido algo mais do que felicidade ao pensar em Sophia morta. Apenas a lembrança da faca a deslizar para dentro dela provocava-lhe um sorriso que não poderia mostrar a Sebastian quando ele voltasse.

      Isso não demoraria muito. Angélica tinha chegado a casa primeiro que ele por cavalgar depressa, mas ela não tinha dúvida de que Rupert, Sebastian e todos os restantes voltariam em breve. Ela precisava de estar preparada quando eles chegassem, porque não adiantava nada remover Sophia se ela não conseguisse aproveitar a lacuna que isso deixava.

      Por enquanto, porém, Sebastian não era o membro da família com quem ela se precisava de preocupar. Ela ficou do lado de fora dos aposentos da Viúva, e respirou fundo enquanto os guardas a observavam. Quando eles abriram as portas em silêncio, Angélica pôs seu melhor sorriso e aventurou-se a avançar.

      “Lembra-te de que tu fizeste o que ela quer” disse Angélica para si mesma.

      A Viúva estava à sua espera, sentada numa cadeira confortável e a beber um chá de ervas qualquer. Angélica lembrou-se de sua profunda reverência desta vez, e parecia que a mãe de Sebastian não estava com disposição para brincadeiras.

      “Por favor, levanta-te, Angélica” ela disse num tom que era surpreendentemente suave.

      Ainda assim, fazia sentido que ela estivesse satisfeita. Angélica fizera tudo o que era necessário.

      “Senta-te ali” a mulher mais velha disse, apontando para um lugar ao seu lado. Era melhor do que ter que se ajoelhar diante dela, embora ser comandada desse modo fosse ainda uma pequena humilhação para Angélica. “Vá, conta-me sobre tua jornada para Monthys.”

      “Está feito” disse Angélica. “Sophia está morta.”

      “Tens a certeza disso?” perguntou a Viúva. “Verificaste o corpo dela?”

      Angélica franziu a testa com tal pergunta. Nada era suficientemente bom para esta velha mulher?

      “Eu tive que escapar antes disso, mas eu esfaqueei-a com um punhal com o veneno mais perigoso que eu tinha” disse ela. “Ninguém poderia ter sobrevivido.”

      “Bem” disse a Viúva “espero que estejas correta. Meus espiões dizem que a irmã dela apareceu?”

      Angélica sentiu seus olhos a arregalarem-se ligeiramente ao ouvir isso. Ela sabia que Rupert ainda não estava de volta, portanto como é que a Viúva poderia ter ouvido tanto, tão rapidamente? Talvez ele tivesse enviado um pássaro à frente.

      “É verdade” disse ela. “Ela partiu com o cadáver de sua irmã, num barco rumo a Ishjemme.”

      “Indo para Lars Skyddar, sem dúvida” murmurou a Viúva. Foi outro pequeno choque para Angélica. Como é que camponesas como Sophia e sua irmã podiam conhecer alguém como o governante de Ishjemme?

      “Eu fiz o que tu querias” disse Angélica. Até para si, tal pareceu defensivo.

      “Estás à espera de elogios?” perguntou a Viúva. “Talvez uma recompensa? Algum título insignificante para adicionar à tua coleção, talvez?”

      Angélica não gostava que falassem consigo com tal arrogância. Ela tinha feito tudo o que a Viúva tinha exigido. Sophia estava morta e Sebastian estaria em casa em breve, pronto para a aceitar.

      “Acabei de anunciar vossas núpcias à Assembleia dos Nobres” disse a Viúva. “Acho que casares com meu filho seria uma recompensa suficiente.”

      “Mais do que suficiente” disse Angélica. “Mas será que desta vez Sebastian vai aceitar?”

      A Viúva estendeu a mão e Angélica teve de se esforçar para não recuar quando a velha mulher lhe deu umas palmadinhas em suas bochechas.

      “Tenho a certeza de que eu disse que isso fazia parte de tua função. Distrai-o. Sedu-lo. Põe-te de joelhos à frente dele e implora, se for preciso. Meus reportes dizem que ele está encoberto pela dor em seu caminho para casa. Teu trabalho será fazer com que ele esqueça tudo isso. Não o meu, o teu. Faz um bom trabalho, Angélica.” A Viúva encolheu os ombros. “Agora sai. Eu tenho coisas para fazer. Eu tenho que ter a certeza que tu realmente mataste Sophia, afinal.”

      A despedida foi abrupta o suficiente para ser rude. Com qualquer outra pessoa, teria sido suficiente para justificar a retribuição. Com a Viúva, não havia nada que Angélica pudesse fazer, e isso só piorava as coisas.

      Ainda

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