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castigo horrível de outra época, e não um que ela já tivesse visto promulgado. Era dito que as pessoas se matavam só de pensarem nisso.

      "Estás familiarizada com isso?" perguntou a Viúva. "O traidor é envolto numa máscara de metal, e chumbo derretido é derramado lá para dentro. Uma morte terrível, mas às vezes o terror é útil. E, é claro, permite que um molde do seu rosto seja tirado e exibido para que todos possam ver depois como lembrete."

      Ela agarrou em algo ao lado da sua cadeira. Parecia apenas uma das muitas máscaras que estavam sempre pela corte com a adoração da Deusa Mascarada. Esta poderia ter sido a impressão de um rosto, porém. Um rosto aterrorizado e agonizante.

      "Allan de Courcer decidiu erguer-se contra a coroa" disse a Viúva. "Nós enforcámos a maioria dos seus homens de acordo com as regras, mas com ele, fizemos um exemplo. Ainda me lembro dos gritos. É curioso como essas coisas permanecem."

      Angelica atirou-se de joelhos para o chão quase como se não tivesse ossos, olhando para cima para a outra mulher.

      "Por favor, sua majestade" implorou, porque naquele momento, implorar parecia ser a sua única opção. "Por favor, eu faço qualquer coisa."

      "Qualquer coisa?" perguntou a Viúva. "Qualquer coisa é uma palavra grande. E se eu quisesse que tu entregasses as terras da tua família ou servisses como espiã nas cortes deste Novo Exército que parece estar a sair das guerras continentais? E se eu decidisse que tu deverias ir e servir a tua penitência numa das Colónias Longínquas?"

      Angelica olhou para aquela assustadora máscara da morte e sabia que havia apenas uma resposta.

      "Qualquer coisa, sua majestade. Por favor, isso não."

      Ela odiava ser assim. Ela era uma das principais nobres da terra, embora aqui e agora ela se sentisse tão indefesa quanto a mais inferior das caseiras.

      "E se eu quisesse que tu te casasses com o meu filho?" perguntou a Viúva.

      Angelica olhou para ela sem expressão, com as palavras a não fazerem sentido. Se a outra mulher tivesse dito que lhe daria um baú de ouro e a tivesse mandado à sua vida, teria feito mais sentido do que isto.

      "Sua majestade?"

      "Não te limites a ficar ai ajoelhada, a abrir e a fechar a boca como um peixe" disse a outra mulher. "Na verdade, senta-te de volta. Pelo menos tenta parecer o tipo de jovem refinada com quem o meu filho dever-se-ia casar."

      Angélica voltou a sentar-se na cadeira com dificuldade. Mesmo assim, ela sentia-se fraca. "Eu não tenho certeza se entendi."

      A Viúva apertou os dedos. "Não há muito para entender. Preciso de alguém adequado para casar com o meu filho. Tu és suficientemente bonita, de uma família de posição suficiente, bem conectada na corte, e parece suficientemente óbvio do teu pequeno enredo que estás interessada no papel. É um acordo que parece altamente benéfico para todos os interessados, não concordarias?"

      Angelica conseguiu recompor-se um pouco. "Sim, sua Majestade. Mas..."

      "É certamente preferível às alternativas" disse a Viúva, com o seu dedo a esfregar a máscara da morte. "Em todos os sentidos."

      Posto daquela maneira, Angélica não tinha escolha. "Ficaria muito feliz com isso, sua majestade."

      "A tua felicidade não é minha principal preocupação" disse a Viúva. "O bem-estar do meu filho e a segurança deste reino são. Não vais comprometer nenhuma delas, ou haverá uma consequência."

      Angelica não precisava de perguntar qual o tipo de consequência. Naquele momento, ela podia sentia um fio de terror a atravessá-la. Ela odiava isso. Ela odiava essa velha bruxa velha e feia que conseguia fazer com que mesmo algo que ela queria a fizesse sentir ameaçada.

      "E Sebastian?" Angélica perguntou. "Pelo que eu vi no baile, os seus interesses estão... noutro lugar."

      Com a miúda de cabelos ruivos que alegava ser de Meinhalt, mas que não se comportava como nenhuma nobre que Angelica tivesse conhecido.

