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família rica. Vou pedir à condessa para celebrar algumas festas na sua villa. Ela conhece a flor e nata da zona.

      A condessa era a sua vizinha mais próxima no lago de Como, uma viúva de cinquenta e tal anos que fora boa amiga do pai e dele. No entanto, naturalmente, não lhe pediria para fazer nada até Bella se ir embora.

      – E o amor? – perguntou Alex. – Não podes casar-te com alguém por quem não estejas loucamente apaixonado.

      – Por favor, Alex – interveio Jeremy. – Estar loucamente apaixonado é o pior motivo para o casamento. Garanto-te que sei. O meu pai, a minha mãe e os meus irmãos estão sempre a apaixonar-se loucamente e nunca dura. O Sergio está no bom caminho. Casa-te com alguma preciosidade que te adore, que só queira ser mãe e esposa, e serás feliz. Sempre suspeitei que eras um potencial marido.

      – Porquê?

      – Pela forma como me censuravas quando… me divertia um pouco – respondeu Jeremy.

      – Continuas a divertir-te muito – observou Alex.

      – É verdade. Custa renunciar a uma atividade tão divertida e para a qual, a risco de parecer arrogante, tenho um talento especial. Ambos me criticaram porque não me importava de partir corações, mas posso dizer sinceramente que nenhuma das minhas ex-namoradas tem má opinião de mim. Quando acabo com elas, faço-o sempre com delicadeza e com muita empatia pelos seus sentimentos.

      – Que bonito! – exclamou Alex. – O que fazemos com este diabo, Sergio? Damos-lhe a medalha de ouro do amante do ano?

      – É possível. O seu recorde indica que tem jeito para esse assunto. Como o fazes, Jeremy? Quero dizer, imagina que conheces uma rapariga de que gostas muitíssimo, mas que ela não gosta de ti, o que fazes para a levar para a cama? Qual é a tua melhor artimanha e a mais sedutora? Naturalmente, é um caso hipotético – indicou Sergio. – É possível que nunca te tenha acontecido.

      – A verdade é que não me lembro.

      – Mas o que farias se te acontecesse? – insistiu Sergio.

      Jeremy bebeu o café enquanto pensava.

      – A partir de hoje – interveio Alex –, só terá de mostrar o saldo da sua conta bancária à rapariga.

      Jeremy revirou os olhos.

      – Que parvoíce. Nunca tive de recorrer a medidas tão rasteiras para conseguir a rapariga que queria.

      – Isso dito por um homem que nasceu com tudo o que podia querer – replicou Alex.

      – Rapazes… Portem-se bem! – repreendeu-os Sergio. – Estou a tentar fazer uma investigação séria. Quero saber o que o Jeremy faria para atrair o interesse dessa rapariga. E tu também, Alex. Certamente, também terás encontrado alguma jovem que não caiu rendida aos teus pés. Quero saber o que fariam nesses casos.

      – Acho que tentaria enrolá-la primeiro – explicou Jeremy. – Diria como é fantástica. Não falaria da sua beleza. As mulheres belas são bastante céticas com os elogios sobre a beleza. É melhor concentrarmo-nos nas suas outras virtudes. Se isso não desse resultado, passaria à psicologia inversa. Sabes o que dizem, quanto pior as tratas, mais gostam.

      – Não estou de acordo com nenhuma dessas táticas – replicou Alex.

      – O que farias, Don Juan? – perguntou Jeremy.

      – Primeiro, descobriria tudo o que pudesse sobre ela. As suas origens, os seus amigos, o que gosta de fazer, o que gosta… Depois, levá-la-ia a algum lugar que adore, um lugar muito especial e exclusivo. Os melhores lugares para um concerto, por exemplo. Depois, se isso não desse resultado, dir-lhe-ia como a admiro e como a desejo e que, se não sair comigo, irei para a Tailândia e me tornarei monge.

      Sergio riu-se e Jeremy limitou-se a mostrar a sua incredulidade.

