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disse-lhe ela no olho da sua mente. Desejo apenas ser a tua parceira na batalha.

      O Solzor acalmou, ainda empinado, mas não tão selvaticamente, como que a ouvi-la. Em breve, parou de se mexer, completamente imóvel por baixo dela, rosnando para os outros, como que a protegê-la.

      Kyra sentada em cima do Solzor, agora calmo, olhava para baixo para os outros. Um mar de caras em choque olhava para eles, boquiabertos.

      Kyra sorriu lenta e amplamente, sentido uma grande sensação de triunfo.

      “Este”, disse ela, “é a minha escolha. E o seu nome é Andor.”

*

      Kyra, montada em Andor, desceu até ao centro do pátio de Argos, e todos os homens do seu pai, soldados endurecidos, pararam e observaram com espanto enquanto ela passava. Decididamente, eles nunca tinham visto nada igual.

      Kyra segurava a sua crina gentilmente, tentando pacificá-lo enquanto ele rosnava suavemente a todos aqueles homens, encarando-os, como se tivesse que se vingar por ter estado enjaulado. Kyra equilibrou-se, Baylor tinha posto sobre ele uma sela de couro nova, e tentou habituar-se a montar tão alto. Sentiu-se mais poderosa com esta fera por baixo dela do que alguma vez se sentira.

      Ao lado dela, Dierdre montava uma linda égua, uma que Baylor tinha escolhido para ela, e as duas continuaram pela neve até que a Kyra avistou o seu pai ao longe, em pé ao pé do portão, à espera dela. Ele estava com os seus homens, todos à espera de a verem, e eles, também, olharam para ela com medo e espanto, atordoados pelo facto de ela conseguir montar este animal. Ela via a admiração nos olhos deles, e isso encorajou-a para a viagem de tinha pela frente, Se o Theos não voltasse para ela, pelo menos ela tinha esta criatura magnífica por baixo dela.

      Kyra desmontou quando chegou ao pé do seu pai, guiando o Andor pela sua crina e vendo a preocupação a cintilar nos olhos do seu pai. Ela não sabia se era por causa da fera ou se era por causa da viagem que a esperava. O seu ar de preocupação tranquilizou-a, fê-la perceber que não era a única que receava o que estava pela frente, e que ele afinal se preocupava com ela. Por um breve momento, ele baixou a guarda e lançou-lhe um olhar que só ela poderia reconhecer: o amor de um pai. Ela podia dizer que ele lutou para que ela fosse nesta missão.

      Ela parou a alguns passos dele, de frente para ele, e tudo ficou em silêncio enquanto os homens se reuniram para assistir à troca.

      Ela sorriu-lhe.

      “Não te preocupes, Pai”, disse ela.”Tu criaste-me para ser forte.”

      Ele assentiu, fingindo estar tranquilizado – no entanto, ela conseguia ver que ele não estava. Ele ainda era, acima de tudo, um pai.

      Ele olhou para cima, procurando os céus.

      “Se pelo menos o teu dragão viesse para ti agora”, disse ele.”Conseguirias atravessar Escalon em apenas alguns minutos. Ou melhor – ele podia acompanhar-te na tua jornada e incinerar qualquer um que se atravessasse no teu caminho.”

      Kyra sorriu tristemente.

      “O Theos agora foi-se embora, Pai.”

      Ele olhou de volta para ela, com os olhos cheios de admiração.

      “Para sempre?”, perguntou ele, a pergunta de um lorde da guerra que conduz os seus homens para a batalha, precisando de saber mas com medo de perguntar.

      Kyra fechou os olhos e tentou sintonizar para obter uma resposta. Ela desejou que Theos lhe respondesse a ela.

      No entanto, chegou um silêncio entorpecido. Tal fez com que ela se questionasse sobre se alguma vez tinha tido alguma ligação com o Theos, para começar, ou se ela a tinha apenas imaginado.

      “Não sei, Pai”, respondeu ela honestamente.

      Ele assentiu, aceitando, o olhar de um homem que tinha aprendido a aceitar as coisas como elas eram e a confiar nele próprio.

