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      – Então, porque me olhas com essa cara de zangado? E eu que esperava que fosses tão mau como dizem... – disse ela, deitando-se na areia.

      Stefan soprou mais uma vez.

      – Devias agradecer que uma das minhas regras seja não ter relações com uma mulher bêbada! Endireita-te. Não posso falar contigo se estiveres deitada como se fosses uma estrela-do-mar!

      – Porque é que todos os homens me comparam a animais? O meu pai chamava-me girafa. Agora, tu chamas-me estrela-do-mar. No dia em que me chamarem baleia, suicido-me.

      Com um gemido de exasperação, Stefan inclinou-se e, agarrando-a pelos braços, obrigou-a a pôr-se de pé. Ela caiu contra o seu peito.

      – Isto não está a correr como pensava – disse Stefan, depois de um momento de silêncio em que só se pôde ouvir o marulhar das ondas e a respiração de ambos.

      – A quem o dizes... Com todas as coisas que pensava que podiam acontecer a uma rapariga com um vestido como este, afinal só recebi um beijo espetacular e um sermão.

      Stefan agarrou-a com força.

      – Deverias estar agradecida pelo controlo que estou a exercer sobre mim mesmo.

      – Pois, não estou. De facto, daria qualquer coisa para que te deixasses levar pelos teus instintos mais primários.

      Stefan resmungou algo entredentes e em seguida, agarrando-lhe o rosto com ambas as mãos, beijou-a. Ela sentiu uma corrente elétrica a percorrer-lhe o corpo, a penetrar os seus ossos e a deixá-la sem forças. Quando Stefan lhe abriu os lábios com a língua e explorou a sua boca, no seu baixo-ventre explodiu uma bola de fogo. Stefan continuou a beijá-la lentamente, até que Selene perdeu a noção de tudo, inclusive de si mesma.

      No preciso instante em que pensava que o seu sonho por fim se tornaria realidade, Stefan interrompeu o beijo e ela sentiu-se perdida. Olhou para Stefan na penumbra e foi plenamente consciente do contraste que havia entre eles. Ele era força e virilidade, enquanto ela, embora sendo alta, mal lhe chegava ao ombro. Sem pensar, estendeu a mão e acariciou-lhe a face, o que arrancou um suspiro profundo a Stefan.

      – Vou levar-te para o quarto – disse ele.

      – Sim. Leva-me para que possamos experimentar aquela cama gigantesca. Despe-me e faz-me coisas perversas – sussurrou ela, enquanto lhe acariciava os braços. – És muito forte.

      – O suficiente para impedir que faças alguma coisa da qual te arrependerás amanhã.

      – Vês? Supõe-se que és mau, mas és bom. Lamento dizê-lo, mas eu avisei-te. No fundo, és uma boa pessoa. Embora neste momento... – Selene conteve um bocejo. – Neste momento, desejaria que não fosses.

      – Cala-te, Selene. Para de dizer tudo o que pensas.

      – Passei toda a vida a calar o que penso – disse ela e conteve uma exclamação quando Stefan se inclinou e lhe pegou ao colo.

      Com expressão severa, Stefan levou-a por um caminho privado para a villa.

      Quando passaram junto da piscina, ela sussurrou:

      – Este sítio é tão romântico... – olhou para a superfície espelhante da água e pensou que era um lugar mágico. O muro que a rodeava estava coberto de plantas exóticas e ouvia-se o murmúrio de uma fonte. – Desde quando vives aqui?

      – Há muito tempo – resmungou ele, com aspereza. – Consegues andar ou levo-te ao colo?

      – Prefiro continuar nos teus braços – disse ela, agarrando-se com força ao seu pescoço. – Quero que me leves para a cama e que me ensines tudo sobre a sedução. Podemos considerá-lo pesquisa de mercado.

      – Como estás, amanhã não te lembrarás de nada.

      – Se preferires, tomarei notas. Prometo concentrar-me e aprender alguma coisa. Não terás de me repetir nada.

      – A primeira coisa que tens de aprender é que nunca deves beber demasiado. Da próxima vez que te oferecerem uma bebida, escolhe uma sem álcool – olhando-a com desaprovação, Stefan deixou-a no meio da cama e deu instruções em grego a uma mulher que entrou com eles.

      Selene virou-se de lado e murmurou:

      – Passas o tempo a dar ordens. Alguém te diz alguma vez que não?

      – Trabalham para mim. Pedi que te trouxessem um café.

      – Se beber café tão tarde, não conseguirei dormir. Também dás ordens na cama? – Selene endireitou-se e apoiou o queixo nos joelhos. – Tira a roupa... Deita-te assim... – acrescentou, imitando uma voz grave.

      – Cala-te – disse Stefan, com tom severo.

      Selene observou-o com aberta admiração.

      – Posso perguntar-te uma coisa?

      – Não.

      – Alguma vez estiveste apaixonado?

      – Selene, fecha essa boca linda e cala-te – disse Stefan. E, tirando o casaco, pendurou-o na cadeira mais próxima.

      – Deduzo que não – Selene deixou-se cair sobre as almofadas. A cabeça andava-lhe à roda. – Eu quero estar apaixonada, mas quero que ele também me ame. Nunca estaria com alguém que não me amasse.

      – Qual é o objetivo dessa conversa?

      – Que me conheças melhor.

      – Não preciso. Já sei tudo o que necessito.

      – Portanto, és um homem que não acredita no amor... Certamente, para ti é só um mito, como o minotauro ou a lenda da Atlântida.

      – Selene, para de falar – Stefan tirou o laço com impaciência. – Vai à casa de banho e toma um duche frio. De certeza que te ajudará.

      Selene deitou-se de barriga para baixo e apoiou o queixo nas mãos.

      – Sabes o que falta a este quarto? Velas perfumadas. Os estudos demonstram que um homem tem muito mais hipóteses de se deitar com uma mulher se tiver velas perfumadas.

      Stefan apertou os lábios.

      – Tu não sabes nada disso.

      – Estou a fazer o possível para aprender, mas tu não me ajudas – tentando ignorar o enjoo que sentia, Selene disse, insinuante: – Beija-me. E desta vez não pares.

      Stefan ficou paralisado e o seu olhar velou-se.

      – Estás a brincar com o fogo.

      – Preferia brincar contigo... – ao ver a cara de exasperação de Stefan, Selene riu-se. – Para um homem sofisticado com uma reputação terrível, és muito comedido.

      – É o que costuma acontecer-me quando uma mulher bêbeda me diz que quer amor – disse Stefan, desabotoando o primeiro botão da camisa sem desviar o olhar de Selene.

      – Não estou bêbada e não quero amor. Só quero sexo – disse Selene veementemente. – Sexo selvagem. Não te preocupes. A seguir, podes ir-te embora e não voltar a falar disso. Será o nosso segredo.

      A atmosfera transformou-se bruscamente. Por um instante, Selene pensou que Stefan ia sair do quarto, mas, em vez disso, ficou a olhá-la fixamente, como se estivesse a tomar uma decisão.

      Justamente quando Selene pensou que não ia fazer nada, ele caminhou para a cama com passo firme. Ela sentiu um aperto no estômago e o mais delicioso nervosismo.

      – Diz alguma coisa... – sussurrou, endireitando-se.

      – Já dissemos tudo o que era preciso – disse Stefan com voz grave, ao mesmo tempo que desabotoava a camisa com determinação.

      Surpreendida, Selene deslizou o olhar pelo seu peito, pelos seus braços, pelo seu ventre...

      – Eu... Eu...

      –

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