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TRINTA

       CAPÍTULO TRINTA E UM

       CAPÍTULO TRINTA E DOIS

       CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

       CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

       CAPÍTULO TRINTA E CINCO

       CAPÍTULO TRINTA E SEIS

       CAPÍTULO TRINTA E SETE

      PRÓLOGO

      Quando saiu pelo terreno vazio, o amanhecer estava levando embora o último suspiro da noite. Uma chuva fina caíra na noite anterior, criando uma névoa que tomava conta do lugar. Ele caminhou vagarosa e metodicamente, como se fizesse aquilo todas as manhãs.

      Por todos os lados havia fundações de casas—casas que nunca seriam finalizadas. Ele supôs que as estruturas haviam sido feitas cinco ou seis anos atrás, e abandonadas quando a crise imobiliária chegou. Por alguma razão aquilo o irritava. Foram muitas promessas para uma família e um construtor, que acabaram falhando miseravelmente no fim.

      Contra a névoa, ele parecia magro—magro e alto, como um espantalho vivo. Seu casaco preto misturava-se perfeitamente com o cinza claro do local. Era uma cena etérea, que o fez sentir-se como um fantasma. Aquilo o fez sentir-se uma lenda, quase invencível. Sentia-se como se fosse uma parte do mundo, e o mundo uma parte de si.

      Mas não havia nada natural em sua presença ali. Na verdade, ele havia planejando aquilo por semanas. Meses, na verdade. Os anos anteriores haviam apenas passado, levando-o em direção àquele momento.

      Caminhou pela névoa e escutou a cidade. A confusão e agitação estavam, talvez, a um quilômetro de distância. Ele estava em uma parte esquecida da cidade, pobre, um lugar que sofrera um colapso econômico. Muitos sonhos e esperanças espalhavam-se por aquele chão coberto pelo nevoeiro.

      Aquilo tudo o fez querer queimar.

      Pacientemente, ele esperou. Andou de um lado para o outro sem nenhuma razão aparente. Caminhou pela calçada da rua vazia e depois pela área de construção entre as casas que nunca foram terminadas. Olhou em volta, esperando que outro vulto aparecesse na névoa. Sabendo que o universo o enviaria.

      Finalmente, apareceu.

      Mesmo antes do vulto tornar-se totalmente visível, ele podia senti-lo através da luz fraca do amanhecer e da névoa escorregadia. O vulto era feminino.

      Era o que ele estava esperando. O destino estava o ajudando.

      Com seu coração batendo forte no peito, caminhou para frente, fazendo seu melhor para parecer calmo e natural. Abriu a boca para começar a chamar por um cachorro que não estava ali. Na névoa, sua voz não parecia ser sua; estava escassa e oscilante, como um fantasma.

      Colocou a mão no bolso de seu casaco longo e puxou uma guia retrátil para cães que havia comprado no dia anterior.

      - Pea, querida! – Chamou.

      Era o tipo de nome que confundiria quem estivesse passando antes que a pessoa tivesse tempo para realmente olhar pela segunda vez.

      - Pea, querida!

      A figura da mulher chegou mais perto, caminhando pela névoa. Ele viu que ela tinha seu próprio cachorro e estava levando-o para uma caminhada matinal. O animal era de uma das menores raças, do tipo que mais parecia um rato. Claro, ele tinha essa informação sobre ela. Ele sabia praticamente tudo sobre sua programação pela manhã.

      - Está tudo bem? – A mulher perguntou.

      Ele conseguia ver o rosto dela agora. Ela era muito mais jovem que ele. Vinte anos, pelo menos.

      Segurou a guia vazia e deu um sorriso triste para a mulher.

      - Minha cachorra se perdeu. Tenho certeza que ela veio nessa direção, mas não consigo escuta-la.

      - Ah, que pena – disse a mulher.

      - Pea, querida! – Ele gritou novamente.

      Aos pés da mulher, seu pequeno cachorro levantou uma perna e urinou. A mulher pareceu quase nem perceber. Ela estava olhando para ele agora. Seus olhos pareciam estar lhe reconhecendo. Ela inclinou a cabeça. Um sorriso incerto apareceu em sua boca. Ela deu um pequeno passo atrás.

      Ele colocou a mão no outro bolso do casaco e segurou o martelo que estava escondido ali. Tirou o objeto do bolso com uma velocidade que surpreendeu até a si mesmo.

      Usou o martelo para golpeá-la com força na cabeça. O som do golpe no terreno quieto, em meio a névoa, foi quase imperceptível. Pou!

      Os olhos dela pararam. Quando ela caiu no chão, traços do sorriso tímido ainda estavam em sua boca.

      Seu pequeno cachorro chorou sobre ela e olhou para ele, latindo pateticamente. Ele caminhou na direção do cachorro e rosnou de leve. O cão urinou um pouco mais, recuou e depois correu pelo terreno, com a coleira balançando atrás dele.

      Ele colocou no bolso o martelo e a guia inútil. Depois, por um momento, olhou para baixo, para o corpo dela, e vagarosamente a alcançou. O único som que se escutava era o latido do cachorro, ecoando sem fim em meio à névoa da manhã.

      CAPÍTULO UM

      Avery colocou a última das caixas no chão do novo apartamento de sua filha e sentiu vontade de chorar. O caminhão de mudanças tinha deixado a rua cinco minutos atrás e já não havia mais volta: Rose tinha um apartamento próprio. Avery sentiu um buraco crescendo em seu estômago: aquilo era totalmente diferente de tê-la morando em um dormitório universitário, onde havia amigos em todas as esquinas, além da segurança da polícia do campus.

      Rose moraria sozinha agora. E Avery ainda não aceitara isso. Muito pouco tempos atrás, Rose estivera em perigo por conta do último caso de Avery—e aquilo era algo pelo qual ela ainda se culpava muito. Algo que a fizera sentir-se uma decepção como mãe e a deixara muito assustada por sua filha. E não era qualquer coisa que assustava uma detetive de homicídios como ela.

      Ela tem dezoito anos, Avery pensou. Você não pode segura-la para sempre, especialmente porque você não a segurou por perto quase nunca, para não dizer nunca, enquanto ela estava crescendo.

      Como Rose crescera tão rápido? Como ela se tornara uma mulher tão linda, independente e focada? Avery certamente não tinha méritos nisso, já que estivera ausente da maior parte da vida de sua filha.

      Apesar de tudo, sentiu-se orgulhosa ao ver sua filha tirar as próprias louças das caixas e coloca-las em seu próprio armário. Apesar da infância e da adolescência tumultuadas pelas quais passara, Rose havia conseguido. O futuro havia chegado, e começado com ela colocando suas louças de lojas de 1,99 nos armários de seu primeiro apartamento.

      - Estou orgulhosa de você, amor – Avery disse. Ela caminhou entre as muitas caixas que ocupavam o piso da sala.

      - Pelo que? – Rose disse.

      - Por sobreviver – Avery respondeu, rindo. – Eu sei que eu não tornei as coisas fáceis para você.

      - Você não. Mas o pai tornou. E isso não é uma indireta para você.

      Avery sentiu uma pontada de tristeza.

      - Eu sei.

      Avery sabia que admitir tal coisa era difícil para Rose. Ela sabia que sua filha ainda estava tentando encontrar uma base sólida para a relação delas. Para uma mãe

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