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dizer que vão colocá-la em exibição no Capitólio do novo Império.”

      “Isso não foi o que eu ouvi.” Disse outro. “Ouvi dizer que eles vão pendurá-la pelas asas e torturá-la por todo o mal que ela fez aos nossos homens.”

      “Eu gostaria muito de estar lá para ver isso.”

      “Realmente precisamos entregá-la intacta?” Perguntou um soldado.

      “Ordens são ordens.”

      “Mas eu não vejo por que não possamos, pelo menos, mutilá-la um pouco. Afinal, ela realmente não precisa de ambos os olhos, não é?”

      O outro riu.

      “Bem, já que você diz, eu acho que não.” Ele respondeu. “Vá em frente. Divirta-se.”

      Um dos homens se aproximou e levantou uma lança bem alto.

      “Fique quieta, garota.” Disse o soldado.

      Mycoples recuou indefesa quando o soldado veio avançando na sua frente e preparou-se para perfurar o olho dela com sua longa lança.

      De repente, outra onda golpeou a proa; a água impactou com força nas pernas do soldado e ele caiu e saiu escorregando direto para o rosto de Mycoples com os olhos arregalados de terror. Em uma enorme explosão de esforço, Mycoples conseguiu levantar uma garra apenas o suficiente para permitir que o soldado escorregasse debaixo dela; assim que ele fez isso, Mycoples desceu sua garra sobre ele e prendeu-o pela garganta.

      O soldado gritou e seu sangue jorrou por todos os lugares, misturando-se com a água, enquanto ele morria embaixo de Mycoples. Ela sentiu alguma pequena satisfação.

      O outro soldado virou-se e correu, gritando por socorro. Dentro de instantes, uma dúzia de soldados do Império se aproximou, todos com longas lanças.

      “Matem a fera!” Gritou um deles.

      Todos eles se aproximaram para matá-la e Mycoples estava certa de que eles o fariam.

      Mycoples sentiu uma fúria súbita arder dentro ela, diferente de tudo o que ela já havia sentido. Ela fechou os olhos e orou a Deus para que ele lhe desse uma reserva final de força.

      Ela sentiu um grande calor aumentar lentamente dentro de sua barriga e subir por sua garganta. Ela levantou a boca e soltou um rugido. Para sua surpresa, ela lançou uma enorme quantidade de chamas.

      As chamas traspassaram a rede e apesar de não destruir a Akron, uma parede de fogo engolfou uma dúzia de homens que vinham por ela.

      Todos eles gritaram enquanto seus corpos pegavam fogo; a maioria desabou no convés e aqueles que não morreram instantaneamente correram e pularam no mar. Mycoples sorriu.

      Dezenas de soldados apareceram, eles estavam armados com clavas. Mycoples tentou convocar o fogo novamente.

      Mas dessa vez não funcionou. Deus havia respondido suas orações e tinha lhe concedido uma graça por única vez. Mas agora, não havia mais nada que ela pudesse fazer. Ela estava agradecida, pelo menos, pelo que ela tinha tido.

      Dezenas de soldados desceram sobre ela, golpeando-a com porretes, e lentamente, Mycoples sentiu-se afundando mais e mais e foi fechando os olhos. Ela enrolou-se e encolheu-se, resignada, se perguntando se o seu tempo nesse mundo havia chegado ao fim.

      Em pouco tempo, seu mundo ficou cheio de escuridão.

      CAPÍTULO SETE

      Romulus estava ao leme de seu navio enorme, cujo casco estava pintado de dourado e de preto. A bandeira do Império com o seu emblema, um leão com uma águia em sua boca, ondulava no mastro, agitando-se corajosamente ao vento. Romulus estava ali com as mãos nos quadris, sua estrutura muscular ainda mais robusta, parecia estar enraizada no deck, ele olhava para o movimento das ondas luminescentes do Ambrek. A costa do Anel começou a ficar visível, à distância.

      Finalmente.

      O coração de Romulus se encheu de emoção quando ele pôs os olhos no Anel pela primeira vez. Os homens que navegavam com ele no navio eram os melhores e haviam sido escolhidos a dedo, dezenas deles. Atrás dele navegavam milhares dos mais belos navios do Império. Era uma vasta armada, enchendo o mar, todos os seus navios hasteavam a bandeira do Império. Eles haviam navegado por uma longa rota, circulando o Anel, determinados a desembarcar no lado dos McCloud. Romulus planejava entrar no Anel sozinho, chegar incógnito até Andronicus, o seu antigo chefe, e assassiná-lo quando ele menos esperasse.

