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sentia como se tivessem passado dias enquanto ela e a sua mãe passeavam pela ilha mágica. Ter aquela vista e estar ali com a sua mãe era de cortar a respiração. Tudo parecia um sonho.

      Enquanto caminhavam, falavam principalmente do poder. A sua mãe tentava explicá-lo e ela tentava entendê-lo. A coisa mais estranha aconteceu: enquanto a sua mãe falava, Ceres sentia como se as suas palavras estivessem, na verdade, a impregná-la com o poder.

      Mesmo naquele momento, enquanto caminhavam, Ceres sentiu-o a erguer-se dentro de i, agitando-se como fumo enquanto a sua mãe tocava no seu ombro. Ela precisava aprender a controlá-lo, ela tinha ido ali para aprender a controlá-lo, mas comparado com encontrar-se com a sua mãe, isso não parecia importante.

      "O nosso sangue deu-te poder", disse Lycine. "Os habitantes da ilha tentaram ajudar a desbloqueá-lo, não foi?"

      Ceres pensou em Eoin e em todos os exercícios estranhos que ele a pôs a fazer. "Sim."

      "Para pessoas que não são do nosso sangue, eles entendem bem o mundo", disse a sua mãe. "Mas há coisas que nem mesmo eles conseguem mostrar-te. Já transformaste alguma coisa em pedra? É um dos meus talentos, pelo que eu diria que vai ser um dos teus."

      "Transformar coisas em pedra?", perguntou Ceres. Ela não entendia. "Até agora, eu mudei coisas de lugar. Eu fui mais rápida e mais forte. E…"

      Ela não queria terminar aquilo. Ela não queria que a sua mãe pensasse mal dela.

      "E o teu poder já matou coisas que te tentaram fazer mal?", perguntou Lycine.

      Ceres assentiu.

      "Não tenhas vergonha disso, filha. Eu só vi um pouco de ti, mas eu sei o que tu estás destinada a ser. Tu és boa pessoa. Tudo o que eu poderia desejar. Quanto a transformar as coisas em pedra... "

      Elas pararam num prado de flores roxas e amarelas e Ceres observou a sua mãe arrancar uma pequena flor do prado, com delicadas pétalas sedosas. Através do contacto com a sua mãe, ela sentiu a forma como o poder cintilou dentro dela, parecendo familiar, mas muito mais dirigido, trabalhado, moldado.

      Espalhou-se pedra pela flor como geada sobre uma janela, mas não foi apenas na superfície. Um segundo depois de ter começado, acabou, e a sua mãe segurava uma das flores de pedra que Ceres tinha visto mais abaixo na ilha.

      "Sentiste-o?", perguntou Lycine.

      Ceres assentiu. "Mas como é que tu fizeste isso?"

      "Sente-o novamente". Ela arrancou outra flor, e, desta vez, demorou muito enquanto ela a transformava em algo com pétalas de mármore e uma haste de granito. Ceres tentou rastrear o movimento do poder dentro dela, e era como se o dela própria se movesse em resposta, tentando copiá-lo.

      "Ótimo", disse Lycine. "O teu sangue sabe. Agora tenta tu."

      Ela passou uma flor a Ceres. Ceres baixou-se, concentrando-se enquanto tentava agarrar o poder dentro de si, tentando fazer o mesmo que a sua mãe tinha feito.

      A flor explodiu.

      "Bem", disse Lycine com uma gargalhada, "isso foi inesperado."

      A sua forma de reagir tinha sido tão diferente da forma como a mãe com quem ela tinha crescido teria reagido. À mais pequena falha ela teria batido em Ceres. Lycine limitou-se a passar-lhe outra flor.

      "Relaxa", disse ela. "Tu já sabes o que é que se sente. Agarra esse sentimento. Imagina-o. Torna-o real."

      Ceres tentou fazê-lo, pensando no que ela tinha sentido quando a sua mãe tinha transformado a sua flor. Ela agarrou essa sensação e encheu-o com poder da mesma maneira que o seu pai talvez tivesse preenchido um molde na forja com ferro.

      "Abre os teus olhos, Ceres", disse Lycine.

      Ceres nem sequer se tinha apercebido que os tinha fechado até a mãe proferir as palavras. Forçou-se a olhar, mesmo estando com medo naquele preciso momento. Ao olhar, ficou incrédula com o que viu. Ela segurava uma flor singular, perfeitamente formada e petrificada, transformada pelo seu poder em algo como basalto.

