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Agora que a decisão está tomada – disse ele com doçura, – a questão é até onde estás disposta a chegar na tua busca de independência.

      Selene, cuja imaginação estava ocupada com o que sentiria se aquelas mãos magníficas lhe percorressem o corpo, sentiu que o coração lhe disparava no peito.

      – Porque o perguntas?

      – Porque organizei uma festa esta noite e fiquei sem acompanhante. Queres celebrar o teu novo estatuto?

      Selene olhou-o nos olhos e viu que brilhavam com um resplendor perigoso que lhe tirou o fôlego.

      – Estás a convidar-me a ir contigo? – jamais tinha ido a uma festa por pura diversão, em que pudesse agir espontaneamente. Selene perguntou-se porque a convidava. – Se te dissesse que não, significaria que...?

      – O empréstimo está concedido. Não mudaria nada.

      Selene disse a si mesma que devia recusar-se, que teria tempo depois para celebrar. Humedeceu os lábios.

      – Que tipo de festa é?

      – De adultos. Não haverá gelados, nem presentes – disse ele, sorrindo.

      – Estás a convidar-me a ser a tua acompanhante?

      – Sim.

      Selene sentiu-se ainda mais entusiasmada do que quando Stefan tinha acedido a ajudá-la. Assistir a uma festa com ele, como a sua acompanhante?

      Devia dizer que não. Depois de conseguir a ajuda dele, o plano era voltar para Antaxos e persuadir a sua mãe a ir-se embora com ela antes que o seu pai voltasse. Não podia aceitá-lo, embora fosse o que mais desejava no mundo.

      Por outro lado, porque não o aceitar?

      Pela primeira vez na sua vida, era livre de tomar a decisão que quisesse. Por uma vez, o seu pai não podia ditar o que devia fazer ou pensar. Se queria ir a uma festa, nada a impedia. Não era esse o objetivo final de tudo aquilo? Viver a sua vida tal como queria?

      Sentindo-se liberta, comentou:

      – Não tenho o que vestir.

      – Isso não é nenhum problema.

      – Sempre tive a fantasia de ir a uma festa com um vestido vermelho e beber champanhe acompanhada de um homem bonito de smoking. Beberemos champanhe?

      Os lábios de Stefan curvaram-se num sorriso tão sensual que Selene pensou que deveria ser proibido.

      – Toda a noite – sussurrou.

      – E também...?

      Com um olhar de picardia nos olhos, Stefan aproximou a sua boca da dela.

      – Se vais perguntar-me o que acho, a resposta é que sim, garanto-te.

      – Como conseguiste estes vestidos com tanta rapidez? E como adivinhaste o meu tamanho? – perguntou Selene ao encontrar-se diante de um cabide com os vestidos mais bonitos que vira na sua vida. Tinha conseguido sossegar a parte da sua mente que lhe dizia que estava a cometer uma imprudência e queria desfrutar do momento.

      Maria tirou uma mala do embrulho de papel de seda.

      – As pessoas reagem rapidamente às ordens de Stefan. É muito importante – disse. – Que tal escolheres um?

      – Foi muito amável ao deixar que me ajudasses – disse Selene, mas, ao ver a cara que Maria fez, acrescentou: – Não te parece amável?

      Maria tirou uns sapatos de uma caixa.

      – Não é um adjetivo que alguma vez tenha usado para o descrever.

      – Como homem de negócios, é lógico que tenha de ser severo, mas foi muito amável comigo.

      Maria deixou os sapatos no chão, diante de Selene.

      – Ainda bem. Qual vais provar primeiro? Stefan está numa reunião, mas, assim que acabe, quererá que se vão embora.

      – O vermelho – disse Selene, sem hesitar. – É lindo – acrescentou, acariciando o corpete com lentejoulas escarlates. – Parece-te excessivo?

      – Não. É uma festa muito elegante – Maria olhou prolongadamente para ele e perguntou: – De certeza que não queres provar o azul?

      – Receias que o vermelho não seja do agrado de Stefan?

      – Pelo contrário, receio que goste demasiado – depois de uma breve hesitação, Maria acrescentou: – Selene, tens a certeza de que queres ir à festa?

      – Se quero ir? Estou desejosa! Não tens ideia de como a minha vida é aborrecida. No entanto, hoje vou usar um vestido lindo e beber champanhe com Stefan.

      – Desde que saibas que é só isso... – Maria pigarreou suavemente. – Stefan é o sonho de qualquer mulher, mas depressa pode converter-se num pesadelo. Não tem a mínima intenção de se comprometer. Sabes isso, não sabes? És uma rapariga encantadora e eu não gostaria que sofresses.

      Selene ficou paralisada. Ela sabia bem o que era sofrer e não se parecia em nada com o que sentia naquele momento.

      – Não te preocupes. Só vou divertir-me por uma vez na vida.

      – Porque não costumas ir a festas?

      – Tenho um pai muito controlador – Selene apercebeu-se de que dissera mais do que devia. Pegando no vestido, perguntou: – Onde posso prová-lo?

      – Aqui tens roupa interior – disse Maria, dando-lhe duas caixas. – Vai para o meu escritório e chama-me quando precisares de mim.

      Uma hora mais tarde, Selene era dona de um vestido de noite lindo, assim como de uma muda de roupa, para passar a noite numa villa exclusiva numa ilha grega. Pela frente tinha a noite mais empolgante da sua vida.

      E ainda teria tempo para voltar e convencer a sua mãe a ir-se embora com ela antes que o seu pai regressasse a Antaxos.

      – Não podes levá-la à festa. É imoral.

      Stefan levantou o olhar e descobriu Maria diante da sua secretária.

      – Lembras-te de que foste tu quem a deixou entrar? – perguntou ele, pousando alguns papéis.

      – Falo a sério, Stefan. Leva alguém mais do teu tipo.

      – Mas esta manhã disseste-me que devia mudar. Vê se te decides.

      – Não te disse para seduzir uma rapariga inocente.

      – É adulta e sabe o que faz – Stefan pegou numa caneta e continuou a ler documentos.

      – É uma idealista. Acha que és amável.

      – Eu sei – disse Stefan, sorrindo, enquanto assinava na última página. – Por uma vez, sou um bom homem. Trata-se de um papel novo para mim e não imaginas como me agrada.

      – Estás a brincar com ela como se fosse uma boneca – Maria apertou os lábios. – Manda-a para junto do seu pai.

      Stefan esforçou-se para que o seu rosto não refletisse as emoções que se agitavam no seu interior à mera menção daquele homem. Pousou devagar a caneta.

      – Sabes quem é o seu pai?

      – Não, embora tenha dito que é muito controlador.

      – É uma maneira de dizer que é um tirano. O seu pai, Maria, é Stavros Antaxos – Stefan viu que Maria empalidecia. – Sim – Stefan notou a tensão da sua voz e incomodou-o mostrar-se alterado apesar de praticar há duas décadas para controlar aquela reação.

      – Como pode um homem como aquele ter uma filha tão encantadora como Selene?

      Stefan perguntava-se o mesmo.

      – Deve sair à sua mãe.

      Maria

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