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- respondeu Carlo à filha.

      Gaia via os seus pais a rir e a reparar-se com entendimento e pensou numa piada.

      - Parem de zombar connosco. O que têm esta manhã?

      - Ninguém está a vos zombar. A tia Ida ofereceu-se para hospedar-vos em casa dela - revelou finalmente Carlo aos seus filhos que o olhavam fixamente incrédulos.

      - Isto é um pesadelo, eu volto a dormir! - dise Gaia chateada.

      - Imagina que acreditava que terias ficado feliz - disse o pai à filha.

      - Feliz? Eu já estou em contacto com os meus amigos, durante todo o inverno que espero de ir para colónia!

      - Gaia, também no campo em casa da tia farás novas amizades - tentou encorajá-la Giulia.

      - Mas por quê? Eu ali sinto-me bem. Tenho já o ar livre e os mergulhos no lago, não me serve outra coisa.

      - Para ti não, mas Elio precisa de mudar de ar - acrescentou Carlo.

      - Já sabia - explodiu Gaia - que era para Elio! Então mandem apenas ele no campo da tia.

      - Não pretendemos que vá sozinho - insistiu Giulia.

      - Eu não sou por acaso a sua babysitter!

      - Mas és a irmã mais velha, e tu não dizes nada, Elio? - perguntou Carlo.

      Elio não abriu a boca, limitou-se apenas ergueu os ombros.

      Isto deixou encolerizado Gaia:

      - Não dizes nada? Tanto para ti é igual, diga a mamã e o papá: não farás nada também no campo.

      Elio acenou um sim com a cabeça para dar-lhe razão.

      - Basta Gaia, não faças desta maneira! Já a decisão está tomada. Ha-de vir vos buscar o vosso primo Libero - concluiu o discurso Carlo.

      Gaia saiu correndo desiludida e zangada.

      - Vai passar - disse Giulia conhecendo a atitude positiva da filha no que diz respeito à vida.

      Elio, sorrateiramente, retirou-se para o seu aposento.

      Carlo ficou boquiaberto, todavia estava convencido que a decisão tomada fosse a melhor de alguns anos a esta parte.

      Assim chegou a sexta-feira, Carlo foi buscar o sobrinho na estação ferroviária: foi uma grande alegria voltar a abraçá-lo.

      Libero era um rapagão alegre, de modos simples e certamente não convencionais. Alto e magro, mas não franzino, tinha umas grandes mãos habituadas ao trabalho na fazena e o rosto obscurecido pelo sol. Os olhos verdes distinguiam-se no seu rosto, os cabelos eram castanhos, curtos, penteados com a risca lateral na moda no período após-guerra. Abraçou com força o tio e não cessou de falar até a casa.

       Carlo reparava-o maravilhado, recordava o período em que tinha ficado mal e era apático e facilmente irritável. Claro, Libero não era um génio, mas a vida simples que levava o deixava feliz e Carlo quisera ver tão sereno também o filho Elio. Entretanto Libero estava com o nariz achatado na janelinha do automóvel do tio e fazia perguntas sobre tudo aquilo que via.

      Em casa todos esperavam a sua chegada.

      Giulia estava nervosa no momento em que terminava de preparar as malas, agora tinha chegado o momento e questionava-se de como iriam decorrer as coisas, o seu instinto de mulher dotada de um forte sentimento de mãe ganhar a dianteira.

      Gaia, pelo contrário, já tinha absorvido o golpe, não lhe largava e estava no seu encalce fazendo mil perguntas sobre o que poderia ver e fazer nas proximidades da fazenda.

      Não iam para lá desde quando eram muitos novos e estavam ainda os avós, quase não tinham mais a memória do lugar, senão alguma vaga recordação dos campos ou o cheiro das árvores onde brincavam jogando às escondidas.

      Depois da morte do marido, a tia tinha tido dificuldades para reorganizar-se e tinha resolvido transferir-se para a antiga fazenda dos pais, jà abandonada, com os filhos.