      – Isso alguma vez deu resultado? – perguntou Jeremy.

      – Não sei. Nunca tentei, nunca tive de chegar tão longe. Lamento muito, Sergio, mas as raparigas caem rendidas aos meus pés sem ter de me esforçar muito.

      Sergio conseguia imaginar. Embora os três fossem bonitos, Alex era ainda mais. Era muito alto e muito atraente, era loiro e tinha os olhos azuis e um corpo modelado até à perfeição no ginásio.

      – Não te custará conseguir a rapariga que quiseres – continuou Alex, dirigindo-se a Sergio –, mas não te precipites com o casamento. Já que esperaste tanto, dá uma oportunidade ao amor.

      – Não tinha percebido que eras tão romântico.

      Sergio sentiu vontade de acabar o jantar e de voltar a ligar a Bella.

      – Eu também não – comentou Jeremy. – Receio que o Clube dos Solteiros possa perder dois dos seus sócios dentro de pouco, não só um.

      – Não serei eu – replicou Alex. – Não tenciono assentar a curto prazo, se é que alguma vez o farei. Estou muito ocupado. Tenho de acabar um centro turístico com campo do golfe. Já sabem qual.

      – Não sei…

      – O que compraste ao dono quando foi à falência? – perguntou Jeremy.

      – Esse. Foi uma bagatela, mas é um projeto descomunal que me ocupa muito tempo. Além disso, tenho alguns negócios a oeste de Sidney. Com os juros tão baixos, o mercado imobiliário está a disparar nessa zona. A verdade é que, se não tivesse encontrado a secretária pessoal perfeita, que faz tudo menos atar-me os cordões dos sapatos, nem teria tido tempo para ter relações sexuais.

      – Hum… – murmurou Jeremy. – Essa secretária pessoal perfeita é atraente?

      – A verdade é que é muito atraente. Gosto de estar rodeado de pessoas atraentes, mas não sou assim tão néscio, querido amigo. A Harry está noiva e muito apaixonada. Além disso, nunca misturo o prazer com o trabalho.

      – Uma regra muito sensata – interveio Sergio. – Suponho que o seu verdadeiro nome seja Harriet.

      Sergio sabia a afeição que Alex tinha pelas alcunhas. Por exemplo, tentara chamar Jerry a Jeremy quando se tinham conhecido, até Jeremy o impedir.

      – E tu, Jeremy? – continuou Sergio. – Há alguém especial na tua vida neste momento?

      – Não posso dizer que a haja. Saio com raparigas, claro, mas não há ninguém especial. Garanto-vos que serei sócio do Clube dos Solteiros até morrer. Certamente, tal como estão as coisas, serei o único.

      – Não tens de te casar – comentou Alex. – Podes viver com alguém e até ter um bebé.

      – Não gosto de bebés – indicou Jeremy, imediatamente. – Também não quero viver com alguém. Gosto de viver sozinho, gosto de ser egoísta.

      – Não és egoísta. És um homem carinhoso e generoso e um ótimo amigo.

      Sergio nunca vira Jeremy tão corado.

      – E tu, meu amigo, és o melhor enganador do mundo – replicou Jeremy. – Conseguirias vender gelo aos esquimós. Ganharás mais milhões antes de morreres.

      – Espero que sim – reconheceu Alex. – Tenho de dar casas a muitas pessoas pobres e educar os seus filhos.

      – Tu e as tuas organizações de beneficência. – Jeremy soprou. – Suponho que, depois de hoje, me peças mais doações.

      – Podes ter a certeza e a ti também, Sergio. Vou mandar-vos uma mensagem de correio eletrónico com as quantias. Não sei quanto a vocês, mas eu estou cansado. Foi um dia muito comprido e, ainda por cima, amanhã, espera-me um voo de vinte e três horas até Sidney. Vamos pedir a conta. Sergio, como ganhaste a melhor parte, podes pagar.

      – Será um prazer.

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