      Ele sorriu com esse pensamento. Andronicus não tinha ideia do poder ou astúcia de seu número dois no comando e ele estava prestes a descobrir isso da maneira mais dura. Ele nunca deveria ter subestimado Romulus.

      Ondas enormes rolavam ao seu lado e Romulus se deleitava com os salpicos frios no rosto. Em seu braço ele segurava o manto mágico que tinha obtido na floresta, Romulus sentia que o manto iria funcionar, ele iria fazer com que ele pudesse passar para o outro lado do Canyon. Ele sabia que quando pusesse o manto, ele ficaria invisível, seria capaz de penetrar o escudo e atravessar para o outro lado do Anel, sozinho. Sua missão exigiria cautela, astúcia e surpresa. Seus homens não poderiam segui-lo, é claro, mas ele não precisava de nenhum deles: uma vez que ele estivesse no Anel, ele iria encontrar os homens de Andronicus – os homens do Império – e convocá-los para apoiar sua causa. Ele iria dividi-los e criar o seu próprio exército, sua própria guerra civil. Afinal de contas, os soldados do Império amavam Romulus tanto quanto amavam Andronicus. Ele usaria os próprios homens de Andronicus contra ele.

      Então Romulus encontraria um MacGil, o levaria consigo de volta através do Canyon, tal como o manto exigia e se a lenda fosse verdade, o escudo seria destruído. Com o escudo desativado, ele convocaria todos os seus homens e toda a sua frota iria invadir o Anel como uma enxurrada e logo todos iriam esmagá-lo de uma vez por todas. Então, finalmente Romulus seria o único governante do universo.

      Ele respirou fundo. Ele quase podia saborear tudo isso agora. Ele havia lutado toda a sua vida por esse momento.

      Romulus olhou para o céu vermelho-sangue, para o segundo pôr-do-sol, uma enorme bola no horizonte, irradiando uma luz azul àquela hora do dia. Era a hora do dia em que Romulus orava aos seus deuses: o deus da terra; o deus do mar; o deus do céu; o deus do vento e, acima de tudo, o deus da guerra. Ele sabia que precisava apaziguar todos eles. Romulus estava preparado: ele tinha trazido muitos escravos para o sacrifício, sabendo que o seu sangue derramado iria proporcionar-lhe poder.

      As ondas quebravam ao redor do navio enquanto ele se aproximava da costa. Romulus não esperou que os outros baixassem as cordas, em vez disso, assim que a proa tocou a areia, ele pulou do casco, de uma altura de cerca de seis metros e caiu de pé, com água até a cintura. Ele nem sequer pestanejou.

      Romulus passeava pela costa como se ele fosse o seu dono, suas pegadas ficavam marcadas com força na areia. Seus homens vinham logo atrás dele, eles baixaram as cordas e todos começaram a deixar o navio, à medida que um barco após o outro desembarcava.

      Romulus supervisou toda a sua obra, ele sorria. O céu estava ficando escuro e ele tinha chegado à costa no momento perfeito para apresentar um sacrifício. Ele sabia que devia agradecer aos deuses por tudo.

      Ele se virou e encarou seus homens.

      “FAÇAM A FOGUEIRA!” Romulus ordenou.

      Seus homens correram para construir uma enorme fogueira, ela tinha quase cinco metros de altura; era uma enorme pilha de madeira esperando para ser acesa, ela se espalhava e dava forma a uma estrela de três pontas.

      Romulus fez um sinal com a cabeça e os seus homens arrastaram uma dúzia de escravos, todos amarrados uns aos outros. Eles foram amarrados aos postes de madeira da fogueira. Eles olhavam para tudo com os olhos arregalados de pânico, gritavam e se debatiam aterrorizados ao ver as tochas já prontas e perceber que eles estavam prestes a serem queimados vivos.

      “NÃO!” Gritou um deles. “Por favor! Eu imploro! Isso não. Qualquer coisa menos isso!”

      Romulus os ignorou. Em vez disso, ele virou as costas para todos, deu alguns passos para a frente, abriu os braços e esticou o pescoço

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