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Em várias das fotos, ele estava sem camisa, exibindo seu abdominal malhado. Parecia muito orgulhoso de si. Uma coisa era certa —definitivamente, não era um garoto do ensino médio. Ele parecia ter mais de vinte anos.

      Era ele que tinha acesso ao bar?

      Ashley também havia tirado várias fotos eróticas de si mesma. Em algumas, exibia sua calcinha. Em outras, estava nua, exceto por um fio-dental, frequentemente, tocando a si mesma de maneira sugestiva. As fotos nunca mostravam seu rosto, mas eram definitivamente Ashley. Keri reconheceu o quarto. Em uma foto, ela podia ver a estante de livros, com o velho livro de matemática escondendo sua habilitação falsa. Em outra, podia ver o bicho de pelúcia de Ashley ao fundo, descansando no travesseiro com sua cabeça virada, como se não suportasse assistir. Keri sentiu vontade de vomitar, mas se segurou.

      Ela voltou ao menu principal do celular e tocou nas Mensagens para ver os textos da garota. As fotos eróticas do Álbum haviam sido, uma a uma, enviadas de Ashley para alguém chamado Walker, aparentemente, o cara do abdômen sarado. As mensagens que acompanhavam as fotos deixavam pouco para a imaginação. Apesar da conexão especial de Mia Penn com sua filha, parecia que Stafford Penn entendia Ashley muito melhor que a mãe.

      Havia também uma mensagem para Walker enviada há quatro dias, que dizia, Dei o fora em Denton oficialmente hoje. Esperando um pouco de drama. Te aviso qualquer coisa.

      Keri desligou o celular e se sentou ali, no escuro da barraca, pensando. Ela fechou os olhos e deixou a mente divagar para longe. Uma cena começou a se formar na sua cabeça, tão real que parecia estar acontecendo naquele momento.

      Era uma bela manhã ensolarada de setembro, com o céu azul sem fim da Califórnia. Elas estavam no parquinho, ela e Evie. Stephen voltaria naquela tarde de uma escalada em Joshua Tree. Evie usava uma camiseta violeta, shorts brancos, meias brancas com lacinho e tênis.

      O sorriso dela era largo. Seus olhos eram verdes. Seu cabelo era loiro e ondulado, puxados em dois rabos de cavalo, um em cada lado. Seu dente superior da frente estava lascado; era um dente permanente, não de leite, e precisaria ser consertado em algum momento. Mas toda vez que Keri falava sobre isso, Evie entrava num estado de pânico total, então, não havia acontecido ainda.

      Keri estava sentada na grama, descalça, com papeis espalhados ao seu redor. Estava se preparando para sua palestra na Conferência de Criminologia da Califórnia. Ela tinha até acertado com um palestrante convidado, um detetive da LAPD chamado Raymond Sands, que havia consultado em alguns casos.

      "Mamãe, vamos tomar um frozen yogurt!"

      Keri conferiu seu relógio.

      Ela havia quase terminado e havia uma Menchie’s no caminho de casa. "Dê-me cinco minutos".

      "Isso significa um sim?"

      Ela sorriu.

      "Significa um grande, grande, sim".

      "Posso colocar confeitos ou apenas frutas de cobertura?"

      "Deixe-me ver... o que as fadas iam preferir?"

      "O quê?"

      "Confeitos de fada! Entendeu?"

      "É claro que entendo, mamãe, eu não sou bebê!"

      "É claro que não é. Minhas desculpas. Só me dê cinco minutos".

      Ela voltou sua atenção para o discurso. Após um minuto, alguém passou caminhando por ela, cobrindo a página com sua sombra. Aborrecida pela distração, ela tentou se concentrar novamente.

      De repente, o silêncio foi quebrado por um grito horripilante. Keri levantou os olhos, atônita. Um homem num moletom esportivo e boné de beisebol estava fugindo rápido. Ela pôde apenas ver suas costas, mas percebeu que ele segurava algo em seus braços.

      Keri ficou de pé, procurando desesperadamente por Evie. Ela não estava em lugar nenhum. Keri começou a correr atrás dele, mesmo antes de ter certeza. Um segundo depois, a cabeça de Evie surgiu da frente do homem. Ela parecia aterrorizada.

