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O e-mail foi enviado de onde? – Avery perguntou.

      - Essa é a pior parte... bem, uma das piores partes – O’Malley disse. – O e-mail é registrado como sendo de uma mulher chamada Mildred Spencer. Ela tem setenta e dois anos, é viúva e só tem esse e-mail para ter contato com seus netos. Nós já falamos com ela, mas tudo indica que a conta foi hackeada.

      - Podemos rastrear quem hackeou?

      - Ninguém no A1 tem essa capacidade. Ligamos para a Polícia do Estado para tentar fazer isso.

      Ramirez havia acabado de ler e jogou a carta para o centro da mesa. Avery a puxou e olhou novamente. Ela não a leu mais uma vez, apenas a estudou: o papel, a letra a mão, a estranha colocação das frases no papel.

      - Algum pensamento inicial, Black? – Connelly perguntou.

      - Alguns. Primeiro, onde está o envelope de onde isso veio?

      - Na minha mesa. Finley, pegue para nós.

      Finley fez o que lhe foi requisitado enquanto Avery continuou olhando para a carta. A letra a mão parecia primitiva, mas também infantil. Parecia que alguém havia feito muito esforço para melhora-la. Também havia algumas palavras chave que se destacavam por serem estranhas.

      - O que mais? – Connelly perguntou.

      - Bem, algumas coisas para analisar. O fato de que ele nos enviou uma carta deixa claro que ele quer que nós saibamos sobre ele—sem saber sua identidade. Então, mesmo que não seja um jogo, é algo pelo qual ele quer os créditos. Ele também gosta de ser caçado. Ele quer que a gente o procure.

      - Alguma pista nisso tudo? – O’Malley perguntou. – Eu já li essa porra dez vezes e não achei nada.

      - Bem, as palavras que ele usa em alguns lugares são estranhas. A menção a um para-brisas em uma carta onde as únicas outras coisas concretas as quais ele faz referência são flores e lençóis parece estranha. Acho que vale a pena notar que ele usou as palavras erótico e amante. Junte isso ao fato da vítima encontrada hoje ser muito linda e tem que haver algo aí. A menção a pós-vida e renascimento também é estranha. Mas nós poderíamos pegar um milhão de caminhos se não tivermos mais informações.

      - Algo mais? – Ramirez perguntou com seu habitual sorriso escondido. Ele amava ver Avery trabalhando. Ela tentou ignorar aquilo para prosseguir.

      - O jeito que ele quebra as linhas... quase como estrofes fragmentadas e um poema. Quase todas as cartas que eu vi em outros casos estudados onde o assassino entrou em contato com a polícia estavam em blocos de texto.

      - Como isso pode ser uma pista? – Connelly perguntou.

      - Pode não ser – Avery disse. – Só estou jogando ideias aqui.

      Uma batida foi ouvida na porta. Connelly abriu e Finley entrou. Ele fechou a porta e a trancou. Depois, com cuidado, pôs um envelope na mesa. Não havia nada de excepcional nele. O endereço da estação fora escrito com a mesma letra cuidadosa da carta. Não havia endereço do remetente e um selo no canto esquerdo. O carimbo estava no lado esquerdo, em cima, tocando as bordas do envelope.

      - Veio do CEP 02199 – O’Malley disse. – Mas isso não diz nada. O assassino pode ter ido longe para enviar isso.

      - Verdade – Avery disse. – E esse cara parece ser muito esperto e determinado para nos dar uma pista pelo CEP. Ele deve ter pensado nisso. O CEP não vai nos levar a nada, eu posso garantir.

      - Então, por onde devemos continuar? – Finley perguntou.

      - Bom – Avery disse – esse cara parece ser preocupado com o frio, com gelo, na verdade. E não só porque foi lá que encontramos o corpo. Está pela carta toda. Ele parece ter uma fixação nisso. Então, eu imagino que... podemos fazer uma busca por algo que tenha a ver com gelo ou frio? Pistas de patinação, frigoríficos, laboratórios, qualquer coisa.