      Gaia ouviu o rumor da chave que girava na fechadura da porta e correu para acolher o primo que a carregou como tinha feito com o seu pai e a fez girar como quem está no carrossel. Gaia sorriu, não esperava este tipo de demonstração de afecto.

      - Olá Libero, como estás? - perguntou com todo o coração ao primo que não via há bastante tempo.

      -Bem, menina - respondeu Libero

      No entanto, chegou Giulia e foi a única com a qual Libero comportou-se como cavalheiro, beijando-a apressadamente nas bochechas.

      - Como decorreu a viagem? - procurou atenciosamente saber dele Giulia.

      - Bem, a vaca de aço é certamente confortável e veloz para viajar e a cidade está cheia de coisas curiosas. Estou feliz de cá estar!

       - Acomoda-se, com certeza estás cansado. Posso oferecer-te um gelado? - perguntou ainda Giulia.

      - Sim, obrigado tia, eu adoro os gelados - aceitou com todo o gosto Libero - mas onde é que se meteu Elio?

      - Elio está no seu quarto, estará ele a chegar - disse Carlo chateado com o filho que não se dignava em passar para saudar o primo que tinha feito aquela viagem apenas para vir buscá-lo e dirigiu-se para o seu quarto.

      - Não, não tio - o pediu para deixar estar Libero - vou eu, quero fazer-lhe uma surpresa. Mostra-me apenas onde fica o seu quarto.

      Assim que Carlo lho indicou, Libero lançou-se para o quarto onde ouviram-se os seus gritos de felicidade enquanto o saudava.

      Nem sequer Elio, não obstante a sua frieza, conseguiu escapar ao abraço envolvente.

      Gaia olhou surpresa a mãe e lhe sussurrou: não o imaginava assim pateta!

      - Não digas isso - prontificou-se em repreendê-la Giulia - é um extraordinário rapaz e é também muito bom.

      - Sim, mas… tem a certeza que conseguirá levar-nos ao destino? - perguntou perplexa Gaia.

      - Claro que sim! - a tranquilizou Carlo - Não o subestime, juntamente com a mãe toma conta da fazenda. É forte e formidável.

      Chegou a hora do jantar e foi muito elegre, com todas as cores trazidas do campo pelo Libero, naturalmente para todos excepto Elio.

      - Não vejo a hora de mostrar-vos tudo - concluiu Libero, no fim da descrição da fazenda, dirigindo-se aos primos.

      - Tens certeza que não queres ficar alguns dias antes de partir? - procurou saber Giulia.

      - Não posso deixar a mamã sozinha neste período, há muito trabalho por fazer.

       - Tens razão Libero, és na verdade um excelente rapaz - elogiou Carlo dando-lhe uma palmadinha nas costas.

      - Sabes tio, questionava-me sobre uma coisa no carro, antes de chegar na cidade pensava que a buzina nos automóveis servisse apenas em caso de perigo…

      - Claro - respondeu Carlo - por quê?

      - Porque parece que aqui a usam todos para fazer festa, não cessam por acaso de tocá-la!

      Todos, excepto Elio, rebentaram de tanto rir questionando-se no fundo dos seus corações se Libero estivesse a zombar ou se era realmente assim…

      Terceiro Capítulo

      Apercebendo-se do seu terror, começou a rir

      Na manhã seguinte a fazer cair da cama a Giulia foi Libero, tropeçando no tapete do corredor. É assim, ele e a tia, encontravam-se a tomar o pequeno-almoço antes que todos os outros acordassem. quando o cheiro do café inundou o quarto de Carlo juntou-se ele também e, junto da esposa, pôs-se a contar aquilo que estava a suceder a Elio.

      - Nao fiquem assustado - lhes tranquilizou o rapaz - esta experiência fora de casa será benéfico para ele e depois a mamã já preparou um

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