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      Garrett respondeu no seu característico tom monótono.

      “Tenho boas notícias.”

      De imediato, Riley começou a respirar mais confortavelmente.

      “A polícia encontrou-a,” Disse Garrett. “Tinha estado na rua a noite toda sem dinheiro ou lugar para ir. Foi apanhada a roubar numa loja de conveniência. Estou com ela aqui na esquadra de polícia. Eu pago a caução, mas…”

      Garrett parou de falar. Riley não gostou do som daquela palavra, “mas.”

      “Talvez seja melhor falares com ela,” Disse ele.

      Uns segundos mais tarde, Riley ouviu a voz familiar de Jilly.

      “Olá, Riley.”

      Agora que o pânico a abandonara, Riley demonstrou o quão zangada estava.

      “Não me venhas com ‘olás’. Onde é que tinhas a cabeça para fugir assim?”

      “Não vou voltar para lá,” Disse Jilly.

      “Vais sim.”

      “Por favor, não me obrigues a voltar para lá.”

      Riley não respondeu de imediato. Não sabia o que dizer. Ela sabia que o abrigo onde Jilly fora acolhida era um lugar bom onde era acarinhada. Riley tivera a oportunidade de conhecer alguns elementos do pessoal, pessoas muito prestáveis.

      Mas Riley também compreendia como é que Jilly se sentia. Da última vez que tinham falado, Jilly tinha-se queixado que ninguém a queria, que os pais adotivos nem a consideravam.

      “Não gostam do meu passado,” Dissera Jilly.

      Aquela conversa acabara mal com Jilly desfeita em lágrimas a implorar a Riley para a adotar. Riley não conseguira explicar as milhares de razões que tornavam essa hipótese impossível. Esperava que aquela conversa não acabasse da mesma forma.

      Antes de Riley conseguir pensar no que dizer, Jilly disse, “O teu amigo quer falar contigo.”

      Riley ouviu outra vez a voz de Garrett Holbrook.

      “Não para de dizer isso – não vai voltar para o abrigo. Mas tenho uma ideia. Uma das minhas irmãs, a Bonnie, está a pensar em adotar. Tenho a certeza de que ela e o marido adorariam acolher a Jilly. Isto é se a Jilly…”

      Garrett foi interrompido pelos gritinhos de satisfação de Jilly que não parava de gritar, “Sim, sim, sim!”.

      Riley sorriu. Era mesmo de uma coisa daquelas que ela precisava naquele momento.

      “Parece-me fantástico, Garrett,” Disse. “Diz-me como corre. Muito obrigado pela tua ajuda.”

      “Sempre que precisares,” Disse Garrett.

      E terminaram a chamada. Riley dirigiu-se novamente à porta do quarto e viu que Ryan e April estavam a conversar despreocupadamente. De repente, tudo parecia correr tão melhor. Apesar das suas falhas e das de Ryan, a verdade era que tinham dado a April uma vida muito melhor do que aquela que muitas outras crianças tinham.

      E precisamente naquele momento, Riley sentiu uma mão no ombro e ouviu uma voz.

      “Riley.”

      Virou-se e viu o rosto amigo de Bill. Ao afastar-se da porta para falar com ele, Riley não conseguiu evitar olhar para o seu parceiro e para o ex-marido repetidamente. Mesmo no seu atual momento de desespero, Ryan aparentava ser o advogado de sucesso que era. O seu aspeto e modos suaves abriam-lhe portas em todo o lado. Bill, como tantas vezes percebera, parecia-se mais consigo. O seu cabelo escuro já tinha brancas e era mais robusto e amarrotado do que Ryan. Mas Bill era competente nas suas áreas de aptidão e fora muito mais fiável na sua vida.

      “Como é que ela tem passado?” Perguntou Bill.

      “Melhor. O que se passa com o Joel Lambert?”

      Bill abanou a cabeça.

      “Aquele bandido é cá uma peça,” Disse ele. “Mas está a falar. Diz que conhece uns tipos que fizeram rios de dinheiro com jovens e ele pensou tentar. Não demonstra sinais de remorso, é um sociopata cuspido e escarrado. De qualquer das formas, vai ser condenado e vai passar algum tempo dentro. Mas é capaz de fazer um acordo.”

      Riley ficou contrariada. Odiava aqueles acordos e aquele em particular era perturbador.

      “Sei o que pensas a esse respeito,” Disse Bill. “Mas parece-me que ele vai despejar tudo e podemos conseguir prender uma data de filhos da mãe. Isso é bom.”

      Riley concordou. Era bom saber que algo de positivo se podia retirar deste acontecimento terrível. Mas havia uma coisa que tinha que falar com Bill e não sabia muito bem como dizê-lo.

      “Bill, quanto ao meu regresso ao trabalho…”

      Bill deu-lhe uma palmadinha no ombro.

      “Não é preciso dizeres nada,” Disse Bill. “Não podes trabalhar em casos durante algum tempo. Precisas de uma pausa. Não te preocupes, eu compreendo. E toda a gente vai compreender em Quantico. Tira o tempo que precisares.”

      Bill olhou para o relógio.

      “Desculpa ter que me ir embora, mas…”

      “Vai,” Disse Riley. “E obrigada por tudo.”

      Abraçou Bill e ele foi-se embora. Riley ficou no corredor, a pensar no futuro próximo.

      “Tira o tempo que precisares,” Dissera-lhe Bill.

      Isso podia não ser fácil. O que acabara de acontecer a April era uma recordação de todo o mal que andava à solta. O trabalho dela era impedir que acontecessem o máximo de coisas negativas que conseguisse. E se havia uma coisa que aprendera na vida, era que o mal nunca dormia.

      CAPÍTULO DOIS

      Sete semanas mais tarde

      Quando Riley chegou ao gabinete da psicóloga, encontrou Ryan sozinho numa sala de espera.

      “Onde está a April?” Perguntou.

      Ryan fez um gesto de cabeça na direção da porta fechada.

      “Está com a Dra. Sloat,” Disse, parecendo desconfortável. “Tinham qualquer coisa para falar a sós. Depois devemos entrar e juntar-nos a elas.”

      Riley suspirou e sentou-se numa cadeira próxima. Ela, Ryan e April tinham passado muitas horas emocionalmente exigentes nas últimas semanas naquele local. Aquela era a última sessão com a psicóloga antes da pausa para as férias de Natal.

      A Dra. Sloat tinha insistido que toda a família participasse na recuperação de April. Tinha sido árduo para todos eles, mas para alívio de Riley, Ryan tinha participado de forma incondicional no processo. Viera a todas as sessões e até pusera o trabalho em segundo plano para ter mais tempo disponível. Hoje fora buscar April à escola.

      Riley perscrutava o rosto do ex-marido enquanto ele olhava fixamente para a porta do gabinete. Parecia um homem mudado. Não há muito tempo, era tão desatento que chegara ao ponto de ser negligente enquanto pai. Sempre insistira que todos os problemas de April eram da responsabilidade de Riley.

      Mas o consumo de drogas de April e a sua quase introdução no mundo da prostituição forçada, mudara algo em Ryan. Depois da sua permanência na clínica de reabilitação, April já estava em casa com Riley há seis semanas. Ryan visitava-a com frequência e estivera presente no Dia de Ação de Graças. Por vezes até pareciam uma família normal.

      Mas Riley não parava de se lembrar de que eles nunca tinham sido uma família normal.

      Poderia isso agora mudar? Perguntava-se Riley. Quero que mude?

      Riley sentia-se dividida, até um pouco culpada. Há muito que tentava aceitar o facto

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