      “Lembra-te do que eu – ” começou o seu pai.

      “KYRA!” um grito excitado atravessou os ares.

      Kyra voltou-se enquanto os homens se separavam, e o seu coração ficou deliciado ao ver Aidan a correr pelos portões da cidade, com Leo ao seu lado, saltando de um carro conduzido pelos homens do seu pai. Ele correu diretamente para ela, tropeçando na neve, o Leo, ainda mais rápido, bastante à frente dele, e já saltando para a frente para os braços de Kyra.

      Kyra riu-se quando o Leo a mandou ao chão, ficando no seu peito em quatro patas e lambendo-lhe a cara sem parar. Atrás dela, Andor rosnava, já a protegendo, e o Leo deu um pulo e confrontou-o, rosnando de volta. Eram duas criaturas sem medo, ambas suas protetoras, e Kyra sentiu-se honrada.

      Ela pulou para cima e pôs-se entre eles, segurando o Leo.

      “Está tudo bem, Leo” disse ela.”O Andor é meu amigo. E Andor”, disse ela voltando-se, “O Leo é meu amigo também.”

      O Leo recuou com relutância, enquanto Andor continuava a rosnar, embora de uma forma mais tranquila.

      “Kyra!”

      Kyra voltou-se enquanto Aidan corria para os seus braços. Ela baixou-se e abraçou-o com força enquanto as suas pequenas mãos agarravam as suas costas. Sabia tão bem abraçar o seu irmão mais novo, estando ela certa que nunca mais o veria. Ele era o pouco que restava de normalidade da agitação em que a sua vida se tinha tornado, a única coisa que não tinha mudado.

      “Ouvi dizer que estavas aqui”, disse ele com pressa, “e apanhei uma boleia para te ver. Estou tão contente por estares de volta.”

      Ela sorriu tristemente.

      Lamento que não seja por muito tempo, meu irmão, disse ela.

      Um sinal de preocupação atravessou o seu rosto.

      “Vais-te embora?”, perguntou ele, cabisbaixo.

      O pai dela interveio.

      “Ela está de partida para ver o tio dela”, explicou ele.”Deixa-a ir agora.”

      Kyra reparou que o seu pai tinha dito o tio dela e não o vosso tio, e questionou-se do porquê.”Então vou com ela!”, insistiu Aidan orgulhosamente.

      O pai dela abanou a cabeça.

      “Não deves”, respondeu ele.

      Kyra sorriu para baixo para o seu irmãozinho, tão bravo, como sempre.

      “O pai precisa de ti noutro sítio”, disse ela.

      “O campo de batalha?”, perguntou o Aidan, voltando-se para o pai com esperança.”Tu estás de partida para Esephus”, acrescentou ele à pressa.”Eu ouvi! Eu quero acompanhar-te!”

      Mas ele abanou a cabeça.

      Para ti é Volis”, respondeu ele.”Vais ficar lá, protegido pelos homens que eu deixo para trás. O campo de batalha não é um lugar para ti agora. Um dia.”

      Aidan ficou vermelho com a deceção.

      “Mas eu quero lutar, Pai!”, protestou.”Eu não preciso de ficar limitado num forte vazio com mulheres e crianças!”

      Os seus homens riram-se, mas o seu pai parecia sério.

      “A minha decisão está tomada”, respondeu ele secamente.

      Aidan franziu as sobrancelhas.

      “Se eu não me posso juntar a Kyra e não me posso juntar a ti”, disse, recusando-se a desistir, “então para que serve aprender sobre batalhas e sobre como usar armas? Para que é que servem todos os meus treinos?”

      “Deixa primeiro que te comecem a crescer pelos no peito, irmãozinho”, riu-se Braxton, chegando-se à frente, com Brandon ao seu lado.

      A risada surgiu no meio dos homens e o Aidan corou, claramente envergonhado em frente dos outros.

      Kyra, sentindo-se mal, ajoelhou-se perante ele e olhou para ele, colocando uma mão na sua bochecha.

      “Tu deves ser um guerreiro melhor do que todos eles”, reconfortou-o ela suavemente, para que só ele

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