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A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way
Читать онлайн.Название A meio da noite - Segura nos seus braços
Год выпуска 0
isbn 9788413752679
Автор произведения Margaret Way
Жанр Языкознание
Серия Omnibus Bianca
Издательство Bookwire
Se pelo menos…
Não, não ia desejar que estivesse ali.
Não precisava de nenhum homem para capturar uma aranha. E muito menos daquele homem.
Esqueceu a maçaneta ao suspirar e passou os dedos pelo cabelo.
«Consigo fazê-lo», pensou no silêncio. «Tenho de o fazer. Mais ninguém vai fazê-lo por mim».
Virou-se para encarar a porta da casa de banho e imaginou-se vestida com um dos seus fatos de trabalho e não de robe, com o cabelo apanhado como habitualmente à altura da nuca, sem cair sobre os ombros e a cara. Era tudo uma questão mental. Com determinação, podia fazer-se qualquer coisa.
Tinham-na enviado para um daqueles estúpidos seminários de treino quando trabalhava para a Fenton & Barrett. Fingira que prestava atenção, porém, na verdade estivera a pensar em como ia abrir a sua própria empresa de Consultadoria Empresarial. Depois, tornaria os seus sonhos realidade e, certamente, podia empregar o mesmo truque naquele momento.
No seminário, tinham falado de visualização. Concentrou-se e, na sua mente, a criatura da casa de banho transformou-se numa frágil borboleta de cores brilhantes.
Qualquer pessoa podia apanhar uma borboleta, ou não?
Abriu a porta de repente e aproximou-se da banheira. O fundo estava coberto de vidro partido, porém, a criatura que procurava estava a meio caminho da parte lateral da banheira.
– Borboleta – murmurou, enquanto estendia a mão e fechava os dedos sobre ela. A distância da beira da banheira até à janela de repente aumentou até adquirir a extensão de um campo de futebol. Tentou caminhar devagar, mas depois de um passo e meio, começou a correr. – Borboleta! – gritou, quando as patas começaram a torcer-se na sua mão. – Aranha, aranha, aranha, aranha! – gritou ao abrir a janela com a mão livre e atirar a coisa horrível. Depois, tremeu e esfregou a palma da mão no robe várias vezes.
Disse para si que naquele momento, sim, precisava do banho que planeara tomar. Contudo, antes de poder fazê-lo, tinha de tirar todos os fragmentos de vidro da banheira. Não havia ninguém para apanhar as aranhas nem ninguém que tirasse um caco que pudesse esquecer-se, de modo que era aconselhável que fizesse um bom trabalho.
Tinha a cabeça dentro do armário sob o lava-loiça na cozinha quando a campainha tocou. O sol acabava de se pôr e ainda havia luz suficiente para não ter de acender os candeeiros, mas estava suficientemente escuro para não conseguir encontrar a pá e a escova.
A campainha tocou outra vez e bateu com a cabeça na parte superior do armário. Não tinha uma campainha que pudesse ignorar, pois era uma daquelas insistentes que tinha um ruído tão estridente como uma velha campainha de bicicleta.
A única coisa que quisera naquele sábado à noite, depois de passar o dia todo no escritório, fora perder-se num denso banho de espuma e ler quatro capítulos do seu livro. Disse para si que não era pedir muito.
Esfregou a cabeça no ponto onde lhe doía e, silenciosamente, dirigiu-se para a porta, que abriu sem se importar com o facto de ainda estar de robe.
Ia soltar um seco: «Sim. O que deseja?». No entanto, as palavras morreram nos seus lábios. Apoiado contra a parede, com um brilho divertido nos olhos e uma covinha em cada face, encontrava-se o homem mais desesperante que tivera a desgraça de conhecer.
Sabia que ficara boquiaberta, mas não parecia capaz de fechar a boca. Ele sorriu e as covinhas acentuaram-se.
– Olá, Adele!
– Nick!
