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soldado socou Krohn uma e outra vez. Mas Krohn não o soltava, ele rosnava e finalmente arrancou o braço do homem. O soldado gritou e caiu no chão.

      Um soldado aproximou-se e brandiu sua espada para Krohn, mas Thor rolou com seu escudo e bloqueou o golpe, salvando a vida de Krohn. Todo o seu corpo tremeu com o som estridente do golpe. Mas, enquanto Thor estava ali ajoelhado e exposto, outro guerreiro avançou sobre ele com seu cavalo, pisoteando-o, derrubando-o de cara no chão, Thor sentia como se os cascos do cavalo estavam esmagando todos os ossos do seu corpo.

      Vários soldados de McCloud saltaram e rodearam Thor, encurralando-o.

      Thor percebeu que estava em uma péssima situação. Ele daria tudo para estar montado de volta em seu cavalo naquele instante. Enquanto ele estava ali no chão, com a cabeça explodindo de dor, ele viu com o canto do olho, seus outros membros da Legião lutando e perdendo terreno. Um dos rapazes da Legião o qual ele não conhecia, soltou um grito estridente e Thor viu quando uma espada perfurou seu peito e ele caiu morto.

      Mais um membro desconhecido da Legião veio em seu auxílio, matando seu agressor com um golpe de sua lança. Mas, enquanto isso, um McCloud o atacou por trás e enfiou um punhal em seu pescoço. O jovem gritou e caiu de seu cavalo, já morto.

      Thor se voltou e olhou para cima para ver uma meia dúzia de soldados caindo sobre ele. Um deles levantou a espada e baixou-a em direção ao seu rosto. Thor estendeu a mão e bloqueou-a com seu escudo, o barulho do golpe ressoou em seus ouvidos. Porém outro soldado levantou o pé e chutou o escudo de Thor, tirando-o de sua mão.

      Um terceiro atacante pisou no pulso do Thor, prendendo-o no chão.

      Um quarto atacante avançou e levantou a lança, preparando-se para perfurar o peito de Thor.

      Thor ouviu um grande rosnado e viu quando Krohn pulou sobre o soldado, jogando-o para trás e prendendo-o no chão. Mas um soldado adiantou-se e golpeou Krohn com uma maça, atingindo-o com tanta força que o leopardo tombou com um ganido e caiu de costas, inerte.

      Outro soldado deu um passo adiante, ficando de pé sobre Thor. Ele levantou um tridente fazendo uma careta. Desta vez não havia ninguém para detê-lo. Ele se preparou para baixar o tridente direto contra o rosto de Thor e enquanto Thor estava ali preso e indefeso, ele não podia deixar de sentir que finalmente, o seu fim havia chegado.

      CAPÍTULO SETE

      Gwen estava ajoelhada ao lado de Godfrey na cabana claustrofóbica. Illepra se encontrava ao seu lado. Gwen já não aguentava mais. Ela tinha estado ouvindo os gemidos de seu irmão por horas, tinha visto como o rosto de Illepra ficava cada vez mais sombrio e parecia que Godfrey realmente iria morrer. Gwen sentia-se tão impotente, simplesmente sentada ali. Ela sentia que precisava fazer alguma coisa. Qualquer coisa.

      Ela estava atormentada não somente pela culpa e a preocupação com Godfrey, ela estava ainda mais preocupada por Thor. Ela não conseguia afastar de sua mente a imagem dele avançando para a batalha, prestes a morrer, sendo enviado por Gareth direto para uma armadilha. De alguma forma, ela também sentia que tinha de ajudar Thor. Ela ia enlouquecer se ficasse sentada ali.

      De repente, Gwen se levantou e atravessou a cabana.

      “Para onde vai?” Illepra perguntou com sua voz rouca de tantos cânticos e preces.

      Gwen virou-se para ela.

      “Eu volto logo.” Disse ela. “Há uma coisa que devo tentar.”

      Ela abriu a porta e correu para fora, para o pôr-do-sol e piscou ao ver a paisagem diante de si: o céu estava manchado de vermelho e roxo, o segundo sol posto como uma bola verde no horizonte. Akorth e Fulton, para seu crédito, ainda estavam ali, de guarda. Eles levantaram-se e olharam para ela com preocupação em seus rostos.

      “Ele vai viver?” Akorth perguntou.

      “Eu não sei.” Disse Gwen. “Fiquem aqui montando guarda.”

      “E para onde está indo?” Fulton perguntou.

