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respondeu e checou suas anotações. – Acreditamos que o nome dela é Cindy Jenkins. Veterana de Harvard. Da irmandade. Kappa Kappa Gamma. Desapareceu duas noites atrás. A guarda do campus e os policiais de Cambridge divulgaram a foto dela ontem à noite. O pessoal do Connelly analisou as fotos e descobriu. Ainda precisamos da confirmação. Vou ligar para a família.

      - Como está a nossa busca por imagens?

      - Jones e Thompson estão trabalhando nisso agora. Você os conhece, certo? Detetives excelentes. Eles estão conosco hoje. Depois disso, estamos por conta própria a não ser que provemos que precisamos de recursos extras. Não há câmeras na entrada do parque, mas há algumas na estrada e pela rua. Teremos algo hoje à tarde.

      - Alguma testemunha?

      - Até agora não. Os ciclistas são inocentes. Posso vasculhar.

      Avery analisou a área isolada. A fita amarela cobria uma grande parte do parque. Nada extraordinário podia ser visto perto do rio, do caminho dos ciclistas ou da grama. Ela tentou criar uma imagem mental do que tinha acontecido. Ele devia ter dirigido pela estrada principal, estacionado perto da água para ter acesso fácil ao banco. Como ele colocou o corpo no banco sem nenhuma suspeita?

      Pessoas poderiam ter visto. Ele tinha que estar preparado para aquilo. Talvez ele fez parecer como se ela estivesse viva? Avery olhou novamente para o corpo. Definitivamente essa era uma possibilidade. A garota era linda, mesmo morta. Obviamente ele havia passado muito tempo planejando para ter certeza de que ela parecesse perfeita. Não tinha sido uma gangue de assassinos, ela se deu conta. Nem um apaixonado desprezado. Era diferente. Avery tinha visto isso antes.

      De repente, ela pensou que O’Malley poderia estar certo. Talvez ela não estivesse pronta.

      - Posso pegar seu carro emprestado? – Ela pediu.

      Ramirez levantou a sobrancelha.

      - E a cena do crime?

      - Você é um bom garoto. Descubra.

      - Onde você vai?

      - Harvard.

      CAPÍTULO QUATRO

      Ele estava sentado em um escritório em um cubículo. Superior, vitorioso, mais poderoso do que qualquer pessoa no planeta. A tela do computador estava aberta a sua frente. Com um suspiro profundo, fechou os olhos e relembrou.

      Recordou do profundo porão de sua casa, que mais parecia um viveiro. Muitas variedades de flores alinhadas na sala principal: vermelhas, amarelas e brancas. Muitas outras plantas psicodélicas, cada uma conseguida através de incontáveis anos, estavam em grandes calhas. Algumas eram estranhas e intrigantes, outras tinham uma aparência mais comum, que teriam sido ignoradas em qualquer cenário selvagem, apesar de suas potentes habilidades. Um sistema de irrigação automático, um medidor de temperatura e luzes de LED mantinham as plantas crescendo.

      Um grande corredor feito de vigas de madeira levava às outras salas. Nas paredes, fotos. A maioria de animais em vários estágios de morte, e depois “renascidos”, preenchidos e devidamente posicionados. Um gato malhado, apoiado nas patas traseiras, brincando com um novelo. Um cachorro com pintas, rolando e esperando por um carinho na barriga.

      Depois lembrou das portas. Ele imaginou a porta da esquerda aberta. Lá, ele a viu novamente, seu corpo nu deitado na mesa prateada. Luzes fluorescentes fortes iluminavam o lugar. Em um case de vidro, várias jarras limpas com líquidos coloridos.

      Ele sentiu a pele dela quando esfregou seus dedos por sua coxa. Mentalmente, reencenou cada um dos delicados procedimentos: a drenagem, preservação, limpeza e preenchimento do corpo. Durante o “renascimento”, tirou fotos que mais tarde estariam estampadas nas paredes guardadas para seus troféus humanos. Algumas das fotos já tinham sido colocadas.

      Uma energia tremenda e surreal emergia de si.

