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      – Tens de ter mais cuidado com os homens – disse ele, olhando-a fixamente e acariciando-lhe os lábios com o polegar.

      – Não sinto que precise de ser precavida contigo. Confio em ti.

      – Não o faças.

      – Porque não? – perguntou Selene, com firmeza. – És o único homem que não teme o meu pai.

      Produziu-se uma longa pausa. Stefan inclinou a cabeça até apoiar a sua testa na de Selene.

      – Ainda estás a tempo de mudar de ideias – disse, acariciando-lhe o rosto com o seu fôlego.

      – Não penso mudar de ideias.

      – Talvez devesse cancelar a festa e organizar uma privada só para nós os dois – disse Stefan, com o olhar velado.

      Selene sentiu um aperto no estômago. Estava à beira de uma escarpa e devia decidir se saltava, mesmo correndo o risco de se afogar.

      – Se não for à festa, não poderei usar o vestido.

      – Poderias vesti-lo para mim – disse Stefan, com um sorriso provocador. – E eu tirar-to-ia.

      – Não te parece que seria um desperdício?

      – O vestido é só uma embalagem. Interessa-me mais o conteúdo – Stefan acariciou o pescoço de Selene com delicadeza. Naquele momento, o seu telemóvel tocou e, com um sorriso, disse: – Talvez seja melhor assim. Os convidados chegarão daqui a duas horas e, como a Cinderela, tens de te arranjar.

      – Quanto tempo achas que necessito? – perguntou Selene, surpreendida.

      – Pela minha experiência, as mulheres demoram anos a arranjar-se. Por isso, como uma boa fada-madrinha, pedi que viessem ajudar-te – o telefone continuava a tocar e Stefan tirou-o do bolso. – Desculpa, mas tenho de atender – disse e saiu.

      Selene ficou sozinha, no meio do quarto. Abraçando-se, olhou, trémula, para a cama. Era enorme e luxuosa. Do dossel pendiam cortinas de gaze que lhe davam um ar de conto de fadas. Tirou os sapatos e deitou-se, recostando-se nas almofadas. Era como estar numa nuvem. Nunca se tinha sentido tão livre como naquele instante. Ninguém a observava, ninguém lhe dizia o que devia fazer.

      Exultante de felicidade, levantou-se para explorar o quarto e descobriu uma casa de banho espetacular, com uma parede de vidro que permitia ver o mar da banheira.

      Decidida a satisfazer um capricho, tirou as suas velas e o sabonete da mala e tomou um banho.

      Não era ingénua ao ponto de não saber o que ia acontecer. De facto, andava há anos a fantasiar com Stefan e que fosse o seu primeiro homem era perfeito.

      «Em breve, vou aprender tudo o que devo saber sobre a sedução», disse a si mesma.

      Acabava de se enrolar numa toalha quando bateram à porta e duas mulheres carregadas com várias maletas entraram energicamente.

      – Olá, Selene, sou Dana, a tua cabeleireira. E esta é Helena, a maquilhadora – disse uma delas, enquanto fechava a porta.

      – Não tenho maquilhagem – disse Selene. O seu pai desprezava tudo o que tivesse a ver com vaidade. Só tinha acedido a pôr-lhe o aparelho porque o dentista lhe dissera que a longo prazo seria mais económico.

      – Fica descansada. Nós temos tudo o que é necessário – disse Dana, abrindo uma das maletas.

      – Podem fazer alguma coisa pelas minhas sardas e pelas minhas pestanas?

      – Estás a brincar? – disse Helena, observando-a de perto. – Tens umas pestanas compridas e densas...

      – Sim, mas tão claras que mal se veem. E sou muito sardenta.

      – Foi para isso que se inventou o rímel – disse Helena. – E não tens nada de sardenta.

      – Mas, primeiro, o cabelo – Dana colocou uma cadeira no meio do quarto. – Não deves olhar-te ao espelho até que acabemos. Eu não gosto de estragar o fator surpresa.

      Selene estremeceu ao ver uma madeixa de cabelo a cair ao chão.

      – Vais cortar-mo!

      – Não, só vou cortar as pontas e escadeá-lo. Stefan proibiu-me de to cortar porque diz que o adora.

      Selene ficou vermelha. Stefan gostava do seu cabelo!

      – Está muito saudável – acrescentou Dana, enquanto trabalhava com habilidade e se desviava de Helena, que começara a fazer-lhe a manicura.

      Depois de lhe secar o cabelo, Dana fez-lhe um penteado com o qual pareceu ficar muito satisfeita.

      – E, agora, a maquilhagem.

      – Apagar-me-á as sardas? – insistiu Selene.

      – Para quê? Dão-te um toque encantador – Helena passou-lhe os dedos pelo rosto. – Tens uma pele maravilhosa – comentou. E abriu vários frascos. – Que produto de limpeza usas?

      – O sabonete que faço eu mesma – disse Selene, tirando um da sua mala. – Experimenta-o. Também faço velas, mas Stefan não acredita que haja gente interessada.

      – Como vai sabê-lo se é um homem?

      Selene sorriu enquanto Helena cheirava o sabonete.

      – Cheira maravilhosamente. E a tua pele é a melhor publicidade – Helena guardou-o na mala. – Vou experimentá-lo – em seguida, virou-se para Selene e acrescentou: – Não vou maquilhar-te muito. Tens um ar fresco e natural que não quero estragar.

      Selene teve a sensação de que passavam horas e começou a impacientar-se. Até que, finalmente, Helena retrocedeu para a observar.

      – Meu Deus, que bem que faço o meu trabalho! Estás espetacular, mas, antes de te veres ao espelho, veste-te, assim o efeito será completo – com um sorriso, acrescentou: – Quase sinto pena de Stefan.

      Stefan circulava entre os seus convidados.

      – Vá lá, Stefan, quem é? – uma atriz de Hollywood com quem tinha namoriscado durante meses não escondeu a sua irritação ao saber que tinha uma convidada especial. – Espero que não seja Sonya.

      – Não.

      – Porquê tanto mistério? E porque continua no quarto em vez de vir?

      – Deve estar exausta – resmungou alguém próximo.

      Stefan limitou-se a sorrir, ao mesmo tempo que tirava um copo de champanhe que lhe oferecia um empregado.

      – É uma mulher discreta e tudo isto é novo para ela – disse, seguindo o seu hábito de se aproximar o máximo possível da verdade.

      Carys Bergen, uma modelo com quem tinha saído algum tempo, aproximou-se.

      – És perverso. Quem é a mulher que vai aparecer como um coelho que tirasses da cartola?

      Stefan foi à procura de Selene, deixando os seus convidados expetantes e pegando noutro copo de champanhe pelo caminho.

      Quando entrou e não a viu, franziu o sobrolho.

      – Selene?

      – Estou aqui.

      Ao virar-se, Stefan viu uma mulher vestida de escarlate que não tinha nada a ver com a jovem que deixara horas antes.

      – Esse vestido fez-se com o propósito de que um pobre homem queira arrancar-to – sussurrou, reparando nas curvas deliciosas da sua cintura e dos seus seios que o vestido abraçava como uma luva.

      Selene sorriu, encantada com a boa impressão que claramente lhe tinha causado.

      – Ninguém te descreveria como um «pobre homem». E sei que andas sempre acompanhado de mulheres com vestidos espetaculares. Portanto, o

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