      - Você tem certeza que a localização não vai ajudar? – Connelly perguntou. – Se ele quer ser conhecido, talvez o CEP seja um chamamento.

      - Não, não tenho certeza. Não mesmo. Mas se nós encontrarmos algum negócio ou empresa que lide com gelo ou com frio na área desse CEP, eu começaria por ali.

      - Tudo bem – Finley disse. – Então precisamos checar as fitas de segurança ao redor dos locais dos correios ou caixas de correios?

      - Não – Connelly disse. – Vai levar uma vida inteira e não tem como nós sabermos exatamente quando essa carta foi enviada.

      - Precisamos de uma lista dessas empresas – Avery disse. – Vai ser o melhor jeito de começar. Alguém já tem algo em mente?

      Após muitos segundos de silêncio, Connelly suspirou.

      - Não me vem nada à mente – ele disse, - mas eu posso te entregar uma lista em meia hora. Finley, você pode mandar alguém fazer isso?

      - É para já – Finley disse.

      Quando ele saiu novamente da sala, Avery levantou uma sobrancelha na direção de Connelly.

      - Finley é um garoto de recados agora?

      - Não mesmo. Você não é a única perto de uma promoção. Estou tentando envolver ele em todos os aspectos de casos importantes. E como você sabe, ele acha que você é sobrenatural, então vou dar uma chance a ele nessa.

      - E por que estamos nos trancando na sala de conferências? – Ela perguntou.

      - Porque a imprensa está de olho nisso. Não quero dar brechas com portas destrancadas ou linhas de telefone grampeadas.

      - Parece paranoia – Ramirez disse.

      - Parece inteligente – Connelly respondeu, com maldade.

      Querendo prevenir uma discussão entre os dois, Avery puxou a carta para perto de si.

      - Você se importa se eu analisar melhor essa carta enquanto nós esperamos os resultados?

      - Por favor. Eu gostaria muito que alguém do A1 desvendasse isso antes que a mídia coloque tudo na TV e alguma criança nerd descubra antes de nós.

      - Precisamos colocar os peritos nisso. Deve ser feita análise da caligrafia. O envelope tem que ser investigado para encontrar qualquer evidência: digitais, poeira, qualquer coisa.

      - Eles já estão sabendo e a carta vai para as mãos deles assim que você terminar de analisar.

      - Vou fazer isso logo – ela disse. – Sei que você só estava brincando sobre uma criança nerd desvendar isso aqui, mas é uma preocupação legítima. E quando isso chegar nas redes sociais, não temos como prever que tipo de olhos e mentes estarão analisando isso aqui.

      Quando ela começou a olhar mais de perto para a carta, Finley voltou à sala.

      - Que rápido – O’Malley disse.

      - Pois é. Acontece que uma das mulheres do despacho tem um pai que trabalha perto do Prudential Center, que fica no CEP 02199, a propósito. Talvez seja só uma coincidência, mas nunca se sabe. De qualquer jeito, o marido dela trabalha em um laboratório tecnológico naquela direção. Ela diz que eles fazem experimentos loucos com mecânica quântica e coisas assim. Um tipo de braço da escola de tecnologia da Boston University.

      - Mecânica quântica? – O’Malley perguntou. – Isso não tem a ver com nosso procurado, tem?

      - Depende dos experimentos – Avery disse, instantaneamente interessada. – Não sei muito sobre o tema, mas sei que tem áreas da mecânica quântica que lidam com temperaturas extremas. Algo a ver com encontrar a durabilidade e pontos de origem central de diferentes tipos de coisas.

      - Como você sabe disso tudo? – Connelly perguntou.

      Ela encolheu os ombros.

      - Assisti muito Discovery Channel na faculdade. Gravei algumas coisas, acho.

      - Bom, vale a pena tentar

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