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fora para a cama com mais mulheres do que em anos. Todas tinham sido aventuras de uma noite e todas tinham sido bonitas, loiras, com os olhos azuis e com corpos lindos.

      No entanto, essa vida não o convencera e encontrara Cynthia, uma divorciada atraente que era muito boa na cama e que não se importava que não a amasse. A pouco e pouco, Bella foi ficando relegada para um canto da sua mente.

      No entanto, quando Alex lhe contara que Bella acabara com o francês, não pudera negar que sentira uma certa satisfação. Embora não gostasse tanto de descobrir que começara a sair com um oligarca russo que ganhara milhares de milhões com o petróleo e o gás e investira a sua fortuna numa cadeia de hotéis de luxo. O russo, outra vez segundo Alex, tinha uma reputação terrível de conquistador com predileção pelas loiras famosas. Abanara a cabeça com abatimento ao descobrir. Não era a primeira vez que Bella saía com um homem de reputação duvidosa. Para além do ator francês, saíra com uma estrela do rock com problemas com as drogas e com um jogador de polo argentino que mudava de namorada como de cavalo. Nenhuma daquelas relações durara muito, mas a imprensa cor-de-rosa esfregara as mãos durante essas aventuras… e depois. Questionavam-se quando Bella encontraria o verdadeiro amor.

      Olhou fixamente para o telemóvel e odiou-se por se preocupar com ela, desprezou-se por querer voltar a ouvir a sua voz. No entanto, porque não ligara outra vez? Parecera-lhe que estava realmente nervosa. Além disso, porque desligara a chamada tão bruscamente? O seu último amante entrara no quarto e encontrara-a ao telefone com outro homem? Estariam a maltratá-la?

      Bella, embora tivesse sucesso na sua profissão, escolhia muito mal os homens e só ela tinha a culpa.

      Praguejou por causa daqueles pensamentos. Já não era responsabilidade dele. Não era desde o divórcio dos pais e não devia preocupar-se com ela! No entanto, por algum motivo perverso, preocupava-se. Talvez tivesse sido por isso que lhe dera o seu número de telemóvel privado e lhe dissera para lhe ligar se alguma vez precisasse dele quando aparecera, com aspeto tenso e cansado, no funeral do pai.

      Não a reconhecera ao princípio. Usava um chapéu preto enorme, peruca morena e óculos escuros. Quando lhe dissera quem era, também não reagira como teria esperado, com um arrebatamento de desejo exagerado. Além disso, quando lhe dera as condolências e se desculpara pela forma como a mãe dela tratara o pai dele, só sentira tristeza. Ao lembrar-se, a única explicação que conseguia encontrar era que a dor por causa da morte do pai lhe alterara as hormonas ao ponto de nem sequer a presença de Bella o excitar. Mais ainda, recordava que quisera continuar a falar com ela, mas que alguém se aproximara para falar com ele e que Bella se despedira apressadamente, antes de desaparecer.

      Nunca contara a Jeremy e a Alex que aquela morena misteriosa era Bella. Naquela época, a depressão apoderara-se dele depois do funeral. Quando finalmente saíra do poço, arrependera-se de ter dado o número a Bella, porque esse gesto a pusera outra vez na sua mente.

      Custara-lhe voltar a abandoná-la e que fosse apenas uma lembrança, mas de vez em quando, como naquela noite, fugia da masmorra mental onde a fechara e transformava-se num suplício.

      Na verdade, era penoso. Desesperado, guardou o telemóvel no bolso das calças e dirigiu-se para a porta, disposto a não pensar mais naquela mulher infernal. No entanto, pensou noutra coisa ao fechar a porta.

      Podia estar grávida!

      Se Bella engravidara por acaso, algo muito improvável, não precisaria que a ajudasse. Tinha dinheiro de sobra para contratar amas ou o que precisasse. Certamente, não pediria a um homem, e muito menos a ele, para a transformar numa mulher honrada. Isso era uma fantasia e, embora tivesse tido muitas fantasias com Bella ao longo dos anos, o casamento nunca fora uma delas.