      Durante anos, ele havia evitado humanos. Eles são sinistros, mais violentos e incontroláveis do que animais. Ele amava animais. Humanos, por outro lado, ele havia descoberto serem sacrifícios mais potentes para o Espírito Maior. Após a morte da garota, tinha visto o céu aberto, e a imagem sombria do Grande Criador o havia olhado e dito: Mais.

      Sua reverência foi interrompida por uma voz estridente.

      - Você está sonhando acordado de novo?

      Um outro funcionário estava em pé, atrás dele, resmungando com cara feia. Tinha cara e corpo de um ex-jogador de futebol. O terno azul não ajudava muito a diminuir sua ferocidade.

      Devagar, ele abaixou sua cabeça. Seus ombros foram se curvando, e ele se transformou em um mero trabalhador, desprezível.

      - Desculpe, Senhor Peet.

      - Estou cansado das suas desculpas. Me dê aquelas figuras.

      Por dentro, o assassino sorria como um gigante gargalhando. No trabalho, o jogo era quase tão animado quanto sua vida privada. Ninguém sabia quão especial ele era, quão dedicado e essencial para o delicado balanço do universo. Nenhum deles iria receber um lugar honorável no reino do Mundo Superior. O dia a dia deles, mundano, tarefas terrenas: vestir-se, ir a reuniões, mandar dinheiro de um lado a outro. Tudo sem sentido. Só fazia sentido para ele porque o conectava ao outro mundo e o permitia fazer o trabalho do Senhor.

      O comandante resmungou e saiu.

      Com os olhos ainda fechados, o assassino imaginou seu Senhor Supremo: a criatura sombria e tenebrosa que sussurrava em seus sonhos e diretamente em seus pensamentos.

      Um som em reverência saiu de seus lábios, e ele cantou, sussurrando: “Oh senhor, oh senhor, nosso trabalho é puro. Peça-me e eu lhe darei mais.”

      Mais.

      CAPÍTULO CINCO

      Avery já tinha um nome: Cindy Jenkins. Ela conhecia a irmandade: Kappa Kappa Gamma. E tinha total conhecimento sobre a Universidade de Harvard. A Liga das Heras havia a rejeitado como caloura, mas ainda assim ela tinha encontrado uma maneira de viver a vida de Harvard durante seu tempo na faculdade, namorando dois caras de lá.

      Diferente de outras universidades, as irmandades e fraternidades de Harvard não eram oficialmente reconhecidas. Não existiam casas gregas dentro ou fora do campus. As festas, no entanto, aconteciam regularmente em casas ou apartamentos fora do campus, sob o nome de “organizações” ou “clubes” especiais. Avery tinha testemunhado in loco o paradoxo da vida universitária durante seu tempo na faculdade. Todos pretendiam estar somente focados nas notas até o anoitecer, quando se transformavam em animais selvagens, sedentos por festas.

      Enquanto esperava em um semáforo, Avery fez uma busca rápida na internet e descobriu que a Kappa Kappa Gamma tinha duas áreas alugadas na mesma quadra de Cambridge: a Church Street. Um dos locais era para eventos, enquanto o outro para reuniões e encontros sociais.

      Ela passou pela ponte Longfellow, antiga MIT, e pegou à direita na Massachusetts Avenue. Logo, ela viu Harvard à sua direita, com seus incríveis prédios de tijolos vermelhos entre árvores e ruas asfaltadas.

      Havia uma vaga para estacionar na Church Street.

      Avery estacionou, fechou a porta do carro, e olhou para o sol. Era um dia quente, com temperaturas acima dos 25 graus. Ela olhou as horas: dez e meia.

      O prédio da Kappa era uma estrutura longa, de dois andares, com fachada de tijolos. No primeiro piso, havia algumas lojas de roupa. O segundo, Avery imaginou, estava reservado para escritórios e para os negócios da irmandade. O único símbolo no interfone para o segundo andar era a flor-de-lis azul, símbolo de Harvard. Ela pressionou o botão.

      Uma voz feminina arranhada saiu do interfone.

      - Olá?

      - Polícia – respondeu. – Abra.

      Um momento de silêncio.

      - Sério – a

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