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os olhos arregalados de animação.

      Pela primeira vez desde o pedido, Emily sentiu-se alegre ao pensar na organização do casamento, e em entrar na igreja.

      “É em Aubrey”, ela continuou. “Foi sugestão de Daniel, aquela prefeitura sobre a qual Gus e seus amigos não paravam de falar a respeito”.

      Nesse momento, ouviu o som dos passos de Daniel descendo a escada, e virou-se para vê-lo. Estava usando sua melhor camisa xadrez e até penteou o cabelo para trás. Emily sorriu, satisfeita ao ver que ele pelo menos tinha se esforçado um pouco. Serena levantou a sobrancelha, rindo em aprovação.

      “Chantelle está só escolhendo a roupa”, Daniel disse, ao chegar no último degrau.

      Emily notou o olhar dele cair na revista de capa brilhosa nas mãos dela. Estava aberta numa matéria sobre lindos vestidos de casamento. Emily não podia ter certeza, mas achou ver um traço de surpresa nos olhos de Daniel, e se perguntou o que significava. Ele não havia pensado num casamento de branco, em que ela usasse um típico vestido com véu, e ele a aguardasse vestido num terno preto? Será que pensou apenas que se casariam com o jeans e camisetas de todo dia? Ela fechou a revista, com uma súbita irritação.

      Um momento depois, Chantelle apareceu no topo das escadas. Estava usando um de seus vestidos mais chiques, meias brancas e sapatos tipo bonequinha, de verniz. Parecia feita de porcelana. Emily estava feliz ao ver o quanto o casamento era importante para Chantelle. Pelo menos alguém estava entrando no espírito das coisas.

      Emily pegou sua bolsa e jaqueta e, deixando a pousada nas mãos capazes de Serena, levou sua família até a caminhonete.

      “Está animada para ver o local?” Emily perguntou a Chantelle, olhando pelo retrovisor para a menina, no banco traseiro.

      “Sim!” Chantelle exclamou. “E para experimentar o bufê!”

      Emily havia esquecido completamente da degustação. Talvez nem conseguisse experimentar alguma coisa; estava tão nervosa com sua primeira reunião com um organizador de casamentos de verdade que chegava a sentir enjoo.

      Após a viagem de vinte minutos até Aubrey, chegaram no local. Chantelle parecia a mais tranquila de todos no carro. A menina subiu os degraus de pedra saltitando, alegremente admirada com as cestas de flores pendentes e com os vitrais nas janelas. Emily achou o lugar lindo do lado de fora; era um prédio antigo e de aparência clássica. Havia grandes faixas de grama circundando o prédio, com macieiras que ficariam adoráveis nas fotos do casamento.

      Eles foram saudados na porta por uma jovem bem vestida chamada Laura. Ela os levou para dentro.

      Emily ficou impressionada ao ver a grandiosidade do lugar. Podia imaginar a cerimônia, os hóspedes, a dança. Pela primeira vez, fez uma imagem mental de como podia ser se casar com Daniel, usar o lindo vestido e entrar na igreja com seus amigos e familiares assistindo. Ela percebeu que havia parado de respirar por um momento.

      “Gostariam de se sentar?” Laura disse, fazendo um gesto para onde o bufê da degustação estava.

      Todos se sentaram, menos Chantelle, que caminhou pelo prédio avaliando seu tamanho e decoração; tudo, dos carpetes até as obras de arte.

      “Não se preocupe com ela”, Emily disse para Laura com um sorriso. “Ela é nossa supervisora”.

      Emily e Daniel provaram o primeiro conjunto de entradas, que foram apresentadas em pequenos pedaços, do tamanho de uma mordida. Emily se sentia estranha naquela situação. Não sabia se era o nervosismo de Daniel ou o dela, mas parecia estranho estar sentada ao lado dele, naquele ambiente formal, provando pratos de diferentes sabores. Era como se não pertencessem àquele lugar, como se fossem impostores. Emily quase não podia olhar nos olhos dele enquanto provavam todas as opções de pratos.

      Felizmente, Chantelle diminuiu um pouco da pressão com sua espontaneidade. Ela estava perfeitamente à vontade, caminhando como se fosse a dona do lugar, fazendo declarações decididas sobre de que comidas gostou e quais não lhe agradaram.