      "Isso já não será um problema" disse a Viúva.

      "Mesmo assim, se ele ainda está magoado..."

      A outra mulher fixou-a com um olhar uniforme. "Sebastian vai cumprir o seu dever, tanto para com o reino quanto para com a sua família. Ele vai casar-se com quem ele tiver de se casar, e nós vamos tornar isso uma ocasião feliz."

      "Sim, sua majestade" disse Angelica, baixando o olhar com recato. Quando ela estivesse casada com Sebastian, talvez ela não tivesse de se curvar e fazer uma vénia assim. Por enquanto, ela comportava-se como tinha de se comportar. "Vou escrever para o meu pai imediatamente."

      A Viúva acenou. "Eu já fiz isso, e Robert ficou encantado em aceitar. Os preparativos para o casamento já estão a andar. Eu soube pelos mensageiros que a tua mãe desmaiou com a notícia, mas ela sempre foi de uma disposição delicada. Eu confio que não seja uma característica que vais passar para os meus netos."

      Ela fê-lo soar como se fosse uma doença a ser expurgada. Angélica ficou mais irritada pela forma como tudo tinha sido posto em prática sem o seu conhecimento. Mesmo assim, ela fez o seu melhor para mostrar a gratidão que ela sabia que era esperada de si.

      "Obrigado, sua majestade" disse ela. "Eu vou dar o meu melhor para ser a melhor nora que poderias desejar."

      "Lembra-te apenas que tornares-te minha filha não te compra nenhum favor especial" disse a Viúva. "Foste selecionada para executar uma tarefa, e irás fazê-lo para minha satisfação."

      "Eu vou dar o meu melhor para fazer Sebastian feliz" disse Angelica.

      A Viúva levantou-se. "Certifica-te de que o fazes. Fá-lo tão feliz que ele não consiga pensar em nada mais. Fá-lo feliz o suficiente para afastar pensamentos de... outros da sua mente. Fá-lo feliz, dá-lhe filhos, faz tudo o que a esposa de um príncipe deve fazer. Se fizeres tudo isso, o teu futuro também será feliz."

      O temperamento de Angélica não permitia que ela deixasse isso escapar. "E se eu não o fizer?"

      A Viúva olhou para ela como se ela não fosse nada, em vez de uma das mais importantes nobres da terra.

      "Estás a tentar ser forte na esperança de eu te respeitar como uma espécie de igual" disse ela. "Talvez esperes que eu veja algo de mim mesma em ti, Angelica. Talvez eu até veja, mas isso não é propriamente uma coisa boa. Quero que te lembres de uma coisa a partir deste momento: tu és minha propriedade."

      "Não, tu..."

      A bofetada não foi difícil. Não iria deixar uma marca que fosse visível. Mal doía, exceto em termos do orgulho de Angélica. Aí, queimava.

      "Tu és minha propriedade tão seguramente como se eu tivesse comprado a escritura de uma miúda qualquer" repetiu a viúva. "Se falhares de alguma forma, vou destruir-te pelo que tentaste fazer ao meu filho. A única razão pela qual estás aqui e não numa cela é porque és mais útil para mim assim."

      "Como uma esposa para o teu filho" salientou Angelica.

      "Como isso, e como uma distração para ele" respondeu a Viúva. "Tu efetivamente disseste que farias qualquer coisa. Avisa-me apenas se já mudaste de ideias."

      E então haveria a morte mais horrível que Angelica poderia imaginar.

      "Não, foi o que eu pensei. Tu serás a esposa perfeita. Serás a mãe perfeita a tempo. Vais contar-me quaisquer problemas. Vais obedecer às minhas ordens. Se falhares em alguma destas coisas, a Máscara de Chumbo parecerá mansa em comparação com o que acontecerá contigo."

      CAPÍTULO SEIS

      Eles arrastaram Sophia lá para fora, puxando-a, apesar de ela estar a caminhar sob o seu próprio poder. Ela estava muito dormente para fazer qualquer outra coisa, muito fraca para sequer pensar em lutar. As freiras estavam a entregá-la às ordens do seu novo dono. Elas também a podiam ter

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