      "Eu fiz isto?", perguntou Ceres. Mesmo com tudo o resto que ela conseguia fazer, aquilo ainda parecia praticamente impossível.

      "Fizeste", disse a sua mãe. Ceres sentia que a sua mãe estava orgulhosa de si. "Agora só temos de conseguir que o faças de olhos abertos."

      Tal levou mais tempo e muito mais flores. No entanto, Ceres deu por si a desfrutar do treino. Mais do que isso, sempre que a sua mãe sorria perante o seu esforço, Ceres sentia uma explosão de amor expandindo-se em si. Mesmo quando os minutos passavam a horas, ela continuava.

      "Sim", disse a sua mãe, finalmente, "está perfeito."

      Era mais do que isso; era fácil. Fácil de conseguir e de sacar energia de dentro de si. Fácil de canalizá-la. Fácil de deixar para trás uma flor de pedra perfeitamente preservada. Foi só quando o ímpeto de o fazer enfraqueceu que Ceres percebeu o quão cansada estava.

      "Está tudo bem", disse a sua mãe, pegando-lhe na mão. "O teu poder precisa de energia e esforço. Mesmo o mais forte de nós não conseguiria fazer mais de uma só vez". Ela sorriu. "Mas o teu poder sabe quando já chega por agora. Ele irá erguer-se quando alguém te ameaçar ou quando tu o invocares. Ele irá fazer mais, também."

      Ceres sentiu um lampejo de energia a partir da sua mãe, e ela conseguia ver todo o potencial do seu poder. Ela via as construções de pedra e os jardins com uma nova luz, uma vez que as coisas tinham sido construídas com esse poder, trabalhadas de uma maneira que nenhum ser humano conseguia entender. Ela sentia-se realizada, de alguma forma. Completa.

      Alguma da felicidade pareceu desaparecer da expressão da sua mãe. Ceres ouvia-a suspirar.

      "O que foi?", perguntou Ceres.

      "Eu só queria que tivéssemos mais tempo juntas", disse Lycine. "Eu gostaria de levar-te pelas torres aqui e contar-te a história do meu povo. Gostaria muito de ouvir tudo sobre esse Thanos que tu tanto amavas, e mostrar-te os jardins onde o sol nunca tocou as árvores."

      "Então fá-lo", disse Ceres. Ela sentia-se como se pudesse ficar ali para sempre. "Mostra-me tudo. Fala-me sobre o passado. Fala-me sobre o meu pai e o que aconteceu quando eu nasci."

      Porém, a sua mãe abanou a cabeça.

      "Isso é uma coisa para a qual ainda não estás pronta. Quanto ao tempo, eu disse-te antes que o destino pode ser uma prisão, querida, e tu tens um destino maior do que a maioria."

      "Eu vi instantes dele", admitiu Ceres, pensando nos sonhos que tinha tido consecutivamente no barco".

      "Então tu sabes porque é que nós não podemos ficar aqui e ser uma família, independentemente do quanto qualquer uma de nós o deseje", disse a mãe. "Embora talvez o futuro reserve tempo para isso. Para isso e para muito mais."

      "Primeiro, porém, eu tenho de voltar, não é?", perguntou Ceres.

      A sua mãe concordou.

      "Sim, tens", disse ela. "Tu tens de regressar, Ceres. Regressa e liberta Delos do Império, como tu sempre quiseste fazer."

      CAPÍTULO SETE

      Era difícil para Stephania acreditar que já tinha casado com Thanos há seis semanas. No entanto, com a festa da Lua de Sangue ali, era esse o tempo que já tinha passado. Seis semanas de felicidade, todas tão maravilhosas quanto ela poderia ter desejado.

      "Estás fantástico", disse ela, olhando para Thanos, enquanto estavam nas salas que eles agora compartilhavam no castelo. Ele estava de seda vermelha escura, com ouro vermelho e rubis. Às vezes ela mal podia acreditar que ele era dela. "O vermelho combina contigo."

      "Faz-me parecer como se eu estivesse coberto de sangue", respondeu Thanos.

      "É exatamente essa a ideia já que se trata da Lua de Sangue", salientou Stephania. Ela inclinou-se para beijá-lo. Ela gostava

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