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a mão de Jayne, mesmo enquanto ela o olhava de cima a baixo como se fosse um pedaço de carne.

      “Prazer em conhecê-la”, ele disse. “Emily me falou tudo sobre você”.

      “Falou?” Jayne disse, suas sobrancelhas levantando-se. “Porque ela não me contou nada sobre você. É um segredo bem guardado, Daniel”.

      Emily ficou vermelha. Jayne não era de sutilezas e não costumava manter a boca fechada, quando realmente deveria. Só esperava que Daniel não procurasse um significado naquelas palavras e tirasse conclusões equivocadas.

      “Quer que lhe ajude com as malas?” ele perguntou.

      “Sim, por favor”, Jayne replicou.

      No momento em que Daniel se abaixou para pegar as malas, ela esticou o pescoço para dar uma conferida nas suas costas. Então, olhou para Emily e fez um ar de aprovação. Emily se encolheu.

      “Deixe-me pegar estas”, Emily disse rápido, tirando Daniel do caminho e pegando as malas. “Uau, Jayne, como estão pesadas! O que você trouxe?”

      “Ah, você sabe”, Jayne disse. “Dois looks por dia – um para o dia e outro para a noite – mais um extra para um jantar formal, só para garantir. Lingerie, é claro. Máscaras faciais, hidratantes, bolsa de maquiagem e pinceis, esmalte, secador, modelador de cachos...”

      “Você realmente precisava trazer um secador de cabelo e um modelador?” Emily questionou, arrastando as malas pelo limiar da porta.

      “... e chapinha”, Jayne acrescentou. “Nunca se sabe qual será a vibe”. Ela riu maliciosamente para Emily.

      “Emily”, Daniel disse, “você parece estar sofrendo. Por que não me deixa levar as malas até o quarto de Jayne, lá em cima?”

      “Obrigada, Daniel”, Emily disse, bloqueando estrategicamente a visão de Jayne do traseiro dele enquanto se abaixava. “Por que não as coloca no Quarto Um, por favor?”

      O quarto de hóspedes original, o Quarto Um, foi carinhosamente apelidado de quarto Sr. Kapowski por Daniel e Emily, mas, no momento, ela não sentiu vontade de mergulhar naquela história em especial. Sabia que soava estranho, rígido e formal pedir para ele colocar as malas no Quarto Um, mas, naquele momento, não ligava; seu único foco era colocar Daniel em segurança e longe de Jayne o mais rápido possível, de preferência evitando que ela comesse com os olhos a bunda dele enquanto subia as escadas. O quarto mais afastado da casa parecia estar a uma boa distância.

      Emily se virou para Jayne. “Deixe-me mostrar a pousada a você”; Ela levou a amiga até a sala de estar.

      “Ah, meu Deus!” Jayne exclamou antes que a porta sequer se fechasse atrás delas. “Esse é o cara novo em sua vida? Diga que não é! Sério? Por que não falou nada? Por que não está telefonando para todo mundo que já conheceu, incluindo sua professora do maternal e o carteiro, para dizer que está namorando um lenhador gostoso?”

      Jayne falava incrivelmente rápido, e alto, de uma maneira que podia dar dor de cabeça em qualquer pessoa após cinco minutos de conversa.

      “Ele não é lenhador”, Emily sussurrou, sentindo-se envergonhada. Como havia se esquecido do quão impertinente Jayne podia ser? Como pensou que era uma boa ideia convidar sua amiga para a pousada, se fazer isso poderia significar que seu namoro passaria por esse escrutínio? Ela não queria assustar Daniel; já havia se saído muito bem sozinha deixando escapar ontem que o amava.

      “Mas, amiga”, Jayne acrescentou, “ele é muito gostoso. Percebe isso, certo? Quero dizer, sei que seu gosto ficou meio maluco nos últimos meses, mas ainda pode reconhecer um cara lindo quando está na sua frente, não é?”

      “Sim”, Emily sussurrou, revirando os olhos. “Por favor, não aja de maneira estranha com ele. Ainda está no início. Realmente”.

      “O que quer dizer com estranha?”

      “Tipo, não fale nada sobre bebês ou casamento. E não mencione Ben, ou nenhum de meus ex. Ou minha mãe. Por Deus, não diga nada sobre as maluquices da minha mãe”.

      Jayne riu. “Você gosta mesmo dele, não é? Não lhe via tão nervosa assim há muito tempo”.

      Emily estremeceu. “Na verdade, sim, gosto. Acho que estou apaixonada”.

      “De-jeito-nenhum!” Jayne exclamou, o volume de sua voz aumentando mil vezes. “Está apaixonada?”

      Nesse exato momento, Daniel entrou na sala. Emily ficou petrificada e os olhos de Jayne se arregalaram, com o choque. Ela apertou os lábios.

      “Oops”, falou, alto, olhando de um rosto mortificado para o outro. “Então, Daniel”, Jayne acrescentou, quebrando o iceberg de tensão que havia tomado conta da sala, “fale-me sobre você”.

      Daniel olhou de Emily para Jayne e engoliu em seco. “Humm, na verdade, acho que deixarei isso para as duas damas. Preciso passear com os cães”. E saiu apressado da sala.

      Emily suspirou, sentindo-se murchar. Magoava-lhe ver que Daniel estava tão sem graça sobre o fato dela estar apaixonada por ele. Virou-se para Jayne.

      “Podemos sair um pouco? Poderia lhe mostrar Sunset Harbor. Você nunca esteve aqui e foi aqui que passei a maior parte dos meus verões quando criança, então, seria legal mostrar-lhe os principais pontos”.

      “Flor, diga-me de qual sapato eu preciso e estou dentro. Estamos falando de botas de trilha? Ou de tênis de corrida?”

      Com certeza, Jayne havia trazido todo tipo de sapato possível com ela.

      “Na verdade, sabe, não corro desde que saí de Nova York”, Emily disse. “Podia ser divertido fazer isso. Está um dia lindo demais para desperdiçar no carro, e certamente poderíamos ver mais coisas a pé. Podemos ir pelo calçadão à beira-mar”.

      “Parece ótimo”, Jayne disse. “Recebi tantas ligações ontem depois que terminei de falar com você que tive que parar nos 32 quilômetros. Seria bom fazer uma corrida de verdade”.

      Emily engoliu em seco. Uma corrida de verdade, para ela, nunca passou dos oito quilômetros. No momento, após seis meses de preguiça, ficaria feliz em conseguir apenas três.

      “Só vou me trocar”, ela disse.

      Subiu as escadas correndo, deixando a pousada à mercê de Jayne. Quando chegou no quarto, encontrou Daniel deitado na cama, olhando para o teto.

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