      Quando ela olhou para o céu vermelho sangue e captou uma sensação mística no ar, ela teve uma ideia: havia um homem que poderia ajudá-la.

      Argon.

      Se havia uma pessoa em quem Gwen podia confiar; uma pessoa que amava Thor e que havia permanecido leal ao seu pai; uma pessoa que tinha o poder de ajudá-la, de alguma forma, essa pessoa era ele.

      “Preciso procurar alguém especial.” Disse ela.

      Ela virou-se e correu apressada pelas planícies, traçando o seu caminho para a cabana de Argon.

      Ela não tinha estado ali há anos, desde que era uma criança, mas ela lembrava que ele vivia no alto das desoladas planícies escarpadas. Ela corria e corria mal tomando o fôlego, à medida que o terreno tornava-se mais desolado, mais ventoso e a vegetação dava lugar a seixos e logo às rochas. O vento uivava e enquanto ela prosseguia a paisagem tornou-se estranha. Gwen se sentia como se estivesse andando na superfície de uma estrela.

      Ela finalmente chegou à cabana de Argon e bateu à porta, totalmente sem fôlego. Não havia nenhum trinco que ela pudesse usar em nenhum lugar. Mas Gwen sabia que aquela era a casa dele.

      “Argon!” Ela exclamou. “Sou eu! A filha de MacGil! Deixe-me entrar! Eu lhe ordeno!”

      Ela batia e batia, mas a única resposta era o uivo do vento.

      Finalmente, ela rompeu em lágrimas, exausta, sentindo-se mais impotente do que nunca. Sentia-se vazia, como se ela não tivesse mais nenhum lugar para onde ir.

      À medida que o sol se punha mais profundamente no céu, seu vermelho-sangue dava lugar ao crepúsculo. Gwen virou-se e começou a caminhar de volta colina abaixo. Ela enxugava as lágrimas de seu rosto enquanto seguia desesperada para descobrir para onde iria agora.

      “Por favor, pai.” Disse ela em voz alta, fechando os olhos. “Dê-me um sinal. Mostre-me aonde ir. Mostre-me o que fazer. Por favor, não deixe que o seu filho morra hoje. E, por favor, não deixe que Thor morra. Se você me ama, me responda.”

      Gwen entrou em silêncio, ouvindo o vento, quando, de repente, um flash de inspiração bateu nela.

      O lago. O Lago das Lamentações.

      Claro. O lago era o lugar aonde todo mundo ia para orar por alguém que estava mortalmente doente. Era um pequeno lago de águas puras e cristalinas, no meio do Bosque Vermelho, cercado por árvores altas que se elevavam até o céu. Ele era considerado um lugar sagrado.

      Obrigado pai, por me responder. Gwen pensou.

      Ela o sentiu ali, com ela naquele momento, mais do que nunca, então começou a correr apressada em direção ao Bosque Vermelho, em direção ao lago que ouviria seus lamentos.

*

      Gwen ajoelhou-se na margem do Lago das Lamentações, seus joelhos estavam apoiados na folhagem macia dos pinheiros que rodeavam a água como um anel. Ela olhava para as águas tranquilas, eram as águas mais tranquilas que ela já tinha visto, as quais espelhavam a lua crescente. Era uma lua cheia brilhante, a maior que ela já tinha visto e enquanto o segundo sol ainda estava se pondo, a lua estava subindo, lançando ambos, a luz do sol e do luar sobre o Anel. O sol e a lua se refletiam nas águas do lago, um em frente do outro e Gwen sentiu a aura sagrada daquele momento do dia. Era a janela entre o final de um dia e o início de outro e naquele momento sagrado, naquele lugar sagrado, tudo era possível.

      Gwen se ajoelhou ali, chorando, rezando por tudo o que era mais sagrado. Os acontecimentos dos últimos dias tinham sido demais para ela e agora ela estava descarregando suas emoções. Ela rezava por seu irmão, porém, rezava mais ainda por Thor. Ela não podia suportar a ideia de perder ambos naquela noite, a ideia de não ter mais ninguém ao seu redor, além de Gareth. Ela não podia suportar a ideia de ser enviada para se casar com algum bárbaro. Ela sentia sua vida desmoronar ao seu redor e precisava de respostas. Mais do que tudo, ela precisava de esperança.

      Havia muitas pessoas em seu reino que oravam a vários deuses: ao deus dos lagos; ao deus dos bosques; ao deus das montanhas, ou ao deus do vento, mas Gwen nunca acreditou em qualquer um deles. Ela, como Thor, era

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