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amontoados no banco de trás do frete alugado que estava estacionado em sua pequena calçada de concreto. Já fazia duas horas que eles estavam descarregando o furgão, entrando e saindo, para frente e para trás, até finalmente chegarem às últimas caixas.

      Enquanto Steven trazia as últimas caixas, Chloe começou a tirar as coisas delas. Era impressionante se dar conta de que aqueles eram itens de seus apartamentos separados, que agora dividiriam o mesmo espaço, o espaço que seria deles enquanto casal. Era um sentimento confortante, que fazia com que cada olhar dela para o anel em seu dedo se tornasse um sorriso confiante.

      Enquanto tiravas as coisas das caixas, Chloe ouviu uma batida na porta da frente – a primeira batida da casa nova. O barulho foi seguido por uma voz feminina, muito fina, dizendo:

      - Olá?

      Confusa, Chloe parou de mexer nas caixas e foi até a porta da frente. Ela não sabia o que esperar, mas com certeza não esperava ver alguém de seu passado. Estranhamente, no entanto, foi exatamente isso o que ela viu ao abrir a porta.

      - Chloe Fine? – A mulher perguntou.

      Oito anos haviam passado, mas Chloe reconheceu o rosto de Kathleen Saunders facilmente. Elas haviam frequentado o ensino médio juntas. Parecia um sonho vê-la, parada ali na porta. Elas não eram melhores amigas na escola, mas eram muito mais do que apenas colegas. Mesmo assim, ver um rosto de seu passado parado no caminho de seu futuro era tão inesperado que Chloe sentiu-se atordoada por um instante.

      - Kathleen? – Ela perguntou. – O que você está fazendo aqui?

      - Estou morando aqui – Kathleen disse, sorrindo. Ela havia ganhado bastante peso desde a escola, mas seu sorriso era exatamente o mesmo.

      - Aqui? – Chloe perguntou. – Nesse bairro?

      - Sim, duas casas à sua direita. Eu estava vindo de uma caminhada com meu cachorro e imaginei que fosse você. Ou sua irmã. Então eu vim e perguntei para o cara atrás do furgão e ele disse para eu vir aqui dar oi. É seu marido?

      - Noivo – Chloe disse.

      - Cara, que mundo pequeno! – Ela disse. – Ou... que bairro pequeno!

      - Sim, acho que é mesmo – Chloe respondeu.

      - Eu queria muito ficar para conversar, mas preciso encontrar um cliente em uma hora – Kathleen disse. – E, além disso, não quero te atrapalhar. Mas escute... Vai ter uma festa no sábado por aqui. Eu queria ser a primeira a convidar você pessoalmente.

      - Ah, obrigada. Obrigada mesmo.

      - Ei, rapidinho... Como está a Danielle? Eu soube que quando ela acabou a escola ela passou por algumas coisas... Disseram que ela estava morando em Boston.

      - Ela estava em Boston – Chloe disse. – Mas na verdade ela voltou para Pinecrest há alguns anos.

      - Que bacana – Kathleen disse. – Talvez você pudesse convidá-la para a festa também, que tal? Eu ia gostar muito de sair com vocês duas!

      - Eu também.

      Chloe olhou rapidamente sobre o ombro de Kathleen e viu Steven atrás do frete. Ele encolheu os ombros e fez uma expressão que parecia dizer “Me desculpe”.

      - Bom, foi bom ver você – Kathleen disse. – Espero ver você na festa. E caso não, você sabe onde eu moro!

      - Claro! Duas casas para a direita!

      Kathleen assentiu e depois surpreendeu Chloe com um abraço. Chloe a abraçou, certa de que Kathleen não era do tipo que abraçava na época da escola. Ela viu sua velha (e nova, ao que parecia) amiga acenar para Steven e voltar à calçada, seguindo pela rua.

      Steven voltou pelos degraus carregando as duas últimas caixas. Chloe pegou a de cima e eles as carregaram para a sala. O lugar estava cheio de caixas e malas.