      As mulheres como Bella não eram feitas para o casamento, mas para que as admirassem e desejassem. Eram feitas para irem para a cama, não para o altar. Quanto aos filhos… era evidente que Bella nunca sentira a vontade de se reproduzir. Fora criada por uma mulher com uma ambição obsessiva que só queria que a filha fosse rica e famosa. Achava que Dolores se casara com o seu pai para que pagasse os estudos da filha. Seduzira um viúvo italiano sozinho e vulnerável e caçara-o para que se casasse com ela através de uma suposta gravidez que desaparecera como por arte de magia assim que tivera o anel no dedo. Não podia provar que não estivera grávida, mas sempre suspeitara e, quando pedira o divórcio no momento em que a profissão de Bella descolara, as suas suspeitas tinham-se confirmado. Embora não contasse ao pai. O pobre homem ficara devastado porque realmente amara Dolores e Bella.

      Não culpava Bella pelo que acontecera. Sabia que as mães que se ocupavam da carreira artística dos filhos tinham filhos com problemas e Bella, evidentemente, tinha problemas. Se não, porque saíra com uma série de homens que tinham uma fama duvidosa e que nunca a fariam feliz? Parecia-lhe que Bella vivia num reality show permanente e que permitia que uns homens que só a queriam como um troféu, não como uma pessoa, a passeassem à frente dos fotógrafos.

      No entanto, quem era ele para a julgar? Também não era para ele. Não fora desde a noite da festa do seu décimo sexto aniversário, a noite em que se tornara o alvo de desejo, um desejo tão forte que nada o sufocava. Pensava que a amava? Era cómico.

      O telemóvel tocou e o coração parou. Tirou-o do bolso e nem sequer se incomodou em ver o nome.

      – Sim? – perguntou.

      – Sou o Alex. Desculpa, mas estamos presos no trânsito e vamos atrasar-nos um pouco.

      – Bolas, Alex! – exclamou Sergio. – Se comprei um apartamento em Canary Wharf foi porque era perto de tudo.

      E porque a torre onde era o seu apartamento de luxo tinha uma piscina climatizada, um ginásio fantástico e um restaurante luxuoso.

      – Sim, mas é quinta-feira à noite, sabes. Além disso, o Jeremy demorou imenso tempo a mudar de roupa. São apenas quinze minutos. Senta-te à mesa e pede uma bebida. Parece-me que precisas de uma.

      – É possível que tenhas razão – reconheceu Sergio.

      – Passa-se alguma coisa?

      – Não. Estou um pouco cansado.

      – Foi um dia fantástico – replicou Alex. – És um negociador incrível. Agora, relaxa com um uísque. Estamos a chegar.

      Capítulo 2

      Bella demorou mais de cinco minutos a parar de tremer. Embora tivesse desligado a chamada, ainda tinha o coração acelerado e a boca seca. Nunca tivera um ataque de pânico assim, mas sabia tudo sobre eles. Conhecia uma colega que sofria ataques de pânico antes das estreias. Sabia quais eram os sintomas, mas nunca tivera um.

      Era verdade que estivera um pouco nervosa antes de ligar a Sergio, mas isso era natural. Ainda tinha remorsos pela forma como a mãe tratara o pai dele. Se fosse sincera consigo própria, achava que não tinha o direito de lhe pedir ajuda depois do que a mãe fizera. Se alguém tinha a culpa do ataque de pânico, era a mãe!

      Não sabia como a mãe tratara o pai de Sergio até ao ano anterior. Uma noite, enquanto dava conselhos à filha sobre os homens e o casamento, Dolores reconhecera que fingira uma gravidez para caçar o empresário italiano, que nunca o amara realmente e que só quisera garantir o dinheiro de que precisava para transformar a filha numa estrela. A declaração que fizera de que pedira o divórcio porque o marido já não a amava fora uma mentira.

      Ficara tão espantada com a confissão da mãe que se sentira obrigada a procurar o homem a que chamara «papá» e a desculpar-se. Fora difícil encontrá-lo porque não se dizia nada sobre ele na Internet, mas acabara por conseguir, graças a um detetive privado, e descobrira que Alberto estava internado, à beira da morte, num hospital de Milão. O remorso fizera com que deixasse tudo e apanhasse um voo para Milão para lhe dizer que sempre o recordaria com muito carinho e que lhe agradecia por tudo o que fizera por ela.

      No entanto, já morrera quando chegara ao hospital. Fora por isso que fora ao funeral, disfarçada, claro. Não quisera causar nenhum problema

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