Nos últimos minutos, o sol descera ainda mais pelo horizonte suburbano e o brilho projectado pela luz do alpendre fazia com que, em contraste, ele parecesse quente e dourado.
Parecia tão… real. Não como o Nick com quem gritara mentalmente nos últimos nove meses. Na sua mente, imaginara-o mais baixo, mais juvenil e muito menos atraente. Pôde sentir a química familiar crepitar no seu cérebro.
Olhou para ela nos olhos e ela sentiu que perdia mais alguns neurónios.
Nick arqueou o sobrolho.
– O próprio.
Adele abanou a cabeça, sem saber por onde começar. O que fazia ali? Há quanto tempo estava no país? E, o que era mais importante, o que fazia à frente da sua porta, como se nunca tivesse acontecido nada?
– Posso entrar?
Teve vontade de lhe fechar a porta na cara, de lhe dizer que podia desaparecer e que, se fosse realmente imprescindível, entrasse em contacto com ela através do seu advogado, mas descobriu que estava a assentir. Sempre conseguira fazer com que fizesse o que ele queria. E, apesar das suas boas intenções, de forma estranha era ela quem acabava sempre magoada ou a ter de ordenar o caos.
Fora uma má ideia deixar que Nick Hughes entrasse na sua vida.
E fora uma ideia ainda pior casar-se com ele.
Adele caminhou pelo corredor seguida por ele. Assim que chegaram à cozinha, virou-se para olhar para ele.
– O que queres, Nick?
Era o momento por que ele esperara, o momento que vivera mentalmente tantas vezes que já perdera a conta. E, nos seus sonhos, nunca se sentira nervoso.
Adele virou-se para olhar para ele e Nick tentou não se encolher. Temera aquela possibilidade. Esperara, depois de tanto tempo encontrá-la mais propensa a falar. Era evidente que se enganara. O tempo não causara nenhum impacto no processo de cura.
Dizer-lhe sem rodeios o que fazia ali não ia funcionar, teria de ir devagar. Portanto, conteve a súplica que queria escapar dos seus lábios e, em vez disso, sorriu.
– Bela maneira de receberes o teu marido.
Adele semicerrou os olhos.
Ele respirou fundo. Tinha de fazer alguma coisa antes que o pusesse na rua. Tinha de, pelo menos, permanecer no mesmo edifício que ela até que o ouvisse.
– O que achas de uma chávena de chá?
Ela continuou a olhar para ele, com as pupilas a contraírem-se até ficarem do tamanho de uma cabeça de alfinete. Reconheceu que aquela frase não era o seu melhor esforço, mas tinha o cérebro em greve depois do que lhe parecera uma semana num avião, e uma chávena de chá oferecer-lhe-ia mais quinze minutos até conseguir convencer Adele.
– Fiz uma viagem realmente longa – acrescentou.
Ela ficou tão quieta, dura e fria como o granito das bancadas da cozinha. E precisamente quando achava que se tinha solidificado e que permaneceria dessa forma para sempre, abanou a cabeça e foi buscar uma chaleira. Vigiou-a bem. Quando Adele estava com aquele humor, a probabilidade de pôr a chaleira ao lume era tão grande como a de a atirar contra ele.
Encheu-a de água de costas para ele enquanto repetia a sua pergunta anterior:
– O que queres, Nick?
Ele esperou que se virasse.
– Precisamos de conversar.
Ela abanou a cabeça.
– Não. Precisávamos de conversar há meses. Agora é demasiado tarde.
– Tenho um assunto importante que preciso de discutir contigo.
– Pois!
Nick encolheu-se.
– O que significa esse «pois»?
– Tu não sabes o que é importante, não é verdade, Nick? Ou responsável, ou confiável, ou algo que possa requerer o mínimo de seriedade.
Adele estava à ofensiva. Todas as suas boas intenções caíram e recorreu à única forma de defesa que funcionava. Sorriu levemente.
– Faz parte do meu encanto.
Ela