      - Desculpe – Steven disse. – Eu não sabia se ela seria bem-vinda ou não.

      - Não, tudo bem. Foi estranho, mas tudo bem.

      - Ela disse que era sua amiga na escola...

      - Sim. E aqui estamos, vivendo a duas casas de distância. Mas ela pareceu bem querida. Convidou a gente para uma festa na vizinhança esse final de semana.

      - Que legal.

      - Ela também conhecia a Danielle da escola. Acho que vou convidar ela para a festa também.

      Steven começou a abrir uma das caixas, deixando escapar um suspiro.

      - Chloe, nós não estamos nem um dia inteiro aqui. Não podemos esperar mais um pouco para chamar sua irmã para fazer parte das nossas vidas?

      - Podemos - ela disse. – A festa é só daqui a três dias. Vamos esperar mais três dias.

      - Você me entendeu. Danielle costuma tornar as coisas difíceis quando elas não precisam ser.

      Chloe tinha mesmo entendido. Steven havia encontrado Danielle quatro vezes, e todas as ocasiões haviam sido estranhas – e nenhum deles fazia questão de esconder isso. Danielle tinha alguns problemas particulares que dificultavam sua convivência com pessoas com as quais ela não era familiar. Então Chloe pensou que Steven estava certo. Por que convidá-la para uma festa onde ela não ia conhecer ninguém?

      Mas a resposta era simples: porque ela é minha irmã. Ela esteve sozinha e sofrendo pelos últimos três anos e, por mais brega que pareça, ela precisa de mim.

      Uma rápida lembrança das duas sentadas na frente do prédio passou por sua mente como um vento forte.

      - Você sabia que eu iria procurar por ela algum dia – Chloe disse. – Eu não consigo viver na mesma cidade e continuar evitando ela na minha vida.

      Steven assentiu e foi até ela.

      - Eu sei, eu sei – ele disse. – Mas não custa sonhar.

      Ela sabia que aquela era uma dura realidade, mas também percebeu o tom de brincadeira. Ele estava aceitando a situação, sem querer discutir sobre a irmã dela e arruinar o dia deles.

      - Pode ser bom para ela – Chloe disse. – Sair e socializar... Acho que posso ajudá-la se eu me tornar alguém presente na vida dela.

      Steven conhecia a história complexa das duas. E mesmo sem guardar segredos sobre o que achava sobre Danielle, ele sempre apoiava Chloe e entendia sua preocupação com a irmã.

      - Faça o que você achar que é melhor para ela, então – ele disse. – E depois de telefonar, me ajude a colocar a cama no nosso quarto. Tenho planos para ela mais tarde.

      - Ah é, você tem?

      - Sim. Toda essa mudança me cansou. Estou exausto. Vou dormir muito... vai ser quente!

      Os dois riram e se jogaram um nos braços do outro. Beijaram-se de uma forma que deu a entender que a primeira noite na casa nova colocaria mesmo a cama para trabalhar. Mas no momento, havia muitas caixas para esvaziar.

      Além disso, um telefonema possivelmente nada confortável para sua irmã.

      Aquele pensamento deixou Chloe com a mesma quantidade de alegria e ansiedade.

      Mesmo sendo sua irmã gêmea, Chloe nunca sabia o que esperar de Danielle. E algo em voltar para Pinecrest a fazia ter certeza de que as coisas com Danielle provavelmente só iriam piorar.

      CAPÍTULO DOIS

      Danielle Fine abriu um comprimido de cafeína e o engoliu com uma Coca-Cola quente, sem gás, e depois abriu sua gaveta de calcinhas e procurou, no lado direito, a peça mais atrevida possível.

      Danielle pensou em Martin. Eles já estavam saindo há cerca de seis semanas. E mesmo que os tivessem decidido levar as coisas sem pressa, Danielle já estava sem paciência. Ela havia decidido que iria se jogar em cima dele naquela noite. Parar no meio do caminho sempre que eles se encontravam estava fazendo-a se sentir

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