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CAPÍTULO VINTE E TRÊS

       CAPÍTULO VINTE E QUATRO

       CAPÍTULO VINTE E CINCO

       CAPÍTULO VINTE E SEIS

       CAPÍTULO VINTE E SETE

       CAPÍTULO VINTE E OITO

       CAPÍTULO VINTE E NOVE

       CAPÍTULO TRINTA

       CAPÍTULO TRINTA E UM

       CAPÍTULO TRINTA E DOIS

       CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

       CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

      PRÓLOGO

      Aos trinta e nove anos, Denice Napier não se lembrava de um inverno tão frio quanto aquele. Mesmo que não desse bola para o frio, era o vento congelante que a incomodava. Ela sentiu uma rajada passando pela margem do Rio Charles quando sentou na cadeira dobrável, vendo seus filhos patinando, e respirou fundo. Era metade de janeiro, e a temperatura não tinha passado de menos doze pela última semana e meia.

      Seus filhos, mais espertos do que ela admitia, sabiam que temperaturas tão drásticas significavam que a maior parte do Rio Charles estaria completamente congelada. Por isso ela havia ido até a garagem e pegado dois patins de gelo pela primeira vez no inverno. Ela os amarrou, afiou as lâminas e empacotou três garrafas térmicas de chocolate quente—uma para ela e uma para cada uma das crianças.

      Ela olhava para eles naquele momento, patinando de um lado a outro sem se preocupar e em uma velocidade que só crianças eram capazes. O lugar que haviam escolhido era reto, porém estreito, com árvores ao redor e a cerca de dois quilômetros e meio de casa. Uma completa lâmina de gelo. Havia cerca de seis metros entre uma margem e outra e depois um espaço maior de nove metros até chegar ao rio congelado. Desajeitada, Denice havia caminhado pelo gelo e utilizado pequenos cones alaranjados para delimitar o espaço das crianças.

      Ela olhava para eles—Sam, nove anos, e Stacy, doze—rindo juntos e realmente gostando da companhia um do outro. Aquilo não era algo que acontecia sempre, e por isso Denice estava disposta a enfrentar o frio mais vezes.

      Também havia algumas outras crianças no local. Denice conhecia algumas delas, mas não o suficiente para iniciar uma conversa com seus pais, que também estavam sentados por ali. A maioria das outras crianças no gelo eram mais velhas, provavelmente estavam na oitava ou nona série, pelo que Denice via. Havia três garotos fazendo um jogo muito desorganizado de hóquei e outra menina praticando uma manobra nos patins.

      Denice olhou seu relógio. Ela havia dado as crianças mais dez minutos antes de ir embora. Talvez eles se sentariam em frente à lareira e assistiriam algo na Netflix. Ou talvez até um daqueles filmes de super-heróis dos quais Sam estava começando a gostar.

      Seus pensamentos foram interrompidos por um grito penetrante. Ela olhou para o gelo e viu que Stacy havia caído. Ela estava gritando, com o rosto olhando em direção ao gelo.

      Todos os instintos maternos passaram por Denice naquele momento. Perna quebrada, tornozelo torcido, concussão...

      Ela pensara em cada cenário possível quando começou a andar pelo gelo. Deslizou e escorregou em direção a Stacy. Sam também patinou na direção da irmã e estava olhando para o gelo, também. No entanto, Sam não estava gritando. Ele parecia congelado, na verdade.

      - Stacy? – Denice perguntou, quase sem poder escutar a si mesma por conta dos gritos da filha. – Stacy, amor, o que aconteceu?

      - Mãe? – Sam disse. – O que... O que é isso?

      Confusa, Denice finalmente chegou até Stacy e se ajoelhou ao lado dela. Ela parecia estar ilesa. Parou de gritar assim que sua mãe chegou, mas estava tremendo. Também estava apontando para o gelo e tentando abrir a boca para dizer algo.

      - Stacy, o que foi?

      Então Denice viu a forma debaixo do gelo.

      Era uma mulher. Seu rosto era uma sombra pálida azul e seus olhos estavam arregalados. Ela olhava pelo gelo e tinha uma expressão congelada de terror. Cabelos loiros serpenteavam seu crânio, congelado em posição de desordem.

      O rosto que olhava para ela, com olhos abertos e pele pálida, o revisitaria em seus pesadelos durante meses.

      Mas naquele momento, tudo o que Denice pode fazer foi gritar.

      CAPÍTULO UM

      Avery não se lembrava da última vez em que havia ido as compras tão despreocupada. Ela não tinha certeza de quanto dinheiro gastara porque havia parado de prestar atenção nisso na segunda parada. Na verdade, ela quase não olhou para os recibos. Rose estava com ela e isso, na verdade, não tinha preço. Poderia ser que ela sentisse algo diferente quando as contas chegasse, mas naquele momento não valia a pena pensar nisso.

      Com evidências da extravagância nas sacolas de marca em seus pés, Avery olhou pela mesa para Rose. Elas estavam sentadas em algum lugar chique no Leather District de Boston, em um lugar que Rose havia escolhido e se chamava Caffe Nero. O café era muito caro, mas era o melhor que Avery tomara em muito tempo.

      Rose estava no telefone, mandando mensagem para alguém. Geralmente, isso irritaria Avery, mas ela estava aprendendo a aceitar as coisas. Se ela e Rose fossem um dia ter uma relação direita, teriam que entender e deixar passar algumas coisas. Ela tinha que lembrar a si mesma que havia uma diferença de vinte e dois anos entre as duas e que Rose estava se tornando mulher em um mundo diferente daquele em que ela fora criada.

      Quando Rose terminou de escrever, deixou o telefone na mesa e olhou Avery com um olhar que pedia perdão.

      - Desculpe – ela disse.

      - Não precisa – Avery respondeu. – Posso perguntar quem é?

      Rose pareceu pensar naquilo por um momento. Avery sabia que a filha também estava disposta a entender e deixar passar algumas coisas em prol do relacionamento delas. Ela ainda não havia decidido quanto de sua vida pessoal queria dividir com sua mãe.

      - Marcus – Rose disse, suavemente.

      - Ah, não sabia que vocês ainda estavam juntos.

      - Não estamos. Não mesmo. Bem... Não sei, talvez estamos.

      Avery sorriu, lembrando do tempo em que homens eram confusos e intrigantes ao mesmo tempo.

      - Bom, vocês estão namorando?

      - Acho que podemos dizer que sim – Rose disse. Ela não estava falando muito, mas Avery podia ver as bochechas de sua filha ficando vermelhas.

      - Ele te trata bem? – Avery perguntou.

      - Na maior parte do tempo. Nós queremos coisas diferentes. Ele não é um cara com muitos objetivos. Parece sem direção.

      - Bem, você sabe que eu não me importo de ouvir você falar sobre essas coisas – Avery disse. – Estou sempre disposta a escutar. Ou falar. Ou te ajudar com caras que estão te machucando. Com meu trabalho... você é praticamente a única amiga que eu tenho. – Ela lamentou internamente quão brega aquilo havia soado, mas já era tarde para voltar

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