      "Mamãe!" ela gritou. "Mamãe!"

      Keri correu atrás dela, desatando numa corrida. O homem tinha uma grande vantagem. Quando Keri chegou à metade do gramado, ele já estava no estacionamento.

      "Evie! Solte-a! Pare! Alguém pare aquele homem! Ele está com minha filha!"

      As pessoas olhavam ao redor, mas pareciam confusas. Ninguém ajudou. E ela não viu ninguém no estacionamento para detê-lo. Ela olhou para onde ele estava indo. Havia uma van branca no ponto mais afastado do estacionamento, estacionada paralelamente ao meio-fio, para facilitar a saída. Ele estava a menos de 15 metros do veículo quando ela ouviu a voz de Evie novamente.

      "Por favor, mamãe, me ajude!" ela implorou.

      "Estou indo, bebê!"

      Keri correu ainda mais, sua visão embaçada pelas lágrimas queimando seus olhos, esforçando-se além da fadiga e do medo.

      Ela chegou ao outro lado do estacionamento. O asfalto estava quebradiço e feria seus pés descalços enquanto ela corria, mas ela não se importava.

      "Aquele homem está com minha filha!" ela gritou novamente, apontando na direção deles.

      Um adolescente de camiseta e sua namorada saíram de seu carro, apenas a algumas vagas da van. O homem passou correndo por eles. Eles pareceram aturdidos até que Keri gritou novamente.

      "Pare-o!"

      O adolescente começou a caminhar na direção do homem, e então desatou a correr. Nesse momento, o raptor havia alcançado a van. Ele deslizou a porta, abrindo-a, e jogou Evie para dentro, como um saco de batatas. Keri ouviu o baque surdo quando corpo dela bateu contra a parede.

      Ele fechou a porta com força e começou a contornar o veículo para o lado do motorista, quando o adolescente o alcançou e agarrou seu ombro. O homem virou e Keri conseguiu vê-lo melhor. Ele estava usando óculos de sol e um boné bem enterrado na cabeça, e era difícil de ver pelas lágrimas. Mas ela pôde distinguir um pouco de cabelo loiro e o que parecia parte de uma tatuagem no lado direito do seu pescoço.

      Mas antes que ela pudesse discernir qualquer coisa, o homem levou o braço às costas e deu um soco no rosto do adolescente, que caiu amassando a lataria de um carro próximo. Keri ouviu o som nauseante de algo se quebrando. Então, o homem puxou uma faca de um estojo preso no cinto e mergulhou-a no peito do adolescente. Ele a retirou e esperou um segundo para ver o garoto cair no chão antes de entrar apressadamente no banco do motorista.

      Keri forçou-se a afastar as cenas que havia acabado de presenciar para longe de sua mente e focou apenas em alcançar aquela van. Ela ouviu o motor dar partida, e viu a van começar a se mover. Estava a menos de seis metros de distância.

      Mas o veículo estava ganhando velocidade agora. Keri continuou correndo, mas podia sentir seu corpo começar a desistir. Ela olhou para a placa, pronta a memorizá-la. Não havia nenhuma.

      Procurou as chaves do seu carro, e então percebeu que estavam em sua bolsa, lá no parquinho. Ela correu de volta para onde estava o adolescente, esperando pegar as dele e alcançar aquele carro. Mas, quando chegou, viu sua namorada ajoelhada sobre ele, soluçando incontrolavelmente.

      Ela levantou os olhos novamente. A van estava muito distante agora, deixando um rastro de poeira. Ela não tinha placa, nenhuma descrição possível, nada para oferecer à polícia. Sua filha havia ido embora e ela não sabia como tê-la de volta.

      Keri caiu no chão ao lado da adolescente e começou a chorar também, os gemidos desesperados das duas impossíveis de diferenciar.

      Quando ela abriu os olhos, estava de volta à casa de Denton. Ela não se lembrava de sair da barraca ou de caminhar pela grama morta. Mas tinha, de alguma forma, chegado na cozinha de River. Era a segunda vez que isso acontecia naquele dia.

      Estava ficando pior.

      Keri voltou para a sala de estar, olhou nos olhos de Denton e disse: "Onde está Ashley?"

      "Eu

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