      “Acho que vocês deveriam escolher isto como entrada”, ela disse, decidida, apontando para os aperitivos de tomate e muçarela, “então, o peixe para o prato principal, e, para sobremesa...” Ela deu batidinhas no queixo. Isso claramente precisava de mais reflexão. “Escolham o cheesecake”.

      Todo mundo riu.

      “Mas você escolheu as três coisas mais caras do menu!” Emily destacou, rindo.

      Laura aproveitou a dica para tocar na questão do dinheiro. “Já decidiram um orçamento para o bufê?” ela perguntou.

      “Ainda nem temos um orçamento para o casamento”, Daniel brincou, mas Emily não via a graça. O assunto era sério demais para piadas. Por que ainda não tinham definido isso? Ocorreu-lhe que, depois de decidirem marcar esta reunião, não se sentaram novamente para discutir mais nada.

      “Bem, ainda há tempo”, Laura disse, com um sorriso insípido e profissional. “Leva um tempo para decidir essas coisas. Imagino que também não têm ideia de quantos convidados? O local tem capacidade para duzentas pessoas”.

      “Ah, humm...” Emily coçou o pescoço. Se nem sabiam se suas próprias mães viriam, como poderiam saber sobre os outros convidados! “Ainda estamos finalizando os números”.

      “Não há problema nenhum”, Laura disse, voltando os olhos para seu fichário, que continha fotos luminosas de comida, flores e decoração, juntamente com uma lista e preços e opções de personalização.

      Apesar dela ainda ter aquele sorriso roboticamente profissional em seu rosto, Emily podia ler em seus olhos um crescente nervosismo. Ela deveria estar se perguntando como iria ajudá-los a organizar alguma coisa se eles não sabiam nem mesmo o básico.

      “Nosso layout sugerido seria com a mesa principal aqui”, Laura explicou, fazendo um gesto para o palco, na parte de trás do salão. “Aqui geralmente é a festa de casamento, com a presença das damas de honra, padrinhos e familiares. Vocês podem ter uma pequena mesa apenas para seis, ou uma mesa grande para até 16 pessoas. Têm uma ideia aproximada dos números?”

      Emily sentiu o peito apertar. Isto era um desastre. E Daniel parecia mais nervoso que ela. Na verdade, ele parecia completamente desconfortável.

      “É um pouquinho complicado”, Emily explicou. “Com nossas famílias. Talvez devêssemos falar sobre isso um pouco mais tarde”.

      Não podia mais segurar a tensão. Laura também parecia atônita, percebendo claramente que não estava lidando com o de sempre ali.

      “Sim, é claro”. Ela folheou rapidamente várias páginas de seu catálogo. “Então, temos as grandes portas duplas logo ali. Elas podem ser deixadas abertas se o tempo estiver bom. Estão esperando um casamento na primavera ou no verão, ou são um casal mais tipo outono/inverno? Estamos sem vagas para a primavera e o verão, então, vocês teriam que esperar, mas temos vagas para o outono e o inverno”.

      Emily observou a reação de Daniel ao saber que o casamento deles poderia se realizar mais cedo, no próximo mês de setembro. Ele ficou completamente pálido. Ao vê-lo assim, Emily ficou ainda mais nervosa.

      Chantelle parecia estar captando a tensão. Sua confiança brincalhona estava diminuindo. Seu olhar ia de Emily para Daniel, seu entusiasmo desaparecendo a cada momento que passava.

      “Talvez, seja melhor pegar seu cartão, por ora”, Emily disse a Laura. “E remarcar quando soubermos de mais detalhes”. Ela se levantou abruptamente.

      “Ah, ok, certo”, Laura disse, pega de surpresa, deixando cair o catálogo na pressa de se levantar e apertar a mão de Emily.

      Emily se despediu rapidamente. Depois, saiu apressada do lugar, deixando Daniel para trás, apertando a mão de Laura com a mesma pressa. Ela irrompeu porta afora e desceu os degraus, ouvindo o som distante da voz de Daniel explicando a Laura que manteriam contato.

      Já na rua, no frio,

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